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A importância da saúde mental para os acompanhantes na Casa de Apoio Vera Lúcia

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O acompanhante de um paciente que necessita de atenção constante enfrenta desafios que podem levar ao esgotamento físico e emocional. Muitas vezes, a dedicação integral ao cuidado faz com que o próprio cuidador se esqueça de que também precisa de suporte. Nesse contexto, é crucial refletir sobre a importância do autocuidado dos acompanhantes, que necessitam de apoio emocional tanto quanto os próprios pacientes. A sobrecarga de responsabilidades pode causar impactos significativos na saúde mental e física de quem cuida. Ansiedade, estresse e depressão são comuns entre aqueles que assumem a tarefa de acompanhar de perto o tratamento de um ente querido. Por isso, é essencial que o cuidador busque equilíbrio, reservando tempo para si mesmo e suas necessidades pessoais.

Além disso, a falta de apoio agrava ainda mais o desgaste, gerando um ciclo de sobrecarga. Segundo Leonardo Boff (2014), a espiritualidade pode servir como uma fonte de força, ajudando a enfrentar desafios e a manter a esperança. Cuidar do espírito significa valorizar a própria vida e encontrar sentido em algo que ofereça esperança diante das adversidades diárias.

Elisabeth Kübler-Ross (1998) aponta que o impacto emocional sobre os cuidadores se intensifica em momentos inesperados, como quando um ente querido adoece. Isso pode gerar sentimentos de ressentimento e frustração, pois o cuidado demanda tempo e altera a dinâmica familiar, muitas vezes gerando conflitos internos. Nesses momentos, a necessidade de apoio se torna urgente.

A Casa de Apoio Vera Lúcia Pagani, por exemplo, desempenha um papel fundamental em tempos de crise, proporcionando acolhimento, hospedagem, alimentação e apoio aos acompanhantes de pacientes hospitalizados ou em tratamento oncológico. Para muitos, essa é uma alternativa essencial, especialmente para aqueles que enfrentam barreiras financeiras e não têm acesso ao tratamento perto de casa. As casas de apoio oferecem um ambiente acolhedor e seguro tanto para os pacientes quanto para seus acompanhantes.

O suporte oferecido por essas instituições é vital para aliviar o sofrimento dos cuidadores, que muitas vezes precisam de apoio emocional e psicológico. É importante que esse acolhimento seja realizado por profissionais qualificados, como psicólogos, que possam oferecer a escuta e o tratamento necessários. No

entanto, há uma falta de compreensão sobre a importância do apoio psicológico em muitos contextos sociais, o que pode agravar o sofrimento daqueles que cuidam.

Há um fator importante, onde a presença de um profissional da saúde mental faria toda a diferença, sendo esse o risco de falecimento do paciente que o acompanhante está cuidando. Se a culpa já é imensa diante dessa possibilidade, imagine como se torna insuportável se a tragédia realmente ocorrer. Segundo Kübler-Ross (1998), em algumas situações, o cuidador pode até desejar que isso aconteça, seja devido ao estresse acumulado ao longo da vida ou por outras razões. Quando isso se concretiza, a culpa pode consumi-lo, levando a um estado de adoecimento emocional, especialmente por não ter a quem compartilhar essa dor.

O estresse enfrentado durante o processo de cuidado é um fator crítico que impacta a saúde mental dos acompanhantes. Esse estresse pode se manifestar por meio de frustrações, sobrecarga de tarefas e dificuldades financeiras. De acordo com Salleh (2008), reconhecer as causas do estresse e falar sobre elas é crucial. Muitas vezes, o cuidador sente culpa pela condição do ente querido e internaliza esses sentimentos, o que pode levar a um agravamento do estado emocional. A presença de um psicólogo pode ser decisiva, oferecendo suporte especializado e aliviando o peso desse fardo emocional.

Portanto, os acompanhantes de pacientes que necessitam de cuidados constantes enfrentam um desafio que vai muito além da responsabilidade de cuidar. A questão emocional influencia diretamente em sua saúde mental, sendo importante identificar os sintomas, ter com quem compartilhar e cuidar do que envolve seu bem-estar. Instituições como a Casa de Apoio Vera Lúcia têm um papel que faz toda a diferença nesse caso, oferecendo um espaço de acolhimento, tendo que priorizar, para além disso, a presença de um profissional da psicologia. Ao valorizar o bem-estar dos acompanhantes, não apenas aliviamos seu sofrimento, mas também garantimos um ambiente mais saudável e positivo para todos os envolvidos, contribuindo para a qualidade de vida tanto dos pacientes quanto de seus cuidadores.

Referências:

Boff, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra-20. ed. Petrópolis: Vozes; 2014.

Klüber, Elisabeth. Sobre a morte e o morrer – o que os pacientes terminais tem para ensinar a médicos, enfermeiros, religiosos e aos seus próprios parentes. Editora Martins Fonte; 1998.

Mohd. Razali Salleh. Life Event, Stress and Illness, 2008. Disponível em

<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3341916/>

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