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A relevância da atenção à saúde mental dos atendentes terapêuticos

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Cuidar de quem cuida é crucial para que crianças e adolescentes neurodivergentes possam ter qualidade de vida atrelada à manutenção de sua integridade física e intelectual. Tal afirmação fez parte do discurso da psicóloga Danielle Sousa durante o lançamento do Programa Antiestigma, do Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba, em abril de 2023.

A fala da profissional vem ao encontro de que cuidadores de pessoas neurodivergentes também precisam de atenção e cuidados voltados para a manutenção da saúde física e mental. Tais cuidadores são representados não somente pelos pais ou outras pessoas com laços familiares, mas também por acompanhantes ou assistentes terapêuticos que atuam nos mais diversos espaços, de maneira profissional, a fim de fornecer o suporte necessário para o bem- estar de indivíduos neurodivergentes.
Pesquisas recentes mencionam que cerca de 15 a 20% da população mundial seja neurodivergente. No Brasil, de acordo com o IBGE, esse número é de aproximadamente 8,9% da população, totalizando aproximadamente 18 milhões de pessoas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ainda ressalta que pode haver subnotificação, visto que apenas uma pequena parcela da população tem acesso aos serviços necessários para a comprovação da situação.

E qual a relação desses dados com o tema deste artigo em questão? Com o aumento do número de pessoas comprovadamente neurodivergentes, sobretudo crianças e adolescentes, cresce também a demanda por profissionais. Assim, surgem alguns questionamentos: quem cuida da saúde mental dos acompanhantes ou assistentes terapêuticos? Qual é a rede de apoio profissional que esses profissionais possuem? Quais são os mecanismos ou estratégias para redução e manejo de estresse que tais profissionais possuem ou recebem para executar sua função?

Entendemos também que uma parcela desses indivíduos que necessitam de cuidado terapêutico, por vezes, demandam do profissional o auxílio para locomoção e outras tarefas que exigem esforço físico, como ir ao banheiro, por exemplo, o que acarreta o desgaste físico e dores diárias nesses profissionais. Tais afirmações, somadas aos questionamentos feitos anteriormente, impactam negativamente a qualidade de vida dos assistentes ou acompanhantes terapêuticos, levando-os ao adoecimento mental.

Por saúde mental, a Organização Mundial da Saúde (OMS) entende ser um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade. A saúde mental implica muito mais que a ausência de doenças mentais. Desse modo, o adoecimento mental seria caracterizado pela perda, redução ou inexistência das habilidades acima mencionadas. E, de acordo com a Organização das Nações Unidas, até os países mais desenvolvidos são descuidados com a saúde mental, pois priorizam a saúde física em detrimento dessa.
Desse modo, percebe-se a urgência na ampliação das políticas de saúde mental que proponham atenção interdisciplinar e intersetorial, que relacionem o conceito de saúde mental

aos conceitos de cidadania e promoção da vida, onde a preocupação com a saúde mental seja também de importância, relevância e compreensão psicossocial. Tal percepção possibilitaria a ampliação do olhar sobre a saúde mental de cuidadores e na elaboração de estratégias e mecanismos de manejo, além de minimizar os danos para tais profissionais. Dessa forma, isso proporcionaria a esse público alvo também mais qualidade de vida e melhores condições de executar suas funções, pois cuidar de quem cuida é a melhor maneira de proporcionar qualidade de vida para aqueles que precisam do cuidado.

REFERÊNCIAS
JUSTIÇA DO TRABALHO. Cuidado psicológico com os cuidadores e acessibilidade para autistas são abordados durante evento no TRT-13 https://www.trt13.jus.br/informe- se/noticias/cuidado-psicologico-com-os-cuidadores-e-acessibilidade-para-autistas-sao- abordados-durante-evento-no-trt-13 acessado em 19/09/2024

LABNETWORK. Neurodiversidade: Olhando o potencial das diferenças como estratégia https://www.labnetwork.com.br/noticias/neurodiversidade-olhando-o-potencial-das- diferencas-como- estrategia/#:~:text=Estima%2Dse%20que%20de%2015,%2C9%25%20do%20total). acessado em 21/09/2024

SCIELO.Qualidade de vida de cuidadores de crianças com transtorno do espectro autista: revisão da literatura https://www.scielo.br/j/icse/a/TKCKCngHq7mH8qs5K7SGbts/ acessado em 21/09/2024

PEPSIC. O Acompanhamento Terapêutico (AT): dispositivo de atenção psicossocial em saúde mental https://www.scielo.br/j/icse/a/TKCKCngHq7mH8qs5K7SGbts/ acessado em 26/09/2024

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