Em um mundo cada vez mais competitivo, a comunicação agressiva tem se tornado uma prática comum nas interações profissionais e pessoais. No contexto brasileiro, onde a competitividade é frequentemente exaltada, esse estilo de comunicação pode ter impactos profundos tanto nas relações interpessoais quanto no ambiente de trabalho.
A comunicação agressiva, caracterizada por uma abordagem desrespeitosa e confrontadora, reflete uma preocupação excessiva com o próprio sucesso e a vitória sobre os outros. No Brasil, um país marcado por uma cultura de competitividade intensa, essa forma de comunicação se manifesta de várias maneiras. Em ambientes corporativos, por exemplo, a pressão para se destacar pode levar a comportamentos que desrespeitam colegas e promovem um clima de hostilidade.
De acordo com o estudo de “Competitividade e Comunicação no Mercado de Trabalho” realizado por Silveira e Santos (2022), a agressividade na comunicação é frequentemente uma resposta à alta competição no mercado de trabalho brasileiro. Em muitos casos, isso resulta em um ambiente de trabalho tóxico, onde a colaboração é prejudicada e a produtividade pode ser comprometida. A pesquisa destaca que a busca incessante por resultados e reconhecimento muitas vezes leva a comportamentos que visam desestabilizar os concorrentes, em vez de promover um ambiente saudável de cooperação.
Além disso, a cultura brasileira, que valoriza a “malandragem” e o “jeitinho”, pode exacerbar esses comportamentos. De acordo com o sociólogo José de Souza Silva (2021), essa valorização cultural pode contribuir para uma percepção de que a comunicação agressiva é uma ferramenta legítima para se destacar e alcançar sucesso. O problema é que essa visão pode criar um ciclo vicioso de negatividade, onde a agressividade se torna uma norma e a cooperação, uma exceção.
No entanto, é possível romper com esse ciclo e promover uma comunicação mais construtiva. Empresas como a TOTVS e a Embraer têm adotado estratégias que priorizam a empatia e a colaboração, reconhecendo que um ambiente de trabalho positivo pode levar a melhores resultados e maior inovação. Essas empresas demonstram que a competitividade não precisa estar necessariamente ligada à agressividade. Em vez disso, um foco na construção de relações saudáveis e no respeito mútuo pode ser igualmente eficaz para alcançar objetivos e promover um ambiente mais produtivo e harmonioso.
Portanto, é crucial que tanto indivíduos quanto organizações brasileiras repensem suas abordagens em relação à comunicação e competitividade. A adoção de práticas mais respeitosas e colaborativas pode não apenas melhorar o clima organizacional, mas também contribuir para um ambiente mais saudável e produtivo. Em um cenário em que a competitividade é inevitável, a comunicação agressiva não deve ser a norma, mas sim a exceção a ser superada em favor de uma cultura de respeito e cooperação.
REFERÊNCIAS
SILVEIRA, A. P., & SANTOS, L. R. (2022). Competitividade e Comunicação no Mercado de Trabalho. Editora Brasileira.
SILVA, J. de S. (2021). Cultura e Comportamento no Brasil: Entre o Jeitinho e a Competitividade. Editora Sociológica.