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Infância Plugada: os perigos das telas para as novas gerações

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O uso excessivo de telas — celulares, tablets, computadores e televisores — já não é apenas uma preocupação de especialistas: é uma realidade que impacta diretamente o desenvolvimento infantil e a saúde mental das crianças. O livro A Fábrica de Cretinos Digitais, de Michel Desmurget (Editora Vestígio, 2020) traz uma análise profunda sobre como a tecnologia, quando usada de forma descontrolada, pode comprometer habilidades cognitivas, sociais e emocionais das novas gerações.

Mais tempo na tela, menos tempo para crescer

Segundo Desmurget, “quanto mais tempo as crianças passam diante de telas, menos tempo dedicam a atividades essenciais para o desenvolvimento do cérebro, como leitura, brincadeiras criativas e interação social” (p. 52). Estudos recentes reforçam essa preocupação: a exposição excessiva às telas está associada a déficits de atenção, maior risco de ansiedade, distúrbios do sono e dificuldades escolares.

O autor alerta que, além dos efeitos cognitivos, o uso exagerado das telas afeta a saúde emocional. Crianças imersas em conteúdos digitais muitas vezes apresentam sintomas de irritabilidade, isolamento social e dificuldades na construção de vínculos afetivos. “A experiência digital, embora atraente, não substitui o contato humano e a exploração do mundo real, fundamentais para a aprendizagem e para o bem-estar emocional” (p. 117).

O papel dos pais e educadores

Desmurget propõe reflexões importantes para pais, educadores e profissionais de saúde. Entre suas recomendações, destaca-se o incentivo a atividades offline, como esportes, leitura e jogos criativos, que estimulam habilidades cognitivas e socioemocionais. Também alerta para a necessidade de limitar o tempo diário de tela e promover momentos de convivência familiar sem dispositivos eletrônicos, permitindo que a criança desenvolva autonomia, criatividade e empatia.

“Proteger a infância das telas não é apenas restringir o acesso, mas ensinar como se relacionar de forma saudável com a tecnologia” (p. 203).
Nesse sentido, o papel dos adultos é fundamental para orientar hábitos digitais equilibrados, monitorando o tempo e incentivando experiências diversificadas.

Dados alarmantes e urgência de ação

O livro apresenta dados preocupantes: crianças de diferentes países passam, em média, mais de três horas por dia em frente a dispositivos digitais. Essa realidade reforça a urgência de políticas públicas e práticas educativas que priorizem o desenvolvimento integral da criança e promovam um uso consciente da tecnologia.

Um guia prático para a vida real

Mais do que alertar para os riscos, A Fábrica de Cretinos Digitais oferece orientações práticas para o cotidiano. Com base em evidências científicas, Desmurget traduz conceitos complexos em ações concretas que pais, professores e psicólogos podem aplicar, ajudando crianças a equilibrar a relação com a tecnologia sem abrir mão de sua saúde emocional e cognitiva.

O livro é leitura indispensável para quem se preocupa com o futuro das crianças e quer garantir que a infância seja vivida plenamente, com criatividade, interação social e bem-estar psicológico.

 

Referência
DESMURGET, Michel. A Fábrica de Cretinos Digitais: os perigos das telas para nossas crianças. Porto Alegre: Editora Vestígio, 2020.

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