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Sono, memória e ansiedade: por que estamos dormindo tão mal?

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“Dormir bem é um investimento em saúde mental, não um luxo”

Somos a geração que não consegue desligar a mente. As telas que iluminam a madrugada, a rotina acelerada e a cobrança constante por produtividade criaram uma geração que dorme pouco — e mal. O resultado vai muito além do cansaço: ansiedade, lapsos de memória e maior vulnerabilidade a transtornos mentais são alguns dos efeitos colaterais.

O neurocientista britânico Matthew Walker, autor do livro Por que nós dormimos (2017), aponta que o sono não é tempo desperdiçado, mas necessidade fisiológica tão vital quanto comer ou beber água. Ao negligenciá-lo, comprometemos corpo e mente.

O cérebro em terapia noturna

Durante o sono, o cérebro não descansa: ele organiza memórias, estabiliza aprendizagens e processa emoções. É como se cada noite fosse uma sessão de terapia silenciosa. Sonhos, especialmente na fase REM, atuam como uma simulação emocional segura, reduzindo a carga de experiências difíceis. Quando esse ciclo se quebra, a mente perde a chance de se autorregular. Pesquisas mostram que noites mal dormidas aumentam o risco de depressão, ansiedade e até surtos psicóticos.

Epidemia silenciosa

Vivemos uma epidemia de privação de sono. A média necessária para a maioria dos adultos é de 7 a 9 horas por noite, mas a sociedade moderna entrega menos. As consequências são amplas: além de doenças físicas como câncer, diabetes e problemas cardíacos, o impacto chega às relações sociais. Adultos privados de sono relatam mais irritabilidade, menor empatia e maior dificuldade de lidar com conflitos.

Sinais de alerta de sono insuficiente

-Dificuldade de concentração e memória curta

-Mudanças bruscas de humor

-Falta de energia mesmo após dormir

-Uso frequente de café ou estimulantes para “aguentar o dia”

-Sonolência em situações inadequadas (transporte, reuniões, aulas)

Remédios não são solução

O uso crescente de pílulas para dormir preocupa especialistas. Embora possam induzir o adormecimento, não reproduzem a complexidade fisiológica do sono natural. O descanso artificial não restaura corpo e mente com a mesma eficácia. Alternativas comportamentais — como higiene do sono, redução do uso de telas à noite, exposição adequada à luz solar e rituais de relaxamento — são mais seguras e eficazes a longo prazo.

Depoimento

“Eu achava que dormir quatro ou cinco horas era suficiente. Depois de uma crise de ansiedade e falhas constantes de memória, percebi que meu corpo estava cobrando a conta. Hoje tento priorizar o sono como parte do meu tratamento.”

— Mariana, 26 anos, estudante de Psicologia

Uma mudança cultural urgente

Mais do que um hábito individual, o sono é um tema de saúde pública. Escolas que exigem madrugadas de estudo, empresas que glorificam jornadas intermináveis e o culto à vida “sempre online” reforçam a negligência coletiva ao descanso. Valorizar o sono é, acima de tudo, valorizar a saúde mental. Walker resume em uma ideia central:  “O sono é o alicerce da saúde, sobre o qual repousam todos os outros pilares.” Por isso, entendemos que o sono é a base invisível da saúde emocional. Negligenciá-lo é abrir as portas para ansiedade, depressão e esgotamento.

Infográfico sobre as fases do Sono

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