Por Marcos Antônio Silva Carneiro
A Terra não gira ao contrário, mas a vida, essa sim, tem uma outra dinâmica. Ela para, volta, pula, vai rápido ou devagar, às vezes, ela chegar a voltar para o ponto em que você se encontrava em uma bifurcação do destino e escolheu um caminho.
Eu estou passando por esse momento, em que volto para a bifurcação. Como já fiz um caminho, e o cumpri até o fim, vou pegar o outro e ver até onde ele vai me levar.
Meses atrás eu comprei um quadro de um artista que curto. A peça foi até cara para quem aprecia, mas que não consumia esse tipo de arte. Por mais que eu e meu, agora, ex-namorado ensaiávamos pendurar o quadro, nunca o fizemos, e ele ficava de um lado pra outro da casa. De móvel em móvel, testemunha de nossa relação, praticamente do começo ao fim.
Me pergunto por que não penduramos o tal quadro, se tantas outras coisas fizemos para dar a nossa cara àquela outra casa. Investimos em iluminação, mudamos móveis, compramos objetos e até chuveiros trocamos, mas o quadro não viu um prego.
Quando passei a procurar um novo apartamento, foi uma surpresa pra mim, me deparar com o mesmo imóvel para onde eu iria, antes de decidirmos morar juntos. Assinei o contrato de aluguel, e me mudei para o novo lugar. A primeira coisa que fiz foi pendurar a peça.
Hoje, ela tem sua parede e é testemunha da história de apenas uma pessoa.