CAOS: Mesa redonda discute violência contra a população LGBT

A mesa redonda do dia 24/08, no Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – Caos, teve como tema  Violencia de Gênero, Questões LGBT e Desafios Atuais. Compuseram a mesa Dhieine Caminski, psicóloga especialista em Saúde da Família pela Universidade de Itajaú, gerente de Saúde Mental na Secretaria Municipal de Palmas (TO) e Rafaella Alexandra Vieira Mahare, Assessora Técnica e de Planejamento da AGETO/SEINF e Diretora de Administração e Finanças da Associação das Travestis e Transexuais do Estado do Tocantins – Atrato.

Contemplando o complexo desafio de formar psicólogos sensíveis à questões atuais, a discussão da mesa orbitou em torno da estruturação das relações de gênero, como nos habituamos a ela e porque se faz necessário a desconstrução desses conceitos e dos nossos comportamentos pautados neles. Além disso, Rafaella trouxe experiências de suas vivências enquanto mulher trans, que reforçaram a urgência em debater e realizar práticas que contribuam para a diminuição da violência contra a população LGBTQ+.  O dado alarmante de que a capital Palmas (TO) é a que mais assassina a população LGBT, reafirma essa necessidade.

Rafaella Alexandra Vieira Mahare na mesa do CAOS

O mito da não-violência brasileira, postulado por Marilena Chauí contribui para a naturalização da violência contra minorias no Brasil. Ao reafirmarmos insistentemente que o brasileiro é pacífico e amigável e que as manifestações de violência são esporádicas e acidentais, essas violações de direitos, sejam elas físicas, psicológicas e/ou emocionais, são varridas para debaixo do tapete e subnotificadas.

Como então, mediar as relações de gênero dentro de espaços públicos, visto que todas as políticas públicas são pautadas nesse sentido? A aposentadoria, políticas de saúde, garantia de direitos entre outros, são todos pautados na diferença de gênero, e dessa forma, acabam por ser exclusivas para as pessoas que não obedecem à “coerência” do status quo.

As palestrantes pontuaram a necessidade de se haver uma separação entre os dogmas pessoais e o fazer da psicologia, visto que embora o discurso religioso não seja violento por si só, ele está fortemente atrelado à violência contra pessoas que não obedecem à heteronormatividade compulsória.

Neste contexto, em que todas as possíveis ações e atitudes são prescritas pela habituação de gênero, onde a existência do outro é negada e há uma  culpabilização da vítima,  a psicologia tem papel essencial para desconstruir as relações de violência de gênero, tanto a nível individual como, principalmente, por meio de práticas sociais.