(En)Cena – A Saúde Mental em Movimento

A sua saúde mental pode ser monitorada?

Fonte: encurtador.com.br/iEKSU

Os smartphones tornaram-se universalmente poderosos a ponto de caracterizem-se como sensores humanos. As câmeras funcionam como os olhos que apontam para todos os lugares, que tudo veem e registram e os fones são a voz e ambos ajudam na imersão ao mundo virtual. Com isso é possível identificar onde as pessoas estão, o que fazem e, às vezes, o que planejam.

Ir ao médico é uma atividade, para muitas pessoas, simples. No entanto, existem pessoas que por medo, pavor, bloqueio entre outros diversos fatores não conseguem ir a um consultório médico. Nos EUA, enfermeiros podem ver a vida de alguns pacientes com diabetes, mesmo quando eles não estão na clínica.

Esta nova maneira de manter o monitoramento sobre pacientes é um dos vários estudos de um aplicativo chamado Ginger.io. Uma vez instalado, a aplicação registra silenciosamente dados sobre um paciente e ajuda em diagnósticos simples[1]. Quando um paciente está deprimido, por exemplo, o seu padrão de comportamento muda, afetando a sua vida social. O Ginger.io identifica a mudança atraves de troca de mensagens e ligações. Ele usa o acelerômetro do smartphone e posicionamento global para medir onde, como e quando você se move [4].

App Ginger.io Fonte: ginger.io

Um dos hospitais que está testando Ginger.io é o Novant Health na Carolina do Norte nos Estados Unidos (EUA), que opera o Forsyth Medical Center e outros 13 centros médicos. Matthew Gymer, diretor de inovação da Novant, diz que seu grupo se aproximou da Ginger.io por causa do relatório de negócios[1].

O app está disponível para Android e iOS, e pode ser baixado por qualquer usuário nos EUA, no entanto só é possível ser ativado por membros vinculados ao hospital. O cadastro é realizado após a assinatura de um termo de compromisso, responsabilidade e confidencialidade.

Captura de tela do novo aplicativo do Ginger.io que conecta treinadores aos pacientes diretamente. Fonte: ginger.io

“Na minha empresa Ginger.io, temos sido capazes de rastrear meio milhão de pessoas com ansiedade e depressão, e reunimos mais de 600 milhões de horas de dados em muitas dimensões comportamentais” [2], é o que diz o Anmol Madan Co-Fundador e CTO do Ginger.io e complementa: “é um conjunto de dados tão grande e rico que permite usar o aprendizado de máquina para detectar padrões complexos de comportamentos que predizem quando um usuário pode precisar de ajuda” [2].

O Ginger.io oferece apoio emocional, ou seja, a qualquer momento o paciente pode solicitar um profissional da saúde disponível para conversa e ter retorno em menos de 60 segundos. Os pacientes são coordenados por médicos, treinadores, psicólogos, terapeutas e psiquiatras de alta qualidade. Todos disponíveis para vídeo chamada.

Os dados registrados pelo aplicativo são úteis para o automonitoramento e também para os diagnósticos dos médicos, visto que eles sinalizam ao usuário (e às pessoas cadastradas pelo usuário, como parentes e amigos) o que pode estar acontecendo e faz recomendações para que a pessoa altere esse comportamento irregular. Esse trabalho, às vezes chamado de “mineração da realidade”, mostrou que as mudanças em como as pessoas usam seus telefones ou onde elas vão pode refletir o início de um resfriado, ansiedade ou estresse [1].

Ambientes de monitoramento e coleta de dados do paciente. Fonte: ginger.io

A informação personalizada é, sem dúvidas, atualmente, um dos principais objetivos do mercado tecnológico. Ou seja, o objetivo é entender como é o comportamento do Francisco e tratá-lo como Francisco. Mas, até que ponto a privacidade do paciente é comprometida?

Aplicativos com essa função geram bastante polêmica. Invasão de privacidade, interferência da tecnologia nas relações sociais e o autodiagnóstico são os pontos mais questionados pelos críticos. A ciência lida com a vida humana e quando se trata de medicina é normal que um novo recurso seja bem criticado [3]. O Ginger.io é um dos apps que representa o que pode esperar dos avanços tecnológicos para o futuro.

Mas ficam os questionamentos: você se submeteria a tal tratamento? Aceitaria um ente próximo se sujeitar a tal monitoramento? Seria, esse método, uma forma de invasão de privacidade? Até que ponto é possível acessar as informações pessoais? Até que ponto abriríamos mão da nossa intimidade?

Os benefícios da utilização da tecnologia para o bem-estar de pacientes e da população em geral são incríveis e bem explorados pela mídia. No entanto, é fundamental que a segurança esteja sempre em primeiro lugar durante todo o controle dos sistemas. Desde os sensores, os envolvidos na manipulação dos dados até o processamento, pois ela é fundamental para a qualidade de vida dos atendidos.

Referências

[1] SIMONITE, Tom. BIG DATA GETS PERSONAL: SMARTPHONE TRACKER GIVES DOCTORS REMOTE VIEWING POWERS. 2016. Disponível em: <http://www.datascienceassn.org/sites/default/files/Big%20Data%20Gets%20Personal.pdf>. Acesso em: 19 out. 2018.

[2] MADAN, Anmol. ANMOL MADAN – MOONSHOTS. 2018. Disponível em: <https://www.anmolmadan.com/>. Acesso em: 14 out. 2018.

[3] MALTA, Pedro Henrique. GINGER.IO: O APP QUE MONITORA SUA SAÚDE MENTAL. 2017. Disponível em: <https://www.agenciabamboo.com.br/gingerio-o-app-que-monitora-sua-saude-mental/>. Acesso em: 02 out. 2018.

[4] KNIBBS, Kate. VOCÊ DEIXARIA UM APP MONITORAR A SUA SAÚDE MENTAL?. 2014. Disponível em: <https://gizmodo.uol.com.br/gingerio-app-saude-mental/>. Acesso em: 14 out. 2018.

Nota: Texto produzido na disciplina Gestão Tecnológica II, professora Parcilene Fernandes de Brito.

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