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“Envelhecer é tão natural como nascer e morrer”- (En)cena entrevista Adriana Magna

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É com grande prazer que o Portal (En)Cena recebe a Adriana Magna para uma conversa. Ela é uma verdadeira inspiração, uma mulher com uma trajetória de vida e profissional impressionante. Adriana está no último ano do curso de Psicologia da Ulbra e também está se especializando em Terapia Cognitivo-Comportamental, área na qual pretende atuar. Sua busca por conhecimento é contínua e diversificada, com formações que vão do Serviço Social à Gestão de Pessoas, passando pela Educação e até mesmo a Filosofia clássica.

Além de sua jornada acadêmica, Adriana é uma escritora talentosa, autora do e-book “Mostre-se, você é o que comunica para o mundo” e do livro de poesia “A Dança das Marés” (ed. Cultura), além de co-autora das obras “20 Marias em um Grito Tocantins” (ed. Ser Poeta), “Amor ao Próximo” (ed. Ser Editorial), “Anuário de poetas e escritores do Tocantins 2021” (ed. Veloso), “Antologia Mulher e Inspiração” (ed. Talentos), “Ensaios sobre a Maternidade” (ed. Ser Poeta).

Para completar, ela é servidora pública e atualmente compõe a equipe de saúde do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins.  E ainda possui vasta experiência em oratória, realizando diversos cursos nessa área e compartilha seu conhecimento em seu canal no YouTube, o “Oratória sem mistério”.

É com grande satisfação que o Portal (En)Cena abre espaço para essa conversa com Adriana, onde ela vai falar sobre essa fase de sua vida e sua ampla relação com o conhecimento.

(En)Cena – Como foi o processo de ingressar no curso de psicologia?

Eu já trabalhava na área comportamental há anos como assistente social e como professora e mentora de oratória. Sentia grande admiração pela Psicologia e foi uma decisão simples. 

(En)Cena – Como você enxerga a questão do envelhecimento na sociedade atual e na psicologia?  

Envelhecer é tão natural como nascer e morrer, ou seja, quando vivemos, obviamente envelhecemos. Socialmente, ainda existe muito estigma com pessoas idosas e isso é fruto da ignorância e do medo. Essas duas coisas juntas fazem um estrago danado. 

Igualmente, acredito que tem havido avanços na tentativa de tornar o processo de envelhecimento mais aceitável, é um percurso árduo principalmente porque, hoje em dia, tudo tem um procedimento estético corretivo. Não vou entrar nesse mérito, cada pessoa é livre para fazer ou não fazer, essa não é a questão. O que pode ser maléfico é o excesso de busca por uma juventude exterior que pode encobrir dores existenciais profundas e significantes.

Para a psicologia, é um desafio que se coloca e, a meu ver, exige preparo técnico e ético para lidar com tal demanda.

(En)Cena – Quantas vezes você já ouviu “já passou da hora”? Será que existe um momento certo para estudar, para recomeçar, para sonhar?

Eu nunca ouvi algo assim. Sinto que as pessoas me respeitam por quem eu sou, pelas ideias que defendo e não tenho sofrido preconceito no curso. Se tiver algo assim eu não considero, de verdade. Me importo pouco com a opinião alheia e isso eu aprendi com a maturidade.

O “momento certo” é o nosso despertar para os estudos. Como eu sempre estou estudando, é uma rotina habitual. Mas, para quem parou por qualquer razão e tem o desejo de voltar, ou de começar… faça! Aja! Dificuldades existem, mas, com dedicação, esforço, rede de apoio e perseverança, os objetivos são alcançados.

(En)Cena – Como foi a reação da família e dos amigos quando você revelou que iria entrar para universidade?

Amaram a ideia! O incentivo é contínuo. Ouvi algo do tipo: “e como você lida com o declínio cognitivo?” Respondi: com questionamento socrático, leitura diária, pedido de ajuda para os amigos e professores, além da autocompaixão. Porque é pura verdade que já não apreendo como uma pessoa jovem, preciso de mais tempo, de menos estímulos que um jovem. Meu tempo de maturação é outro. No entanto, tenho acompanhado os estudos com eficiência e a experiência de vida, como profissional e como docente, me ajudam sobremaneira.

(En)Cena – Você já enfrentou situações de etarismo (discriminação por idade) na faculdade?

Não. Não enfrentei etarismo.

No entanto, tem uma questão que me incomoda dentro desse universo do etarismo que é o fato de um ensino com metodologias que possam estar distantes do meu universo. 

Vou dar um exemplo: fui apresentada ao kahoot logo que ingressei no curso, cenário em que o professor disse: vocês já conhecem a ferramenta, acessem aí que vamos começar! Eu nunca tinha ouvido falar e tive que aprender na marra sem uma mínima explicação que, certamente, não inviabilizaria nada para quem já conhecia. 

Assim, falta esse olhar mais atento, acolhedor e empático com pessoas mais velhas na mesma sala de aula que pessoas jovens.

(En)Cena – Como você avalia os impactos subjetivos em relação ao curso de psicologia em sua vida?  

Tenho aprendido tanto com a Psicologia!!!! 

Sinto-me imensamente animada para exercer essa profissão e, na minha vida pessoal, ela tem me auxiliado demais com a minha família, no meu autoconhecimento e na alteridade. 

Por outro lado, observo como as relações sociais impactam a percepção que tenho (isso eu trago da formação em Serviço Social) e como essas mesmas relações me afetam e me atravessam.

(En)Cena – Na sua opinião, sua experiência de vida traz vantagens para sua formação em Psicologia?  

Sim, obviamente! Como disse em uma das questões anteriores, a experiência de vida é um diferencial no meu curso. Consigo compreender coisas quando olho que os mais jovens não conseguem, e não por que eles sejam indiferentes ou algo do gênero, não, em absoluto. É porque há meandros da vida em sociedade que aprendemos com o tempo, com as vivências, os tropeços, os aprendizados. 

Sou procurada por diversos alunos que buscam me ouvir sobre determinado assunto. Percebo que eles se interessam pelo meu ponto de vista e que de certa forma o que sei os ajuda em dados contextos.

(En)Cena – Gostaria de compartilhar algo significativo sobre sua experiência como aluno(a) de Psicologia na atual fase de sua vida? 

Fiz amizades; treino a habilidade da tolerância e da paciência (principalmente nos trabalhos em grupo); sinto-me revigorada em conhecer novos conteúdos e o quão importantes eles podem ser para a vida humana.

Como uma experiência a compartilhar: Tenho um vínculo excelente com a minha supervisora clínica, o que me deixa feliz e realizada. Ela valida conceitos e atitudes que carrego comigo e aprendo com ela que devo ser eu mesma, genuína, autêntica, presente, empática com os meus pacientes. Que o fato de eu ser a terapeuta deles não me coloca em um patamar superior, mas em igual condição humana. Faz-me procurar sempre aprofundar o conhecimento técnico para auxiliá-los no processo terapêutico de modo responsável e comprometido. Estou no último período e certa de que fiz a melhor escolha de formação profissional para o meu momento de vida. 

O curso de Psicologia também me presenteou com uma amiga muito especial. Compartilhamos nossas dificuldades e desafios, bem como as alegrias dessa formação profissional. Fazemos planos para o futuro e nutrimos afeto recíproco.

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