Dormindo Com o Inimigo: uma análise acerca dos aspectos sociais e psicológicos na violência doméstica

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Sara e Martin aparentemente vivem um casamento harmonioso e cercado de laços afetivos, todavia ela sofre agressões constantes do mesmo, fator esse que levanta o questionamento cada vez mais constante da responsabilidade profissional e social nesse contexto. A princípio percebe-se a relevância de se discutir a violência doméstica no contexto das políticas públicas, frente à necessidade de que façamos uma análise do contexto histórico brasileiro, especialmente no que se refere entre os períodos de 1960 e 1980, dando maiores significados para as políticas sociais, em principal o olhar da Psicologia e a inserção de novos elementos na profissão que são de suma importância para a atualidade.

Assim sendo, faz se necessário traçar historicamente os caminhos da profissão no Brasil, neste sentido de reconstruir os laços, compromissos, tendências e vínculos estabelecidos com as classes sociais que explicam as marcas e desafios que a profissão enfrenta atualmente no que tange às demandas de violência doméstica contra a mulher. Observa-se aqui a data de 8 de março, juntos aos achados históricos:

O dia 8 de março é o resultado de uma série de fatos, lutas e reivindicações das mulheres (principalmente nos EUA e Europa) por melhores condições de trabalho e direitos sociais e políticos, que tiveram início na segunda metade do século XIX e se estenderam até as primeiras décadas do XX (Queiroz, 2000).

Fonte: https://url.gratis/FSInTK

Os serviços ofertados indiscutivelmente são imprescindíveis para que se obtenha êxito no atendimento às vítimas, inclusive pode-se destacar que a Psicologia no Brasil também surgiu a partir da questão social onde a sociedade passa a ser base de estudo, inclusive os seus comportamentos e aspectos cognitivos.

A importância da Psicologia no decorrer do seu contexto histórico, teve o intuito de atender as exigências postas aos profissionais, bem como atender às requisições do Estado, que visavam construir seu suporte teórico e ampliar seus referenciais técnicos, se distanciando da igreja que aparentava ser contra.

A Política Pública de Assistência Social está estabelecida nos direitos sociais da população em situação de risco social segundo definição da Política pública de Assistência Social. De acordo com o artigo primeiro das LOAS, a Assistência Social, direito do cidadão e dever do estado é política de seguridade social não contributiva, que provê os mínimos, realizada por intermédio de um conjunto integrado de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento ás necessidades básicas

Interessante ressaltar que se nota, que é no mesmo período que acontece a maturidade da profissão, onde se tem centros de formação e pós-graduação que amplia o conhecimento dos estudantes e dos profissionais e quando decorre também a organização política da profissão.

FICHA TÉCNICA

Título original: Sleeping with the enemy

Ano produção: 1991

Dirigido por: Joseph Ruben

Gênero: Drama, Suspense

País de Origem: Estados Unidos da América

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. LOAS/1993 Lei orgânica da Assistência Social. Brasília, MPAS/ Secretaria do Estado de Assistência Social, 1999.

Ministério da Saúde. (2002). Violência intrafamiliar: orientações para a prática em serviço Secretaria de Políticas de Saúde. Brasília, DF.

QUEIROZ, Fernanda Marques e DINIZ, Maria Ilidia-a, SERVIÇO SOCIAL, LUTAS FEMINISTAS E VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER em Temporais: Revista da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em serviço Social (ABPESS) / associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. – Ano 1, n. 1 (jan.jun.2000) – Brasília: ABEPSS, 2000.

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A sexualidade da pessoa com deficiência

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Dentre os muitos grupos que estão à margem da sociedade, as pessoas com deficiência compõem a classe de maior vulnerabilidade, não somente pela invisibilidade das suas pautas mas também pela negação da existência de qualquer dignidade nas suas experiências de vida no setor público e no interior de movimentos sociais (LOPES, 2019).

As pessoas com deficiência já vivem rodeadas de estigmas e preconceitos, fatores que se mostram em evidência quando o assunto é sobre a sexualidade desses indivíduos. Estigmas e crenças errôneas consideram pessoas com deficiência muitas vezes incapazes e infantis, ou seja, pessoas que não poderiam exercer uma sexualidade saudável ou mesmo não apresentam sexualidade (assexuadas), também são vistas como incapazes de cuidar ou gerar filhos, manter relacionamentos saudáveis e consentir relações sexuais.

Segundo Silva (2006), o estigma a pessoas com deficiência, leva as mesmas, a serem tratadas pelo seu rótulo e não pela sua individualidade, o que pode ocasionar em generalizações sobre como esses indivíduos devem viver devido suas condições, o sujeito a quem é imposto esse estigma, incorpora e se identifica com esse rótulo, que determina o modo como deve comportar-se.

Devido aos preconceitos direcionados pela família e o meio social a que está pessoa está exposta, grande parte dessa população não tem acesso a informação ou orientação sexual, o que pode agravar os casos de abuso sexual, e doenças sexualmente transmissíveis e influenciar ainda comportamentos considerados inadequados (como a masturbação em público) que influenciam nas crenças da hipersexualidade. Ocorre ainda grande influência da esterilização compulsória, que impulsiona as pessoas com deficiência de abrirem mão da possibilidade de terem filhos.

Fonte: l1nq.com/QiNI4

Tais fatores estão amplamente ligados ao capacitismo, que pode ser interpretado com o preconceito ligado as pessoas com deficiência que podem influenciar cada vez mais nas crenças populares errôneas e preconceituosas a respeito da sexualidade da pessoa com deficiência. O que influencia na falta de acesso a informação dessas pessoas sobre o seu corpo, e sua sexualidade, métodos contraceptivos, busca e criação de políticas públicas que possam dar suporte a esses indivíduos, e ainda a criação de novas leis que façam acontecer a inclusão desses indivíduos na sociedade não apenas em meios sociais, mas também levando em conta suas necessidade e desejos biológicos e psicológicos. O empoderamento dessas pessoas então surge como um meio de agir diante os preconceitos.

O empoderamento é um processo coletivo e individual, que propicia o desenvolvimento de potencialidades, tornando o sujeito capaz de tomar decisões sobre sua vida levando em conta suas vontades. Esse conceito dá início a uma compreensão sobre promoção da democracia e atenuação da vulnerabilidade das pessoas com deficiência, pois proporciona seu fortalecimento, e sua crença de valor em si mesmo, como um indivíduo capaz de tomar decisões e fazer escolhas (DANTAS; SILVA; CARVALHO, 2014). A solidificação dos estudos sobre a deficiência, na década de 1960 aumentou à ação pela reivindicação de direitos e a luta das pessoas com deficiência para tornarem-se protagonistas de suas vidas (DINIZ et al., 2009).

Apesar de toda a luta pela inserção educacional, social e ao acesso à saúde para pessoas com deficiência, não ocorrem muitas discussões sobre a inclusão afetiva e sexual desses indivíduos. Quando uma pessoa com deficiência é conceituada como um sujeito que não exerce ou não é favorecido de sua sexualidade, negligencia-se o acesso à informação sobre orientação e educação sexual e cuidados referentes a situações de abuso (MAIA; RIBEIRO, 2010).

De acordo com Ramalho e Souza (2005) em diversos aspectos a vida do portador de deficiência, é bem parecida dos demais, dispõem momentos de alegria e conquistas, em outras palavras, bons e maus instantes como qualquer ser humano, se divergem em uma especificidade, são vítimas do preconceito de discriminação.

REFERÊNCIAS

DANTAS, Taísa Caldas; SILVA, Jackeline Susann Souza; CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Entrelace entre gênero, sexualidade e deficiência: uma história feminina de rupturas e empoderamento. Rev. bras. educ. espec.,  Marília ,  v. 20, n. 4, p. 555-568,  Dec.  2014 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382014000400007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em:   15  set  2020.

DINIZ, D.; BARBOSA, L.; SANTOS, W. R. Deficiência, direitos humanos e justiça. São Paulo.2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-64452009000200004>. Acesso em: 15  set  2020.

LOPES, L, S. A luta das pessoas com deficiência pelo direito de estar no mundo. Justificando Mentes Inquietas  Pensam Direito. 4 de julho de 2019. Disponível em: <https://www.justificando.com/2019/07/04/a-luta-das-pessoas-com-deficiencia-pelo-direito-de-estar-no-mundo/>. Acesso em: 15  set  2020.

MAIA, Ana Cláudia Bortolozzi; RIBEIRO, Paulo Rennes Marçal. Desfazendo mitos para minimizar o preconceito sobre a sexualidade de pessoas com deficiências. Rev. bras. educ. espec.,  Marília ,  v. 16, n. 2, p. 159-176,  Aug.  2010 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382010000200002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em:  15  set  2020.

RAMALHO C, E; SOUZA J, B, R. Dificuldades da inclusão do deficiente físico no mercado de trabalho. Revista Científica Eletônica de Administração. 2005. São Paulo. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/msnp3KrdnoUlhbw_2013-4-26-12-19-25.pdf>. Acesso em: 15  set  2020.

SILVA, Luciene. O estranhamento causado pela deficiência: preconceito e experiência. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v.11, n.33, p. 424-561, 2006.   Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n33/a04v1133.pdf>. Acesso em: 15  set  2020.

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Relatando um dia de vivência com a equipe do Consultório na Rua

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No dia 16 de setembro de 2021, vivenciei uma experiência única juntamente com a equipe do Consultório na Rua (CNR). Foi uma manhã de muito trabalho e entrega daquilo que fomos capacitados para fazer: viabilizar e garantir a saúde da população em situação de rua.

São designados profissionais participantes do consultório na rua: o agente social, enfermeiro, técnico em enfermagem, assistente social, médico, profissional de educação física, psicóloga, técnico em saúde bucal, profissional na área de artes e um terapeuta ocupacional (PORTARIA, n. 1.029, 2014).

Estes profissionais são divididos em modalidades, sendo a modalidade I composta por quatro profissionais, sendo dois de nível médio e dois de nível superior. A modalidade II é composta por seis profissionais, sendo três de nível superior e três de nível médio e na modalidade III, é composta pelo mesmo número de membros da modalidade II, com o acréscimo de um profissional médico. (PORTARIA, n. 122, 2011).

 A equipe de Palmas- TO é de modalidade I, composta por dois profissionais de nível superior e dois profissionais de nível médio. A enfermeira Karine Ghisleni é a coordenadora do consultório na rua em Palmas e esteve à frente realizando a abordagem com os usuários do serviço. Esteve presentes também a técnica de enfermagem Silvaci de Araújo Reis, a Psicóloga Residente em Saúde Mental Lauana Paula e também o motorista da equipe Wolney.

Fonte: encurtador.com.br/mCQW2

 Santos (2016) define que o CNR é um serviço de atenção básica que tem por objetivo a atuação de forma itinerante e multidisciplinar, com a política de redução de danos, desfazendo o conceito que apenas o usuário que tem que buscar ajuda profissional.

A ação iniciou-se às 7h e terminou às 10h da manhã. Visitamos diferentes pontos de Palmas onde encontramos moradores de rua e pessoas em situação de rua. A diferença é que os moradores de rua não possuem um lar e moram exclusivamente na rua e as pessoas que estão em situação de rua são pessoas que muitas vezes tem um lar, ou possuem um emprego precário ou por outros motivos de questões familiares e/ou individuais escolhem ou chegam nesse ambiente de rua e a maioria acaba se tornando usuário de álcool e outras drogas (BRASIL, 2020).

Quando estive com a equipe do CNR, foi informado que uma das funções exercidas são os exames de rotina como a baciloscopia de escarro para rastreio de possíveis doenças ou patologias das pessoas em situação de rua. Grande parte dos exames que são realizados são os de sangue para verificar a saúde deles e também se possuem alguma IST (Infecção Sexualmente Transmissível). São realizadas orientações de educação em saúde, além da oferta de anticoncepcionais injetáveis, preservativos femininos e masculinos e lubrificantes como medidas de redução de danos.

 Foram distribuídos medicamentos para usuários que têm distúrbio neurológico, roupas, agasalhos e kits de higiene. Em alguns pontos foram feitos alguns agendamentos de consultas de saúde bucal.

Cazanova (2012) destaca que a equipe do CNR tem por planejamento, realizar a abordagem individual e coletiva das pessoas em situações de rua, acompanhar internações, pré-alta, pós-alta e incluir essas pessoas aos serviços de atenção básica em saúde, hospitais, serviços especializados em ISTs, bem como a reinserção escolar, social e familiar intermediando a promoção de direitos e cidadania dos usuários do serviço.

No dia da ação, me senti muito privilegiado por ter participado e contribuído com a equipe. É muito importante o que esse serviço faz por pessoas nesta situação de rua, pois muitos deles não possuem uma rede de apoio e não tem com quem contar. Estas pessoas estão diariamente exposta a várias formas de violência e estão privadas de direitos fundamentais, enfrenta a falta de privacidade, tomam banho em praças ou postos de combustíveis, tem condições precárias de sono, higiene, alimentação e que os levam a ter uma autoestima baixa, pois não conseguem manter um cuidado maior com eles mesmos.  perdem a esperança de conquistarem algo melhor ou mudar de vida, além dos vínculos sociais que na maioria das vezes são perdidos (ROSA, SANTANA, 2018).

Fonte: Arquivo Pessoal

Durante a abordagem pude ver quantas histórias existem por trás de cada pessoa, família, e que existem vários motivos que levaram essas pessoas a estarem nesta situação de rua. Percebi o quanto o SUS é importante e tem levado saúde e dignidade para quem precisa. Sabemos das dificuldades e dos problemas que existem dentro do sistema, mas o que não podemos negar é que sem ele, muitos de nós não teria acesso a sequer uma consulta.

Ressalto o quão importante é que tenhamos a visibilidade para as pessoas que estão em situação de rua, pois para muitos eles são invisíveis, ninguém quer enxergar que eles estão ali ao nosso lado, nas praças, bancos, pontes e nos cantos da cidade. O preconceito social existente faz com que eles sejam rotulados como marginais drogados, pessoas que não escolheram trabalhar ou estudar e por isso se tornaram moradores de rua (SICARI, 2018). A realidade é que nem todos conseguem direitos básicos para sobreviver e a rua é o único lugar que os acolhe.

É muito importante que as pessoas tenham uma visão mais humanizada para a população em situação de rua. Durante a ação que estive presente, consegui visualizar o quão grato eles ficaram por estarmos ali oferecendo cuidados a eles. Algo que para a maioria dos que estão lendo este relato se tornou comum, como tomar banho, ter eletricidade, gás, uma cama para dormir, para nenhum deles ali era a realidade.

 No olhar de alguns deles enxerguei o sonho de mudar de vida, sair da dependência de drogas, álcool ou conquistar uma moradia e comida e a vontade quando finalizamos a ação foi de poder fazer muito mais por eles.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS no 1.029, de 20 de maio de 2014, que amplia o rol das categorias profissionais que podem compor as Equipes de Consultório na Rua em suas diferentes modalidades e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, Seção 1, 2014, p.55.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 122, de 25 de janeiro de 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0122_25_01_2012.html Acesso em:22 de set. 2021.

CAZANOVA, R. F.. A Integralidade na Fonte do Consultório de Rua no SUS. Orientadora: Leonia Capaverde Bulla. 2012. 151f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Serviço Social, Porto Alegre, 2012.

LIMA, Daiane Silva et al. A EFETIVIDADE DO CONSULTÓRIO NA RUA MEDIANTE O ATENDIMENTO COM A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA. Farol, Rolim de Moura- Rondônia, v. 10, n. 10, p. 104-118, 01 jul. 2020.

ROSA, A. S.; SANTANA, Carmen Lúcia Albuquerque. Consultório na Rua como boa prática em Saúde Coletiva. Revista Brasileira de Enfermagem. São Paulo, 2018.

SANTOS, L. M. Consultório de/na Rua: Desafios na Atenção à População em Situação de Rua Usuária de Álcool e Outras Drogas. Orientadora: Carla Pintas Marques. 2016. 106f. Trabalho de conclusão de curso (Curso de graduação em Saúde Coletiva). Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

SÃO PAULO (Estado). Brasil. Câmara Municipal de Adamantina. Entenda a diferença entre pessoas em situação de rua, “trecheiros” e moradores de rua. 2020. Disponível em: https://www.adamantina.sp.leg.br/institucional/noticias/entenda-a-diferenca-entre-pessoas-em-situacao-de-rua-trecheros-e-moradores-de-rua. Acesso em: 23 set. 2021.

SICARI, A. A. A cidade, a rua, as pessoas em situação de rua: (in)visibilidades e luta por direito. Orientadora: Andréa Vieira Zanella. 2018. 227f. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2018.

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Sofrimento e arte – (En)Cena entrevista a artista Laís Freitas

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“A resposta é que homens amam homens, podem até ser heterossexuais mas pelo prazer sexual. Homens glorificam o mesmo sexo, não consomem conteúdos feitos por mulheres, tem apreço apenas ao que eles próprios fazem”.

O Portal (En)Cena entrevista a artista plástica Laís Freitas, de Palmas-TO, para conhecer o que significa ser mulher no Brasil na pandemia pelo olhar da jovem pintora de 18 anos que utiliza das redes sociais como meio para divulgar e comercializar seu trabalho.

Durante a conversa, Laís explica como é ser jovem, mulher e pretender viver de arte no Brasil, apontando os desafios impostos pelo machismo estrutural. A artista também fala sobre os aspectos de saúde mental na sua obra mais recente, a série de quadros “ilusão”. Para ela, o pintar e a possibilidade de se expor e se expressar têm efeito terapêutico e chama a arte de “salvação” que oportuniza tanto ao artista como ao expectador, acessar e entender sentimentos que nunca haviam sido percebido.

(En)Cena –  Considerando o seu lugar de fala, mulher, jovem, artista  e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?

Laís Freitas (@aloisam_) – Como jovem artista, vejo que ser mulher nos dias atuais de pandemia é uma constante luta, em todos os aspectos. Ao longo da história conseguimos como feministas muitas conquistas, mas ainda existem muitas pautas a serem tratadas. Com um olhar sensível, observo que o sofrimento da mulher, incluindo o meu, parte de um sentimento de solidão, diante de uma cobrança muito grande que fomos ensinadas desde pequenas, o peso do mundo em nossas costas, que claro, parte de um machismo estruturado da nossa convivência.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –  Ao falar sobre a sua série de quadros “ilusão” no post do Instagram , @aloisam, do dia 25/04/2021  você afirma ter descoberto que o pintar te salva, quando permite contar a sua história. Como você entende a relação entre arte e saúde mental?

Laís Freitas (@aloisam_) –  Como disse na minha postagem, vejo o momento da pintura como uma “quase meditação”, é o momento que mais me sinto conectada comigo mesma, pelo processo ser demorado e estar transcrevendo meus sentimentos em símbolos.

 Nunca fui de me abrir conversando sobre meus problemas, mas sinto que me encontrei na minha pintura. Acho mais fácil escrever sobre o que estou passando e transformar em desenhos, me expresso dessa forma. Às vezes quando falo sobre esse processo com alguém, brinco que se não pintasse eu explodiria, porque desconheço forma mais eficiente de expressão. A arte é salvação, tanto para o artista quanto para o expectador, com ela conseguimos acessar e entender sentimentos que nunca tínhamos percebido, ela é sensível, conta uma história.

(En)Cena –    Como artista jovem em 2021, qual sua perspectiva diante do mercado de trabalho tão modificado e adaptado pela pandemia, com inúmeras possibilidade de interações comerciais online por meio das redes sociais?

Laís Freitas (@aloisam_) –  Com a pandemia, todos tivemos que nos reinventar. Já havia o pensamento de ter uma renda com o mercado online, mas não como eixo principal. Essa adaptação, para mim, abriu meus olhos para outras oportunidades e uma interação com o público muito rápida. A necessidade de criar conteúdo nas redes sociais confesso que me assusta um pouco, percebo que é mais fácil falar com mais pessoas, mas conseguir manter uma visibilidade e crescer em cima disso é mais difícil. Em relação a vendas, uma queda bem grande, a arte querendo ou não, no sistema econômico que vivemos quem compra é quem tem dinheiro, e com a pandemia trabalho está escasso então ninguém tem renda para contribuir no trabalho de um artista.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena – Quais os desafios de ser mulher e querer viver de arte no Brasil?

Laís Freitas (@aloisam_) –   Lembro-me da primeira vez que fui ao MASP, logo quando entrei havia um poster enorme do grupo Guerrilla Girls (de Nova York) com um texto adaptado “as mulheres precisam estar nuas para entrar no Museu de Arte de São Paulo?” e logo embaixo dados afirmando que apenas 6% dos artistas do acervo em exposição eram mulheres (2017).

Como mulheres, não temos visibilidade, ainda mais na arte que temos pouquíssimas referências ao longos dos movimentos. Por exemplo, em 1909 foi lançado o “Manifesto Futurista” de F. T. Marinetti que fundamentou a vanguarda europeia “futurismo”, em que dizia em seu texto ”Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.”. Sabemos que a arte, assim como todas práticas intelectuais, sempre foram afastadas das mulheres mas, porque ainda não temos visibilidade até hoje?

A resposta é que homens amam homens, podem até ser heterossexuais mas pelo prazer sexual. Homens glorificam o mesmo sexo, não consomem conteúdos feitos por mulheres, tem apreço apenas ao que eles próprios fazem. Essa, na minha visão, é a maior dificuldade de ser mulher e querer viver de arte, não temos a representação e a fama que um homem teria fazendo a mesma coisa. Por isso acho tão importante o movimento de mulheres apoiarem umas as outras, pois outros não vão fazer isso por nós.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –   Alguns dos seus quadros trazem imagens de rostos, mãos e órgãos humanos. Num tempo de pandemia em que o corpo e a saúde viraram pauta de constantes sofrimentos físicos e mentais, de que tratam os corações da retratados na sua arte?

Laís Freitas (@aloisam_) –    A arte que faço é completamente minha, todas as faces mesmo que não sejam meu rosto, de alguma forma sou eu, assim como os corações e mãos. Minha última série “ilusão”, foi uma tentativa de me colocar em primeiro lugar, sem ter vergonha de mostrar fragilidade, por isso são todos autorretratos. Antes me escondia por medo de demonstrar sentimentos, tanto que publicava os quadros, mas não conseguia escrever sobre eles para explicar para o público o intuito do quadro.

Com muito esforço de passar por um processo de autodescoberta e aceitação, consegui parar de ter medo de demonstrar sentimentos através dos textos sobre os quadros. No primeiro quadro da minha série, que deu início a todos os outros, explico sobre essa “ilusão” de idealizar o sofrimento e até fugir dele, com medo da solidão. Mas a partir do momento que me permito sentir essa dor e percebo que faz parte do processo, essa solitude não incomoda mais, e até passo a gostar dela.

Para mim, o coração é o símbolo dos sentimentos e desse sofrimento. Demonstro as etapas da minha vida como as sensações que sentia no meu coração. Demonstrei ele pertencente a alguém, livre, sereno e também com fome.

Fonte: Arquivo Pessoal – @aloisam_

(En)Cena –   Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Laís Freitas (@aloisam_) –   Acredito que com essa pandemia, conseguimos ver ainda mais o que as mulheres passam em casa. As taxas de feminicídio só aumentam, relações abusivas disfarçadas de amor é o que mais têm. Que essa solidão que falei sirva de aprendizado, o sofrimento da cobrança em cima de nós é muito grande.

Revoluções assim, são de extrema importância. Todas entendemos o conceito de feminismo, ainda que tenha muito tabu em cima, devemos nos apoiar, creio que seja a única saída, o movimento de mulheres para mulheres.

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Dia Internacional da Mulher: temos motivos para comemorar?

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Chegamos em mais um dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, mas com poucas razões para celebrar. O número de casos de feminicídio e violência contra o sexo feminino não para de crescer.

Antes da pandemia, por exemplo, o instituto “É Possível Sonhar”, que atende crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência doméstica, recebia de 5 a 12 casos por semana. Agora, o número gira em torno de 18 a 23 casos. E os dados só aumentam. 

Não é segredo para ninguém que a violência sempre existiu, mas o isolamento social fez evidenciar casos em que o homem agredia psicologicamente a mulher. Então, a parceira mesma procurava justificar tais atos como momentos de chateação ou raiva pontual do companheiro, pois, para muitas, o abuso só acontece quando chega a agressão física.

Para entender o que é abuso, é preciso esclarecer primeiramente o que é um relacionamento saudável. Geralmente, trabalhamos com a cultura, crença e a idealização do “para sempre”. Essa ideia fantasiosa facilita a manipulação do agressor, que primeiro prende com palavras sutis e muito carinho, o que dificilmente faz a mulher enxergar o controle extremo.

Fonte: encurtador.com.br/qwLOW

Os agressores/assassinos justificam os atos como forma de amor, ciúmes ou até mesmo dizem que foram provocados. Essas questões são fatores cruciais para impedir e desencorajar a mulher de pedir ajuda.

A manipulação faz com que a pessoa se sinta culpada e alimente pensamentos como se não estivesse com tal roupa não iria provocar outros homens e o parceiro não sentiria ciúmes, já que se sente ciúmes é porque a ama. Esse tipo de pensamento gera um grande perigo. Por isso, precisamos urgentemente parar de romantizar algo que não é normal. Sentir ciúmes é um descontrole emocional causado pelo sentimento de posse.

Quando o indivíduo só diminui a pessoa, ofende, controla suas amizades, roupas e lugares aonde você vai, cuidado. Pode estar enfrentando um relacionamento abusivo. Você não é posse de ninguém. Um casal precisa andar de acordo mútuo, com amizade e respeito.

Além disso, não tem como generalizar, porque cada caso é um caso. Há muitas mulheres que sofrem de transtorno de personalidade dependente e vão sentir um vazio ou até mesmo uma dor por não estar com companheiro ao lado. Mas a pessoa precisa aprender a se amar.

Ninguém nasceu para ser maltratada. No entanto, muitas vezes podemos entender isso como um ciclo de como nossos pais nos tratavam. Porém, para compreender o que realmente acontece é necessário, primeiro, entender o que é um relacionamento saudável. Por isso, ao primeiro grito, procure o diálogo e, se persistir, busque ajuda. É possível sonhar e recomeçar, basta pedir ajuda e entender quem você realmente é, as coisas boas que pode conquistar e viver.

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Em parceria com Djamila Ribeiro, Boticário lança série “Como ser antirracista”

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Iniciativa quer contribuir com reflexões sobre equidade racial e ampliar o acesso sobre o tema para a audiência. Durante quatro episódios, a filósofa e escritora fala sobre práticas e ferramentas para um mundo melhor, com mais respeito e empatia. A exibição será no programa Trace Trends, Rede TV!, e redes sociais da marca   

Em parceria com a filósofa e escritora Djamila Ribeiro, o Boticário lança a série: “Como ser antirracista”. Em quatro diferentes episódios – de 5 a 7 minutos cada –, Djamila fala sobre práticas antirracistas para um mundo melhor. Autores negros reconhecidos são citados como referência no programa cocriado pela AlmapBBDO e pela Trace. Também responsável pela produção da série, a plataforma multimídia utiliza o entretenimento afro-urbano para conectar e capacitar a nova geração.

“Racismo Estrutural e Luta Antirracista”; “Branquitude e Privilégios”; “Subjetividades Negras” e “Feminismos e Masculinidades Negras” são os temas dos episódios. O projeto dá continuidade ao movimento pela equidade racial que a marca trouxe em 2020, em que aborda a temática na campanha de Natal, além de outras frentes como o apoio a representatividade racial como a apresentação do Prêmio Sim à Igualdade Racial, promovido pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) em outubro.

Há também iniciativas de sensibilização e treinamentos com colaboradores, e a conexão e cocriação de conteúdos com vozes relevantes como o ator Lázaro Ramos e influenciadores como Tia Má, Nathy Finanças, Família Quilombo e Ad Junior, entre outros.“Temos uma estratégia robusta em diversidade e vamos continuar firmes nessa construção, sabendo que ainda temos grandes desafios pela frente. Como a marca de beleza mais amada do Brasil* compreendemos que nosso papel é estimular e valorizar cada vez mais a pluralidade de pessoas”, comenta Alexandre Bouza, Head do Boticário.

“Como ser antirracista” estreia no dia 24, durante o programa Trace Trends, às 22h30, na RedeTV!. A cada terça-feira um episódio inédito será exibido no canal, além de disponibilizado também nas redes sociais da marca. 

Fonte: Arquivo Pessoal

Os episódios e temas   

No primeiro episódio, Djamila discute a existência de uma sociedade estruturada sobre um sistema racializado e racista, a qual todos nós fazemos parte. Cita, por exemplo, a diferença entre preconceito e racismo: “Preconceito é um julgamento antecipado, que não tem nenhuma razão ou justificativa. Racismo é um sistema de opressão, que nega direitos”, explica. Fala ainda sobre outros pontos como racismo individual, institucional e estrutural. E decorre sobre o tema ao citar Carolina Maria de Jesus, em seu livro “Quarto do Desejo”: “a desigualdade social no Brasil tem cor e método, atingindo principalmente a população negra”.

Já no episódio 2, “Branquitude e Privilégios”, Djamila comenta sobre as classes sociais perpetuadas sob uma sociedade racista e escravocrata, na qual quem é branco tem privilégios em relação às outras pessoas. “Não dá para avançar na luta e ação antirracista sem que as pessoas brancas reconheçam e desnaturalizem seus privilégios. E isso só é possível quando investigamos a origem social das desigualdades”, diz Djamila.

“Subjetividades Negras”, por sua vez, é o tema do penúltimo episódio desta série, e o destaque fica sobre a necessidade de cada um acabar com o opressor que existe dentro de si, conforme detalha Djamila. “No Brasil, que tem mais de 50% da sua população formada por afrodescendentes, a ausência ou pouca presença de pessoa negras em espaços de poder não costuma causar incômodo ou surpresa em pessoas brancas. A mesma coisa vale pra ausência de clientes negros em restaurantes, shoppings, aviões”, pontua a filósofa e escritora. “Pessoas negras têm capacidade para se destacarem em todas as áreas, não apenas como atletas ou artistas, numa lógica que reduz a potencialidade negra apenas ao talento ou a uma aptidão natural. É preciso romper com a estratégia do negro único. Para além de representatividade, a questão é de proporcionalidade. Quantas pessoas negras fazem parte do seu círculo pessoal? E do círculo profissional?”, questiona.

Fonte: encurtador.com.br/gpHY8

Djamila cita ainda a pensadora feminista negra Audre Lorde, ao dizer que “é necessário matar o opressor que há em nós, e isso não é feito apenas se dizendo antirracista: é preciso fazer cobranças. É preciso buscar conhecimento, aprofundar o debate. Consumir autores e influenciadores negros. Desconfiar de ambientes em que a ausência de pessoas negras não é questionada. Reconhecer a diversidade de pensamentos e histórias dentro da comunidade negra brasileira”.

No quarto e último episódio da série, “Feminismos e Masculinidades Negras”, Djamila reforça que a própria pauta feminina precisa se questionar sobre quem são as mulheres incluídas na sua luta. Destaca trechos do livro “Pele Negra, Máscaras Brancas’, de Frantz Fanon: “a gente não precisa ser igual e se engajar numa luta só. A gente precisa interligar todas as nossas lutas e ter mais diálogos”. Djamila finaliza com uma pergunta para todos nós: “De que forma, juntos, sem ignorar nossas diferenças, conseguimos pensar um projeto mais amplo para um mundo melhor?”

“Essa é uma série que tem muito a ensinar a todos nós. Um conteúdo rico, que contribui para a construção de uma sociedade melhor. E tem tudo a ver com a estratégia de comunicação do Boticário, que há muito tempo traz para a discussão temas relevantes para a sociedade, como a importância do combate ao racismo. Seja através de conteúdos como desta série, adotando o assunto como temas de suas campanhas ou mesmo trazendo a diversidade dos atores, diretores de cena, fotógrafos e equipes de produção em suas peças de comunicação ao longo do ano”, diz Camilla Massari, VP de atendimento da AlmapBBDO.

#OndeTemAmorTemBeleza   
#QueVocêSejaTudoQueDesejar  

Fonte: encurtador.com.br/osQV4

Sobre Djamila Ribeiro  

Djamila Ribeiro é mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo. É coordenadora do Selo Sueli Carneiro e da Coleção Feminismos Plurais. É autora dos livros “Lugar de Fala” (Selo Sueli Carneiro/Pólen Livros), “Quem tem medo do Feminismo Negro?” e “Pequeno manual antirracista” (ambos pela Companhia das Letras). É também professora convidada do departamento de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Colunista do jornal Folha de S. Paulo e da revista ELLE Brasil, esteve secretária adjunta de Direitos Humanos de São Paulo em 2016. Foi laureada pelo Prêmio Prince Claus de 2019, concedido pelo Reino dos Países Baixos e considerada pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo.

Sobre O Boticário       

O Boticário é uma empresa brasileira de cosméticos, unidade de negócios do Grupo Boticário. A marca de beleza mais amada e preferida dos brasileiros* foi inaugurada em 1977, em Curitiba (Paraná), e tem hoje a maior rede franqueada de cosméticos do país; com mais de 3.700 pontos de venda, em 1.750 cidades brasileiras, e mais de 900 franqueados. Presente em 15 países, há mais de 40 anos desenvolve produtos com tecnologia, qualidade e sofisticação – seu portfólio tem mais de 850 itens de perfumaria, maquiagem e cuidados pessoais. Eleita a marca mais lembrada em Diversidade e Inclusão** e comprometida com a beleza das pessoas e do planeta, o Boticário não realiza testes em animais e investe na melhoria contínua de produtos e processos, para torná-los cada vez mais sustentáveis. 

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Martin Luther King e seu papel na luta contra o racismo e a segregação nos EUA

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Por conta do movimento abolicionista nos EUA começou-se uma série de conflitos entre os Nortistas e Sulistas que culminaram na conhecida Guerra da Secessão, onde um lado, os confederados (Sulistas) queriam que os negros continuassem a ser escravos, enquanto que o outro lado da União (Nortistas) apoiavam o trabalho assalariado das pessoas negras, contra a escravatura.

A união foi considerada vitoriosa porém, ainda assim haviam movimentos contra os negros, violência explícita, na qual vale citar a seita denominada “Ku Klux Klan” na qual defendia uma supremacia branca e que espancavam e assassinavam pessoas negras até mesmo em plena luz do dia.

Fonte: encurtador.com.br/epDXY

Martin Luther King Jr., conhecido como King, é tido por muitos como o maior líder contra o Racismo nos EUA, mas que é conhecido mundialmente por conta da sua árdua luta pela verdadeira integração dos negros dentro da sociedade americana que sofria por conta da segregação e dos ataques à comunidade negra da época.

King nasceu 1929 em uma família de classe média dos EUA, e teve acesso a uma boa educação, o que era bastante incomum para o negro daquele tempo ter acesso a educação. Martin formou-se em sociologia e em Teologia e seguiu com seus estudos chegando ao Doutorado de Filosofia.

Como pastor, Martin baseou sua luta na fé cristã, da igualdade entre brancos e negros, Luther não pregava ódio contra brancos, ele dizia que as pessoas deveriam ser medidas pela riqueza do seu caráter e não por sua cor. Na sua luta sofreu imensas ameaças, violências e tentativas de assassinato, haviam diversos bombardeios nas igrejas em que os negros frequentavam e inclusive Martin teve sua própria casa bombardeada.

Na América havia a política do “endurecimento” onde pessoas negras eram presas por pequenas violações de trânsito, na maioria das vezes acusados por agentes da lei e portanto Martin Luther King foi preso após ser acusado de andar a 48 quilômetros por hora.

Toda essa situação causava um enorme desgaste psíquico de Martin Luther King, em suas palavras ele disse, “Parecia que todos os meus medos haviam se apossado de mim ao mesmo tempo. Eu tinha chegado ao ponto de saturação.” O líder sofria o pânico diante das reais ameaças contra ele, em contra partida o descontentamento de alguns que abandonavam a causa do Doutor King por conta do movimento sem violência, baseado nas ideias de Mahatma Gandhi.

Muitos daqueles que apoiavam Martin sofriam sérios riscos de vida, eram assassinados, brutalmente espancados sofriam constantes ameaças e racismo explicito, porém King era um grande líder, que inspirava confiança e todos sentiam um grande acolhimento por ele em suas ideias.

Fonte: encurtador.com.br/koBFZ

Seguiam se os protestos pacíficos liderados pelo Doutor King sendo um fato marcante o boicote aos ônibus no qual King foi acusado e preso por liderar pois foi tratado como um boicote ilegal. Em sua autobiografia ele fala sobre essa situação, onde foi decretado sua sentença, porém, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos aboliu a segregação dos negros quanto ao uso de coletivos, na qual Martin descreve que:

“Em circunstâncias normais, uma pessoa saindo do tribunal com uma condenação nas costas mostraria um semblante sombrio. Mas eu saí com um sorriso. Sabia que fora condenado por um crime, mas tinha orgulho do meu crime. Foi o crime de me juntar a meu povo num protesto não violento contra a injustiça.”

Durante uma de suas diversas prisões por seus protestos para derrubar a segregação, Martin escreveu uma carta pedindo aos negros americanos que continuassem a lutar por igualdade a partir de tribunais e não por meio das manifestações. Vale ressaltar que na época haviam pessoas brancas que também apoiavam a causa do Dr. King e que foram presas por esse motivo.

Após tantos protestos e lutas Martin Luther King conseguiu alcançar um grande número de pessoas em todo o país, tendo como fato marcante o seu discurso “I Have a Dream” (Eu tenho um sonho) no qual reuniu cerca de 260 mil pessoas numa passeata percorrendo a alameda onde está o monumento a Washington até o monumento a Lincoln em 1963.

Fonte: encurtador.com.br/ESVX0

Luther King ganhou o prêmio Nobel da Paz de 1964 por sua defesa dos direitos civis e sua liderança na resistência pacífica pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos, tendo sido na época a pessoa mais jovem a ganhar o prêmio (35 anos).

Fonte: encurtador.com.br/hCNX1

Martin continuou com seus discursos, protestos, sua luta pela igualdade de todos, sendo uma figura de grande importância para o fim da segregação. Seu apoio contra a dificuldade em se registrar eleitores negros resultou na assinatura da Lei dos Direitos de voto em 6 de agosto de 1965.

No dia 4 de Abril de 1968 Martin Luther King foi morto por um tiro, na sacada de um hotel em Memphis onde havia discursado um dia anterior, entende-se que a causa de sua morte se deu por motivos racistas, no qual muitos levantam como uma conspiração. Luther King que tanto admirava as ideias de Gandhi teve seu fim de forma semelhante e deixou um grande legado da luta contra o racismo e todas as formas de desigualdade.

Apesar da luta constante desse líder o racismo nos EUA e no Mundo, ainda é grande pauta e, se não fosse um problema ainda da atualidade, não seriam necessários os constates protestos contra as desigualdades que ainda hoje atingem a comunidade negra como por exemplo, as recentes violências policiais contra pessoas de classe baixa e principalmente negras no Brasil e no Mundo.

Por fim é válido citar uma famosa frase do Dr. Martin Luther King na qual diz: “O que me preocupa não é o grito dos violentos, mas o silêncio dos bons”.

Referências:

CARSON, Clayborne. A Autobiografia de Martin Luther King. Editora Schwarcz. Companhia das Letras, 2014.

DUARTE, Irael Alves. “Uma Ad Dos Conceitos-Análise: Liberdade, Igualdade e Justiça no Discurso “Eu Tenho Um Sonho” De Martin Luther King Jr”. 2019.

KING, Martin Luther. As palavras de Martin Luther King. Fount Paperbacks, 1985.

MARTIN, André. Guerra de Secessão. História Das Guerras, 2006.

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No furacão da COVID-19: ou agimos como o bambu ou lutamos contra o vento

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Feroz e veloz, o vírus atinge sem preconceitos ricos e pobres, fortes e fracos, crianças, jovens e adultos, desenvolvidos e emergentes, e diante da pandemia só consigo me inspirar em Eclesiastes.

Hoje é tempo de se recolher, orar e rezar sem se abraçar; tempo de poupar a saúde e de agradecer quem não a poupa por nós; tempo de prantear as perdas e agradecer as curas. Que todo ser humano coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho. 

E se não houver trabalho? O desemprego me aterrorizou. Quando desembarquei em São Paulo em 1980, caía um dilúvio. Pensei: chuva floresce e aqui vencerei. Mas, o que minha imaginação vislumbrava, a realidade deletava. A primeira demissão veio porque recusei ser amante do chefe. Achou-me topetuda demais por ser pobre, ambiciosa e ainda recusar “melhorar” de vida. 

Fonte: encurtador.com.br/cuER7

Por anos, temi não poder pagar a vaga do pensionado. A fome não me desesperava, mas não ter aonde dormir me apavorava. Poderia voltar para a casa dos meus pais. Mas, a sensação seria de fracasso e como desapontar meu pai, o único que acreditou na minha “loucura” de sair de casa aos 17 anos para “vencer” na vida. Trouxe na bagagem seu conselho de ter Deus no coração para me guiar numa cidade repleta de perigos. 

Por sorte, amava diversões gratuitas, como ler e caminhar. Andava pela Avenida Paulista e pensava: “tantas janelinhas aí no alto, deve ter uma para mim”. Para a realidade não deletar meus vislumbres, entrava no Trianon, um parque no meio da Paulista, e lá adquiria uma força infinita vendo nossa finitude diante de árvores centenárias. 

O desemprego deixou cicatrizes, mas o enfrentei com Fé e, como o bambu, movia-me com o vento, jamais contra ele. Muitos me humilharam nessa jornada e outros muitos me estenderam a mão. Minha última demissão foi 21 anos atrás por telefone na crise cambial brasileira. 

Fonte: encurtador.com.br/nopxT

Neste furacão da COVID-19 continuo sendo o bambu, sem lutar contra o vento, mais forte e mais veloz que eu. Agradeço por trabalhar de casa, com salário e benefícios, e poder retribuir quem hoje precisa de mim para se manter na quarentena. O salário e o vale-transporte de minha colaboradora doméstica continuam integrais. Alguns amigos fizeram o mesmo com as diaristas. Entendemos que nestes tempos de isolamento social estar em casa não é férias. Tempo de repartir e esbanjar generosidade e compaixão. 

Quando a fúria do furacão passar será como num pós-guerra. Os regentes precisarão reconstruir os estragos para que os regidos continuem a tocar na orquestra.

Somos pó e ao pó retornaremos, mas entre as lágrimas da chegada e as da partida, existe a VIDA; e se há VIDA, há luta e gratidão, porque certamente suave é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol.

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O que combina com a liberdade e a vida

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Todo ser humano deveria ter direito, desde o berçário, à moradia, à alimentação, à saúde, aos estudos, à segurança e ao transporte. Ninguém é livre morando nas ruas, pois mendigar não é liberdade. Para quem não tem nada, emprego é tudo. Emprego e salário justo são os pilares de sustentação de uma vida digna e livre. E o estudo é o alicerce dessa liberdade. Ver alguém escolher entre se sustentar e estudar é desumano. Estudo deveria ser sempre um direito, nunca um sonho.

Mas se o emprego é o pilar de sustentação de uma pessoa, o desemprego é o temporal que derruba esse alicerce. O desemprego rouba a autoestima, destrói famílias e coloca as conquistas de alguém em leilões, onde os ganhos de uns são perdas de outros.

O desemprego também pode ser uma oportunidade para se reinventar, mas quando ele assombra milhões de pessoas, deixando-as na miséria, há pouco espaço para reinvenção. Para quem nunca viveu o desespero de ver uma montanha de contas vencidas destruindo uma vida, o desemprego é só uma estatística, mas para quem o conhece, ele é um pesadelo.

Fonte: encurtador.com.br/gxJQ8

A liberdade também não combina com endividamento. Bom salário comprometido com dívidas penhora a carta de alforria de alguém no banco, e instituições financeiras não alforriam por compaixão

Outra coisa que combina com a liberdade é a coragem. Pessoas valentes podem ser muito diferentes entre si, mas têm algumas características em comum: não culpam ninguém por seus fracassos, encaram a realidade e batalham por seus sonhos, podendo adiá-los e reinventá-los, sem jamais abandoná-los. Por outro lado, pessoas que se queixam da vida e acusam outras por seus fracassos tendem a fugir da verdade e a se refugiar na ilusão da mentira. Só é livre quem não teme a verdade e sabe conviver com a realidade.

Um caminho seguro para a verdade é a leitura. Ler é uma bússola que nos aponta o Norte. A leitura pode não nos dar liberdade, mas certamente libertará nossa mente. Não somos livres para mudar certas realidades, apenas somos livres para escolher como lidar com elas.

Fonte: encurtador.com.br/cfvET

Nesta gangorra chamada vida, que ora nos leva para cima, mostrando as belezas lá do alto, e ora nos arremessa para baixo, nos ferindo com as pancadas, surgirão bifurcações. O caminho escolhido diante de uma bifurcação é que vai distanciar vitoriosos de perdedores. Perdedores perdem tempo reclamando e vitoriosos ganham tempo agindo.

Mas se a única garantia que vencedores e perdedores têm nesta vida, tão bela e efêmera como a flor de lótus, é a não garantia do minuto seguinte, devemos lutar ferozmente cada segundo vivo para escrevermos a história que sonhamos, porque a verdadeira comunhão com a liberdade é a vida.

Sem vida, não há luta.

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