Estamos vivendo uma época muito boa para a psicologia, onde a popularização das profissões psi estão em alta. Já não se tem mais tanto estigma em relação a profissão. Não enxergam mais como loucos aqueles que fazem terapia e a profissão deixou de ser elitizada, fazendo com que as massas possam ter acesso à ela.
Porém, em relação a isso, algo deve ser visto com preocupação. A popularização das profissões psi também trouxeram uma popularização das doenças mentais. Vejo com extrema preocupação o grande número de “doentes” mentais ou psicológicos.
Com frequência temos ouvido algo como:
“Tomo 2mg de Clonazepam (Rivotril) e você?”
“O médico passou 2mg, mas estou tomando 4mg. Mas estou tomando também 10mg de Metilfenidato (Ritalina) “
“Rivotris” e “Ritalinas” surgem de bolsas, mochilas, armários e caixinhas de remédio com uma força cada vez maior. Dividem espaço com dipironas e Dorflex em nossas farmacinhas dentro de casa e são distribuídos aos parentes como se fossem água.
Fazer uso desses fármacos tem gerado uma condição de status.
“Eu tomo Rivotril e você não.”
Em 2010 o Brasil consumiu 2,1 toneladas de Clonazepam, a droga da paz já é a segunda droga mais consumida, perdendo apenas para o anticoncepcional Microvlar (Super Interessante – Julho 2010).
Esse grande consumo do benzodiazepínico é muito facilitado devido ao baixo preço do fármaco e a facilidade com que as receitas do tarja preta são conseguidas.
Creio que a popularização das profissões psi seja muito benéfica. Porém devemos tomar muito cuidado com o que isso pode acarretar. Não podemos passar de um país que teme e sataniza as doenças mentais e as profissões psi, para um que os idolatra e diviniza.
Estamos nos transformando em um país “psicohipocondríaco”. E pessoas que antes não tinham nenhum problema com isso, lotarão nossas clínicas devido essa forma de histeria coletiva que tem nos assolado.
Nota: Texto originalmente publicado em http://psicologia-ro.blogspot.com.br/2012/08/brasil-um-pais-de-psicohipocondriacos.html