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Não se faz clínica na escola: o olhar da Psicologia Educacional

A psicologia escolar se constitui como uma das áreas de atuação da psicologia, que tem por objetivo contribuir para a promoção do desenvolvimento humano no contexto educacional. A psicologia escolar também tem como propósito promover um ambiente educativo de qualidade, que manifeste a diversidade, a inclusão e que seja democrático. O profissional de psicologia que atua na área educacional/escolar pode trabalhar diretamente com alunos, professores, gestores e educadores não docentes (demais funcionários), bem como com a comunidade escolar (vizinhos da escola, familiares dos estudantes, entre outros).

Não só o processo educativo interessa à psicologia escolar, mas também uma formação de qualidade, a saúde mental dos servidores e melhores condições de trabalho. Desta forma, entende-se que o papel da psicologia escolar é desenvolvido na coletividade, visando as relações que tensionam o espaço-escola. Portanto, o atendimento clínico e psicoterápico, geralmente esperado deste profissional, não é responsabilidade da atuação da psicologia escolar.

O conhecimento deste campo de ação tem como referência questões do desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Também busca entender o processo de aprendizagem de forma abrangente a fim de proporcionar apoio para que os educadores, docentes e não docentes, tenham condições de criar um ambiente escolar que responda as necessidades heterogêneas que ali se apresentam.

Considerando o período atual em que nos encontramos, e o contexto da pandemia, que afetou em larga escala os processos educacionais, entende-se que a realidade que os estudantes e educadores encontrarão nas aulas presenciais é bastante divergente da realidade pré-pandemia. Também deve-se levar em consideração que, caso não seja possível o retorno 100% presencial, o ensino híbrido, ou remoto, deve se adequar às necessidades atuais.

A pandemia constitui-se como um evento de proporções gigantescas, que evoca questões como estremecimento das relações, luto coletivo, aumento das ansiedades e depressões e fragilidade dos vínculos. Por esta razão, deve-se entender como esses acontecimentos afetam os processos de ensino-aprendizagem e trabalhar em prol de fortalecer as comunidades escolares para lidarem com as dificuldades advindas disso. O trabalho da psicologia, portanto, constitui-se como fundamental para lidar com essas dificuldades, tensões e ansiedades que naturalmente se apresentam em períodos de adaptações.                                                                                                 

          Fonte: imagens/google.com.br

 

 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR

Todo indivíduo ao ingressar na escola, traz consigo um repertório de vivências que adquiriu com a convivência com sua família de origem e que contribuiu para até então à formação da sua singularidade, que vai diferenciar o seu eu dos outros indivíduos. Nesse sentido, faz-se necessário como profissional atuante da educação que todos os envolvidos no campo educacional, desses indivíduos compreendam como funciona a sua dinâmica tanto familiar como social, para conseguir o maior manejo dentro da sala de aula e nos outros espaços educacionais (MARTINS,2010). 

As informações que são solicitadas pela escola, propõem um diálogo para facilitar o processo de inserção afetiva desses alunos nas unidades escolares, a fim de proporcionar segurança e pertencimento. O principal objetivo desta comunicação é formar um clima cooperativo entre as famílias e as instituições (ZEICHNER, 2008).

As atribuições desenvolvidas pelas escolas permitem o acesso a essas informações pois diz diretamente aos modos em que cada criança se porta no ambiente familiar, como é o convívio com as pessoas da família nuclear, o que gosta de fazer, o que pode contribuir ou não no processo de desenvolvimento de novas habilidades sociais. Assim como, à família os vê, como percebem esse novo momento da criança, e principalmente como foi trabalhado isso no ambiente familiar, e se à criança apresentou algum comportamento ansiogênico acerca desse novo momento (ZEICHNER, 2008).

A partir do momento que se obtém as informações sobre a dinâmica familiar, a escola busca se aproximar mais da realidade que esse aluno está inserido, e a partir dessa observação buscará se entender como será trabalhado a participação do núcleo familiar durante todo o processo de escolarização desse aluno. Destaca-se à real importância de observar à postura dos pais, para melhorar 

Compete ao psicólogo escolar:

Ressalta-se que o trabalho do psicólogo educacional/escolar não é clínico, nem psicoterápico. 

 

Referências:

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA.  Psicologia Escolar: que fazer é esse?/ FRANSCHINI, Rosângela; VIANA, Meire Nunes Conselho Federal de Psicologia. – Brasília: CFP, 2016.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) na educação básica. 2ª ed. (2019). Disponível em:                                                      <https://site.cfp.org.br/publicacao/referencias-tecnicas-para-atuacao-de-psicologasos-na-educacao-basica/ > Acesso em 26 de jan. 22. 

MARTINS, LM., and DUARTE, N., orgs. Formação de professores: limites contemporâneos e alternativas necessárias [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 191 p. ISBN 978-85-7983-103-4. Available from SciELO Books .

ZEICHNER, Kenneth M. Uma análise crítica sobre a “reflexão” como Conceito estruturante na formação docente. Educação & Sociedade, v. 29, n. 103, p. 535-554, maio/ago. 2008. Disponível em: Acesso em: 15 fev.2023.

  “Psicologia Escolar: que fazer é esse?” organizado por Meire Nunes Vieira e Rosangela Francischini, publicado e divulgado pelo Conselho Federal de Psicologia em 2016; Referências Técnicas para atuação de Psicólogas(os) na Educação Básica, material publicado pelo Conselho Federal de Psicologia, edição revisada de 2019.

 

 

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