“O homem do mar me atravessa o pensamento com força.”

 Os homens que se entregam ao mar nos botes/canoas/jangadas têm seus caminhos feitos de vento e de água na conjunção com o barco. As insígnias maiores do trabalho da pesca em alto-mar são a liberdade e, ao mesmo tempo, o perpétuo esforço. Quem diz como será a pescaria não são os homens que habitam temporariamente as embarcações, mas o próprio mar. O pescador sai do porto e tropeça em ondas, desliza em correntes marítimas, iça a vela, usa tempestades para locomoção, gira o mastro, faz da calmaria oportunidade para contar causos, ancora, lança redes, linhas, tarrafas, navega, navega, navega, navega…

O homem do mar me atravessa o pensamento com força. Aliás, assim é ele: um homem forte. Forte ao transportar cargas, limpar o barco que lhe abriga e carrega, suportar a solidão, pescar seu sustento, fazer viver histórias do seu casamento com o mar.

Ariana Campana

Médico psiquiatra. Doutor e Mestre em Psicologia pela UNESP/Assis.