(En)Cena – A Saúde Mental em Movimento

O que é ser psicólogo?

Compartilhe este conteúdo:

Existe um grande estigma e várias crenças do senso comum que dão diferentes funções para um psicólogo, até em terapia, os pacientes ficam confusos no início sobre qual o nosso papel ali, na maioria das vezes pensam que nós é quem vamos resolver os problemas de cada um, mas imagina só ter esse poder? e seria possível agradar a todos? e é até engraçado pensar que outra pessoa que nem te conhece seria capaz de resolver questões da vida que você passou anos construindo, mas eu entendo, o peso da responsabilidade de ser protagonista até dos seus problemas e resoluções é muito difícil, duro, solitário.

Mesmo sendo pensamentos do senso comum, nós, estudantes, e possivelmente os profissionais, nos pegamos várias vezes tendo que enfrentar a autocobrança quando os pacientes não estão conseguindo refletir e resolver os tais problemas e, por isso, repetidas vezes precisamos nos lembrar do nosso objetivo, e qual seria mesmo? Uma escuta qualificada, acolhimento, validação, aplicar técnicas, causar reflexões, ser rede de apoio, ajudar a construir outras redes, mas tudo isso dentro do consultório ou de outro espaço do profissional, mas tem algo que ninguém conta, que é o ser psicólogo fora desses lugares, porque, diferente de outras profissões nós não conseguimos deixar tudo isso da porta para dentro, já é parte integral do nosso ser.

Digo isso porque, quando chega o momento de nós termos que resolver nossos problemas, fazemos tudo isso dentro de nossos pensamentos, não conseguimos mais ser a pessoa que não pensa no todo, que não pensa nos próprios sentimentos e nos dos outros. Quando erramos e magoamos alguém na nossa vida pessoal, isso tem um peso completamente diferente e, pelo menos para mim, isso gera inúmeras reflexões, pensamentos, ações, não conseguimos mais ser egoístas, ignorantes, hipócritas, e quando alguém erra conosco é exatamente da mesma forma, o todo é considerado. Isso é cansativo, porque, às vezes, eu quero sim apenas ser egoísta e agir de forma impulsiva e irracional, mas, dentro de tudo que aprendemos todos os dias, acabamos sempre voltando para integralidade, para os sentimentos e para empatia, e claro isso não é para todos, cada experiência é única, mas para minha realidade é assim que acontece.

No fim, acho que ser psicólogo é justamente isso, uma constante prática de acolhimento e movimentos de compaixão consigo e com os outros, o que é extremamente difícil de adquirir e que, por isso, precisa ser praticado. Na faculdade, não só aprendemos conteúdos, como também aprendemos a nos reestruturar como pessoas. Muitas crenças e valores precisam ser construídos e reconstruídos para exercer essa profissão de forma ética e competente, um exemplo disso é que, se você constantemente julga alguém na rua, será difícil não fazer isso com seus pacientes, e é por isso que digo que a postura e a psicologia são praticadas diariamente para que assim ela possa fazer parte e fazer sentido dentro da nossa vida. E sim, temos muitos problemas, somos ansiosos, estressados, inseguros, assim como a maioria, e isso também nos torna psicólogos, assim como nos torna humanos, objetos de identificação e capazes de acolher.

Compartilhe este conteúdo:
Sair da versão mobile