Introdução: A inclusão como caminho para superação do fracasso escolar!

O texto “Passagens: a psicanálise em movimento” de Patto (2005) é um convite para refletir sobre a temática da inclusão escolar.  Apesar de haver o respaldo em leis atuais que ditam que os direitos devem servir a todos, igualitariamente, na realidade concreta, o inverso se faz real e visível: os espaços sociais não se adequam, e os sujeitos que formam parte desses ambientes. Do contrário, se comportam de forma contrária ao que se é pregado verbalmente e ao que é ditado através das regras constitucionais estabelecidas. 

Como exemplo dessa realidade falha, entra a questão da inclusão escolar e do direito à educação. Mesmo que crianças portadoras de necessidades especiais sejam abrangidos pelas leis e normas vigentes, na práxis, o que de fato se vê, é o abandono e a inépcia diante dessas crianças. 

Esse desamparo carrega uma raiz social e cultural, por vezes associada à uma falta de conhecimento e extenso despreparo. Sendo assim, é quase que preferível se manter na ignorância por comodismo e culpabilizar terceiros sem iniciar questionamentos e movimentos transformadores, criando então um ciclo vicioso que se retroalimenta em prol de uma inércia palpável que gera prejuízos para aqueles que necessitam ter acesso aos direitos dignamente. Para quem é a escola?

Em consonância com tais fatos, têm-se as vivências reais que exemplificam as dificuldades sentidas e vividas, bem como as limitações que ainda persistem. Essas vivências densas e árduas se tornaram notícias em distintos canais de comunicação, revelando a necessidade de uma mudança profunda e extensa no meio social e escolar.

São inúmeros os relatos advindos de pais de crianças com problemas de aprendizagem ou atraso no desenvolvimento que pedem por mudanças no processo escolar que, por vezes, chega a ser violento. Na outra ponta, temos os professores que afirmam o despreparo, a falta de recursos e apoio. 

As questões levantadas por Patto (2005), trazem essa reflexão para problematizar as instituições formadoras que se propõem à atividade de formar, mas que na prática excluem e segregam. O que é inclusão? Certamente é mais que estar no espaço: perpassa a ocupação dos ambientes sim, mas além de preencher, incluir diz da possibilidade de transformar realidades e, neste processo cíclico, se produzir e se reproduzir. É um processo dinâmico, contínuo, vivo e potente! Para incluir precisamos de mais do que simples profissionais/educadores capacitados: precisamos de seres humanos imbricados na tarefa de ensinar, de formar, de desenvolver… 

Na série: “(Re)Produção do Fracasso Escolar: a potência libertadora do ato de ensinar”, trazemos entrevistas realizadas com docentes de diferentes etapas do processo de formação acadêmica, tanto do segmento público quanto privado, para falarmos sobre a inclusão escolar e os desafios da docência na atualidade.

Referências

PATTO, Maria Helena Souza. Prefácio. Passagens: a psicanálise em movimento. In: COLLI, Fernando Anthero Galvão; KUPFER, Maria Cristina Machado. Travessias: inclusão escolar: a experiência do Grupo Ponte Pré-Escola Terapêutica Lugar de Vida – USP. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005, p. 9-16.

SILVEIRA, J. C. Autismo: inclusão para além do diagnóstico. Extra Classe, 12 mai. 2022. Disponível em: https://www.extraclasse.org.br/educacao/2022/05/autismo-inclusao-para-alem-do-diagnostico/ . Acesso em 10 nov. 2022.