Educação em Transformação: reflexões sobre o efêmero e o incerto no século XXI

José Lauro Martins apresenta uma abordagem inovadora, desafiando conceitos tradicionais e propondo mudanças essenciais para atender às demandas da educação contemporânea

 Débora Rosa de Oliveira Ribeiro (Acadêmica de Psicologia) – deboraribeiro86@rede.ulbra.br

 

O livro “Efêmero & Incerto” é uma obra escrita por José Lauro Martins, da Editora Atena, que oferece uma visão sobre a educação com o intuito de validar as mudanças necessárias. A educação tradicional não corresponde às demandas da modernidade, tampouco aos anseios da juventude contemporânea. Neste livro, é possível encontrar argumentos que abordam um novo modo de conduzir a educação no século XXI, considerando a necessidade de transformações para se adequar aos novos tempos.

O termo “efêmero” significa passageiro, temporário e transitório, enquanto “incerto” remete a variável e inconstante. Dessa forma, no título do livro, o autor faz uma alusão à educação, convidando-nos a refletir sobre a transformação, indicando um novo período para o campo educacional.

O livro está dividido em dez capítulos, sendo que os capítulos abordados serão o capítulo 4 – “Para que serve a escola?” e o capítulo 5 – “Ensino Híbrido: O que há de novo”. Essas seções conduzem os leitores à necessidade de inovação, começando pelo planejamento pedagógico, e proporcionam uma reflexão sobre o ensino híbrido, destacando sua potencialidade para transformar e inovar a educação. O autor argumenta que a inovação vai além de simplesmente colocar atividades em ambientes virtuais e usar vídeos nas aulas.

No início do capítulo 4, o autor aborda a utilidade da escola, destacando que ela é uma comunidade dinâmica de pessoas com relacionamentos, biografias e sensibilidades únicas. Cada escola possui sua singularidade e está conectada ao mundo ao seu redor, sendo um lugar onde se preocupa com o presente para a formação do futuro. Isso ocorre devido ao investimento no contexto educacional, que não é realizado apenas pelo Estado, mas também pelos milhões de brasileiros que compõem esse cenário. Portanto, a educação não é um fenômeno isolado, mas sim complexo e sistêmico. Em resposta à pergunta do capítulo sobre a utilidade da escola, o autor enfatiza que o que importa não é a utilidade, mas sim a responsabilidade de todos nós. Todos no presente necessitam da escola e contribuirão para o futuro daqueles que estudam lá.

O autor reflete sobre a ideia de que a escola deveria ser atemporal, uma vez que deveria testemunhar o futuro, independentemente do momento em que está inserida, afinal, ela é uma parte integrante do futuro de todos. A escola foi estabelecida pela sociedade com o propósito de desempenhar seu papel de ensinar, no entanto, ensinar no sentido tradicional não garante a efetiva aprendizagem. A verdadeira preocupação com o processo de aprendizagem de cada aprendiz é o que transforma um professor em um educador. Em outras palavras, independentemente do conteúdo que o professor ministra, o que realmente importa são suas competências didáticas e o quanto ele se importa com o progresso de cada um de seus alunos ou aprendizes.

                                                                                                                 Fonte: https://br.freepik.com/fotos

O autor propõe aos educadores uma reflexão sobre o planejamento do conteúdo de ensino, destacando a importância de não apenas considerar o tempo dedicado ao ensino, mas também reconhecer o tempo efetivo de aprendizagem para cada tópico do currículo. Ele ressalta a necessidade de incluir períodos de ociosidade para a vida familiar e social, indo além das restrições temporais, uma vez que o tempo de ensino não corresponde diretamente ao tempo de aprendizagem.

O texto alerta para a armadilha de associar a inovação pedagógica apenas à introdução de equipamentos digitais, enfatizando que a mera digitalização do conteúdo existente não constitui inovação. Muitas vezes, essa abordagem resulta na continuidade de métodos tradicionais de ensino, sem alterações significativas no currículo ou na prática dos professores.

O autor destaca a importância do planejamento pedagógico como ponto de partida para a inovação, permitindo a identificação de necessidades e possibilidades de mudança na educação. Ele critica a visão simplista de adotar o ensino híbrido como uma fórmula pronta, evidenciando que a implementação bem-sucedida requer mais do que simples investimentos em tecnologia. O texto aponta que a verdadeira inovação requer uma abordagem mais holística, superando a dicotomia entre ensino presencial e à distância.

O capítulo 5 do texto aborda a tentativa de inovar o currículo tradicional por meio do ensino híbrido, destacando o papel muitas vezes solitário do professor na definição, preparação, ministração e avaliação do conteúdo. O autor argumenta que, embora algumas formas de apresentação do conteúdo e acompanhamento dos alunos estejam sendo experimentadas, isso ainda não é suficiente, especialmente em sistemas educacionais públicos que enfrentam atrasos administrativos.

O texto enfatiza que a verdadeira inovação educacional vai além de projetos isolados ou experimentais. O autor desafia a noção de que investimentos em tecnologia são a única solução para a implementação bem-sucedida do ensino híbrido, sublinhando a necessidade de uma gestão curricular eficaz e uma abordagem organizacional contemporânea. Ele destaca que a qualidade da educação não está intrinsecamente ligada a plataformas digitais ou aulas presenciais, mas sim à capacidade de estruturar o currículo de maneira criativa, mantendo o foco no conhecimento e na responsabilidade para evitar insatisfação e insegurança. Em última análise, o texto enfatiza que o nome dado à organização curricular é menos relevante do que a prática pedagógica efetiva.

Referências

 

MARTINS, José Lauro. Efêmero e incerto: o futuro já chegou / José Lauro Martins. –

Ponta Grossa – PR: Atena, 2022.