Danilla Façanha fala sobre os desafios da volta aos estudos após a maturidade

“Não desista quando ainda estiver na superfície, aprofunde-se com a certeza que a fé lhe dá e com a plenitude que a maturidade traz.” (Danilla Façanha) 

O EnCena entrevista a acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra, Danilla Façanha, natural de São Paulo-SP, crescida e criada em Teresina – PI e atualmente residente em Palmas- TO. Danilla é filha, esposa, mãe de 3 filhos e 2 netos. É formada em Serviço Social, Pedagogia, especialista em Educação, em Neuropsicopedagogia clínica/institucional, Análise do comportamento-ABA e agora formanda em Psicologia (2022/2). Trabalha atualmente em uma escola como Coordenadora Pedagógica e cursa psicologia na companhia de sua filha. 

Danilla fala ao (En)Cena sobre sua experiência em retornar aos estudos após a maturidade, conciliar a vida agitada, envolvendo o trabalho, a família e os estudos. E o que a levou a esse novo desafio foi o amor em aprender sobre o ser humano.

(En)Cena – Como foi a sua escolha pela Psicologia?

Danilla Façanha – Eu já era formada em Serviço Social, pós-graduada na área social, atuava nesta profissão,  mas não me sentia totalmente realizada e então decidi que queria outro curso superior  mas tinha que ser Psicologia. Neste tempo, 2017, fiz o vestibular na modalidade portadora de diploma, que neste edital previu 1 vaga para Psicologia. Então fiz e passei nesta única vaga apenas. Naquele momento entendi que a Psicologia era para mim, pois só tinha esta vaga e Deus me deu a oportunidade. Então agora era só eu a estrada da Psicologia. Muito feliz e determinada comecei a minha jornada neste curso rumo à Miracema do Tocantins, pois o campus da Federal para o curso de Psicologia está lá!  

(En)Cena –  Como foi a sua jornada de estudante para conciliar família e trabalho com estudos em outra cidade?

Danilla Façanha – Foi difícil. Eu acordava às 5:00h da manhã, pegava o ônibus que passava às 6:00h da manhã e seguia rumo à Universidade. Chegava lá por volta das 7:45h e a aula começava às 8:00h. O curso era integral e a grade fechada, logo eu ficava o dia todo na cidade de Miracema TO, todos os dias da semana e retornava a noite para Palmas. Fiz essa jornada por 4 períodos e no 5º período me transferi para a Ulbra TO. 

(En)Cena – Como foi a sua experiência de transferência de faculdade?

Danilla Façanha – Para mim foi muito boa, pois estudar na cidade em que a gente mora é o ideal e agora eu pude desfrutar melhor do curso! Na Ulbra vivi novas experiências acadêmicas, uma delas foi os estágios psicoterápicos em clínica. Aprendi de fato em 1 ano de clínica atendendo pacientes e sendo supervisionada pelos meus Professores Psicólogos Orientadores o que de fato é a clínica Psicológica! Simplesmente aumentou e firmou mais ainda a minha paixão pela Psicologia Clínica!

(En)Cena – Muitos filhos ao escolherem uma carreira preferem seguir a formação dos pais, mas como é a experiência de poder cursar Psicologia juntamente com a sua filha?

Danilla Façanha – Nossa, foi muito agradável para mim esta situação. Não foi uma situação planejada, eu já era formada, mas sempre quis fazer Psicologia, então fiz vestibular e passei na Universidade Federal do Tocantins e me matriculei. Ocorre que a Rebeca, minha filha, ao sair o resultado do ENEM daquele ano, ela colocou a nota para Psicologia e também passou. Nesta ocasião, em Fevereiro de 2018, quando saiu o resultado da aprovação da Beca, foi que a nossa “ficha caiu”, que iríamos estudar juntas! É uma situação diferente e nada comum, mas foi muito agradável viver este momento de formação acadêmica com minha filha. No curso eu  procurei ao máximo ser leve com ela para deixá-la solta e livre para cursar a sua primeira graduação. Afinal não queria que o meu processo atrapalhasse o dela. Assim tentei permitir que o meu lado mãe se neutralizasse em muitos momentos para que o meu lado colega de curso aparecesse. Creio que essa atitude lhe permitiu viver o processo com muita leveza e criação da sua própria autonomia. Eu nunca precisei fazer nada por ela e nem ela por mim no sentido de uma fazer pela outra, pelo contrário cada uma fazia o seu, seguia as sua escolhas tanto é que na escolha da abordagem para o estágio clínico, ela escolheu análise do comportamento e eu escolhi Psicologia Analítica, com orientadores e manejo clínico diferente. O lado bom que fazíamos uma pela outra era trocar ideias, discutir sobre assuntos das matérias da psicologia, trabalhos, sobre as apresentações de seminários e casos clínicos, uma troca de conhecimento muito rica uma vez que estávamos se formando no mesmo curso! Ela por sua vez sempre foi muito madura e soube administrar muito bem esta condição, afinal não deve ser fácil fazer seu curso superior com sua mãe na mesma sala (rsrsrs) Foi muito lindo tudo! 

(En)Cena – Como foi a adaptação durante o período da pandemia com as aulas de forma remota na universidade, o trabalho e a família?

Danilla Façanha – Foi muito bom este período. Estudei bastante e o online não me impediu de realizar as propostas acadêmicas. Pelo contrário, me instigou mais ainda pela busca do conhecimento. Nesse período da pandemia, aproveitei e também terminei o meu curso de Pedagogia, que havia começado em 2019, concluí todo com estágio do maternal ao ensino médio em escola regular. Ainda fiz duas especializações simultâneas na área de educação. 

(En)Cena – O que te motivou a fazer psicologia?

Danilla Façanha – A riqueza do conhecimento sobre o ser humano. Toda a complexidade que envolve as relações humanas e o potencial oculto sobre o que nós somos. Amo estudar e aprender sobre o ser  humano, sobre a simbologia que nos rodeia e que a expressamos envolto da persona que criamos e apresentamos na sociedade. Há um fascínio sobre isso que me encanta.

(En)Cena – Cursar Psicologia exige bastante tempo para estudar. Diante disso, quais são os maiores desafios para conciliar os papéis que você exerce e a universidade?

Danilla Façanha – O maior desafio sem dúvida é conciliar o trabalho e o estudo, pois ambos requerem um gasto de energia significativamente grande. O trabalho é essencial, é dignificante e amo trabalhar em escola, porém é o que detém a maior parte do meu tempo, como também é o que me consome mais energia física e psicológica neste momento. Escola é um ambiente vivo, rico em diversidade e manifestação humana, o que justifica todo esse gasto de  energia, pensamento lógico e analítico.  Já a faculdade é a minha fonte de refúgio, pois lá na academia estudo, aprendo e sei que a cada dia fico mais perto de alcançar o sonho de ser psicóloga! Há uma frase que diz assim: “Trabalhe no que você gosta e você não precisará trabalhar um dia sequer”, é sobre isso: prazer!

(En)Cena –  Qual dica você deixa para quem pretende cursar psicologia? 

Danilla Façanha – A principal dica é: Goste de pessoas, de gente, de ser humano! 

Dica 2: Saiba ouvir. Uma escuta qualificada é grande parte do processo terapêutico.

Dica 3: Olhe o ser humano com uma lente expandida com a percepção da complexidade e riqueza de fatos únicos que guarda a vida e a história de cada um.

Dica 4: Tenha em mente que todas as suas convicções e crenças são somente sua e que devem permanecer assim, pois ética é uma palavra que você vai conjugar desde o primeiro período do curso e se quiser ter uma história profissional bem feita, esta ética lhe acompanhará!

Dica 5: Ame a Psicologia, entenda-a como parte de sua vida, de seu processo de individuação e crescimento, assim sendo você irradia luminosidade científica por onde atuar!

(En)Cena –  Qual a área de atuação você pretende focar depois da formação?

Danilla Façanha – Gosto muito das variadas atuações e abordagens da  psicologia, mas pretendo focar no atendimento com adultos e jovens  na Psicologia Analítica. Já com o público infantil atuarei em Avaliação Neuropsicológica e reabilitação neurocognitiva. As crianças são minha paixão clínica, também (rsrs)

(En)Cena –  Qual mensagem você deixa para os nossos leitores?

Danilla Façanha – Deixo a mensagem do autor de uma das abordagens que sou apaixonada a Psicologia Analítica, Carl Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”.