Fonte: Imagem de arquivo próprio

Psicologia no Esporte: Roberto Burns fala sobre a atuação do psicólogo no futebol

Karen Keller Oliveira- karenkelleroliveira@rede.ulbra.br

 

O (En)Cena entrevista o psicólogo Roberto Burns, que carrega em sua história um laço antigo com a Psicologia do Esporte. Quando criança, começou a jogar futebol, que é enraizado em suas origens familiares, e ainda menino se apaixonou pelo esporte. Iniciou trabalhos na área do futebol em estágios quando cursava Psicologia e atualmente possui experiência como coordenador técnico esportivo; técnico e auxiliar técnico de categorias de base e Analista de Desempenho de futebol profissional.

Roberto possui foco em clubes e escolas de futebol; consultoria para atletas de alto rendimento e atendimento clínico para redes (casais e famílias). Em 2023, o psicólogo fundou a empresa Ampliase, que atua na coordenação e consultoria para atletas e equipes de alto rendimento.

(En)Cena – Roberto, como foi a escolha de trabalhar na área da Psicologia do Esporte?

Roberto Burns – O esporte no geral, mas especificamente no futebol, está na minha vida desde o início. Meu pai sempre foi apaixonado por futebol, jogou futebol, meu avô jogou futebol, então isso vem muito forte desde as minhas origens familiares e também acabou que durante o meu desenvolvimento fui pegando gosto também. Joguei futebol de forma competitiva, nunca fui um atleta de algum clube relevante, sempre atuei em Palmas, mas em escolinhas foi de forma competitiva até os 11, 12, 13 anos. Consequentemente, fui pegando gosto não apenas pela parte do jogar o futebol, mas também compreender o jogo e as situações. Entrei no curso de Psicologia, depois disso comecei a conhecer um pouco a Psicologia do Esporte e acho que foi um caminho construído já desde a minha infância que culminou com a Psicologia e a atuação nessa área. Foi algo que eu tinha esse interesse e ainda no 8º período já comecei a atuar em estágios e logo que me formei também já estava basicamente encaminhado em um clube que eu já havia feito estágio anteriormente.

Seu trabalho é focado em algum ramo específico do esporte?

É focado no futebol. Eu ainda não tive experiência e também não tenho bagagem teórica para outros esportes. No futebol, especificamente, eu pude juntar a parte técnica por ter trabalhado na parte técnica como analista de desempenho, técnico e auxiliar técnico do Palmas nas categorias de base dos 14 até os 17 anos de idade e depois sub-20 também. Atuei na equipe profissional como analista de desempenho, então muito dessa parte técnica eu estudei e experienciei e alinhando essa parte técnica alinhei também a parte mental com a Psicologia. O meu foco hoje é integralmente no futebol, não excluo outras possibilidades, mas hoje é onde me sinto seguro e onde me traz desafios e motivação para trabalhar.

Como é a atuação do psicólogo no futebol?

O psicólogo no futebol contempla uma das áreas de atuação. Acho que tem que colocar a psicologia no lugar que ela deve estar. Eu não gosto de dar relevância exacerbada à nossa atuação e nem também de não dar a relevância merecida. Eu não concordo com a psicologia ser a salvadora do mundo. Mas também não concordo com algumas vezes em que ela é subestimada por fatores sociopolíticos, por fatores também de mercado que acabam englobando só os políticos. Então eu gosto de colocar a Psicologia no lugar que ela está hoje no futebol. A psicologia está integrada em uma das quatro partes de trabalho. No futebol a gente tem a parte técnica, que é a parte de tudo aquilo que tem a ver com a bola nos pés. A parte tática que tem a ver com posicionamento, leitura de jogo, filosofia do time, a parte física que envolve tudo aquilo que tem a ver com o corpo. Então, impulsão, aceleração, velocidade e força é a parte mental. E é nessa parte mental que a psicologia entra. Eu gosto muito de deixar a gente bem quadrado, onde eu acho que deva estar. Não só eu acho, mas enfim, pelas fontes, que é por onde eu sempre estudei e fiz os cursos. Eu entendo que esse é o caminho, então ela é uma das quatro partes de atuação, deve ser respeitada como tal, deve receber a relevância que cabe a ela. Hoje a gente está em uma crescente boa de questão de reconhecimento. Tem uma disputa muito forte também com outras áreas que trabalham a performance em relação à parte mental. Então a gente às vezes está ali dividindo o mercado com alguém que trabalha com coaching, com mentoria esportiva, coisas do tipo. E eu acho que temos que trabalhar mais, tem que estar acessível cada vez mais sob o ponto de vista de linguagem, de conteúdo, para que consigamos fazer com que as pessoas compreendam a Psicologia como uma prática técnica e uma prática capaz de trabalhar em vários lugares, que a gente tira um pouco desse misticismo que existe em relação à Psicologia e passe a trazer ela cada vez mais para um mercado comum, não algo fora da caixinha. Resumindo, dentre as quatro partes de atuação dentro do futebol, a Psicologia entra em uma delas, que é a parte mental. Então, a comissão técnica é composta por pessoas que trabalham com a parte técnica, tática, física e também a parte mental.

Como é realizada a coordenação e consultoria para atletas e equipes?

Ela faz parte da empresa que eu criei em janeiro, que se chama Ampliase, uma empresa que tem foco na coordenação de projetos esportivos, não necessariamente na área de atuação da Psicologia. Então, eu trabalho em escolinhas de futebol, trabalho em projetos sociais e desenvolvimento, desenvolvendo metodologia e a parte da coordenação. Já a consultoria para atletas e equipes é outro ramo que eu trabalho dentro da própria Ampliase. Então, dentro da Ampliase eu tenho o trabalho dedicado à parte de coordenação, a parte de desenvolvimento de projetos. Aliado a isso tem a parte que entro com a Psicologia. Não que a Psicologia esteja separada uma parte ou outra, mas eu entro formalmente com ela na parte de consultoria para atletas. E o que é isso? Um pouco distante do processo psicoterapêutico. Eu, dentro da parte mental, dentro daquilo que eu sou capaz de propor. Reflexão de ampliar a visão do atleta sobre a perspectiva mental. Então a gente trabalha bastante a questão das emoções, a questão da ansiedade, como isso é aplicado no campo, como que não é. “O que eu posso fazer com isso? O que eu faço com o meu erro? Qual é o tamanho do erro? Qual é a importância do erro?” É uma parte em que eu coloquei como consultoria, porque eu acredito que seja isso. Então não é um processo psicoterapêutico, é um processo que eu faço intervenções mais práticas, intervenções às vezes mais objetivas. E, enfim, é um trabalho com atletas e hoje no futebol principalmente com atletas de base. Atualmente eu tenho trabalhado com mais de dez atletas, dos oito até os 17 anos. Coordenação esportiva e desenvolvimento de projetos esportivos não necessariamente é a parte psicológica. A consultoria é uma parte psicológica, mas que também não é psicoterapia. Tudo isso é endossado pela Ampliase como um CNPJ. Então, eu decidi traçar esse caminho para que eu pudesse fugir um pouco da imagem do Roberto e deixar isso profissionalizado em nome de uma empresa, porque eu acho que eu poderia ampliar a minha área de atuação e possibilitar novas oportunidades.

O atendimento é feito de forma individual e em grupo?

O atendimento é feito de forma individual em relação à consultoria. Eu atendo cada atleta de maneira diferente e a metodologia tem uma base, mas é bastante resiliente nesse sentido. Já o atendimento em grupo ocorre com as equipes. Hoje eu trabalho para o FlaPalmas, que é uma equipe de desenvolvimento de base aqui, mas é a equipe mais vencedora do estado. Esse trabalho eu faço quase que integralmente em grupos. Então eu trago os atletas para a clínica. Lá a gente trabalha várias perspectivas, mas principalmente o ponto é propor reflexões. Eu tento não deixar grandes frases de efeito, algumas máximas, eu evito fazer isso. Eu tento principalmente propor reflexão para que eles se compreendam enquanto grupo, se compreendam enquanto pessoas que se relacionam profissionalmente, se relacionam socialmente e, enfim, o foco e propósito são levantar temas do cotidiano que eles estão vivendo ou que eles não estão vivendo, o que eles podem viver, o que eles não podem viver. Tudo isso de maneira bem democrática, quase que como um facilitador do processo, né? Então, me baseei também na época que eu estudei na faculdade sobre Pichon-Rivière e gostava muito. Tem um foco bastante grande na questão da intervenção em grupos.

Como é executada a preparação dos atletas para as competições?

Eu acredito que é uma das partes do processo de preparação de um atleta em uma dessas partes em que eu atuo, que é a parte da Psicologia. Eu tento trazer os temas do cotidiano, trazer os temas às vezes que a gente consegue aprender na teoria e correlacionar eles no contexto do futebol. Então é o foco principal, propondo reflexão, dando espaço para que eles conversem, para que eles se compreendam, para que eles deem novos significados para determinadas situações. Pontualmente, vamos supor que os atletas vão estão se preparando para a Go Cup, que foi algo que aconteceu mês passado. A Go Cup, a maior competição de base do mundo, tem clubes do mundo inteiro. Ela corre em Goiânia. Então, um exemplo pontual do sub-9, eu trouxe os atletas para a clínica e debati com eles, conversei, trouxe visões que querendo ou não, quando a gente fala no papel de psicólogo ela é mais legitimada. Então, é aproveitar esse papel não para induzir ou para convencer, mas é aproveitar esse papel para conseguir fazer o máximo de reflexões possíveis. Eu trazia temas como motivação, como dificuldade, como objetivo. Eu trabalhei bastante a diferença entre objetivo e sonho. Ansiedade é o que mais é trabalhado, acho que na Psicologia inteira e no futebol não é diferente. Então, o que acontece com o nosso corpo durante a ansiedade, durante o processo de ansiedade? Como que isso de alguma maneira nos ajuda e nos ajudou historicamente? Como é que isso nos atrapalha e o que a gente pode fazer com isso? Então é bastante ampla a área de atuação.

Quais são os desafios de trabalhar com equipes?

Eu acredito que é aquela questão de colocar a Psicologia onde ela deve estar. Algumas pessoas vão creditar um valor à ela, que às vezes é um tanto exagerado como às vezes uma frase muito comum que é usada. O pessoal fala assim: “a mentalidade é tudo”, já eu não vejo por esse lado. Eu acho que mentalidade é um processo importante. Ou algumas pessoas que falam “eu não quero psicólogo na minha equipe”, nunca aconteceu comigo, mas pode acontecer e acontece no mundo inteiro. E aí vem o processo de você mostrar o valor da Psicologia na equipe. E eu acho que a dificuldade é você lidar com essas diferentes visões de conseguir caminhar em um rumo que você consiga ser justo no que está fazendo, sem passar por cima das pessoas ou deixar que elas passem por cima de você. É um processo. A Psicologia em si já é nova num contexto mais amplo, histórico. Mas, no futebol ela é bem recente. A gente teve um exemplo da Copa do Mundo de 2022 que foi bastante debatido, em que o treinador declarou que o psicólogo da equipe seria ele mesmo, não nessas palavras, mas deu a entender. Até aquele momento a gente via muita progressão, mas aí quando a gente vê um treinador da seleção brasileira, ou seja, hierarquia máxima dentre os profissionais técnicos no Brasil, dá uma declaração dessa a gente vê que às vezes não estamos onde deveríamos. E aí entra um debate muito gigante sobre por que os porquês disso ou não. Como que aconteceu, o que aconteceu para a gente chegar nesse ponto de estar debatendo isso? Eu acho que o passo principal que eu já repeti várias vezes é de nos colocar onde a gente tem que estar. E se a gente trabalhar onde a gente deve trabalhar e onde podemos trabalhar, as chances de darem errado são muito menores. Consequentemente, as chances de conseguirmos ser mais validados e conseguir ter uma maior credibilidade. Então, trabalhar dentro da ética, conseguir ter um respaldo teórico bom, mas principalmente conseguir se relacionar de forma ética e de forma segura sobre o que estamos fazendo. Acho que quando há insegurança, quando há uma dificuldade em passar o que a gente sabe, andamos uns passinhos para trás, mas quando a gente consegue mostrar de fato o que podemos fazer, como a gente pode fazer, sem receio do que os outros estão fazendo parecido ou semelhante, como por exemplo, o caso dos coaches. Eu acho que a gente consegue trabalhar da melhor maneira e aí, naturalmente, conseguimos assumir o lugar que a gente precisa de fato estar.

Seu trabalho é norteado por qual abordagem teórica da Psicologia?

O meu trabalho é baseado na perspectiva sistêmica e não necessariamente na abordagem, já que eu tenho trabalhado um pouco menos a questão da psicoterapia, mas o pensamento sistêmico, o paradigma sistêmico, a ciência paradigmática é algo que me pegou logo que eu li. A gente ainda não tem tantos materiais falando especificamente disso, mas é algo que me norteia desde sempre. Então, os princípios básicos que eu sou apaixonado, que é o da instabilidade, o da intersubjetividade e o da complexidade são os que me guiam e os que conseguem me dar um norte a ser seguido. Hoje eu acredito na psicologia sistêmica, no pensamento sistêmico novo-paradigmático.

Roberto, como é a atuação fundamentada na abordagem da Psicologia Sistêmica na área do esporte?

Eu pego esse pilar e pego muito do paradigma, que é algo que é bastante debatido nos livros, de que antes de a gente responder a uma teoria, a gente responde o paradigma, responde à visão de mundo que corresponde àquela teoria. E eu acredito fortemente nisso, que a gente não precisa estar munido de todas as informações, de todas as teorias existentes no mundo, mas sim tendo um comportamento que evidencia e que legitima. O nosso paradigma que legitima a nossa visão de mundo. Então, quando eu compreendo que eu não sou um especialista de conteúdo, mas um especialista de relação, que eu vejo o ser humano como um ser complexo, como um ser instável, intersubjetivo, ou seja, que trabalha ele em relação ao outro e, diferentemente, ele em relação a outra pessoa diferente desse outro, eu acho que a gente fica contemplado para trabalhar, não preso na abordagem e não preso no pensamento, mas abraçado pelo paradigma. E é aí quando você, abraçado pelo paradigma, consegue ter um trabalho muito mais confortável, mais seguro, mais afetivo e mais efetivo também.

Para você, essa fundamentação auxilia no manejo do trabalho e na compreensão do esporte e da atuação dos atletas como um conjunto complexo de elementos?

Acho completamente, não só um conjunto complexo, mas um conjunto instável, um conjunto intersubjetivo. Auxilia e como falei, nos guia de uma maneira confortável de se trabalhar e instigante para que consigamos cada vez mais novas reflexões e novas formas de se atuar que correspondam a isso. A fundamentação auxilia, contempla e nos dá força para que a gente consiga seguir.

Quais são os desafios a serem enfrentados pelo psicólogo esportivo?

O psicólogo esportivo, falando pessoalmente e também como classe, tem dificuldades em vários fatores. Eu acho que um dos que eu posso citar é encontrar o nosso lugar e saber se a gente é importante demais, se a gente é importante de menos ou se somos simplesmente importantes, né? E também conseguir passar tudo isso que aprendemos durante cinco anos de uma maneira acessível. Não passar os conteúdos, até porque alguns não devem ser passados, mas conseguir passar o que a gente pode e o que conseguir, é trazer a Psicologia cada vez mais a um contexto acessível, ainda mais num país tão inacessível sob o ponto de vista intelectual, sob o ponto de vista de conteúdos. São poucas as pessoas que conseguem acessar determinadas coisas e eu acho que a psicologia enquanto classe, quando ela consegue se aproximar da população, quando ela consegue se aproximar de quem precisa de forma integral dela, conseguimos fazer o nosso trabalho de uma maneira muito suave e muito mais segura, sem receio do que outras pessoas que trabalham também com isso possam tomar o nosso lugar. Eu acho que o caminho é bem objetivo nesse sentido. Nós fazendo o nosso com segurança, com ética, com acessibilidade temos o melhor a oferecer. E tendo o melhor a oferecer, a gente consegue superar os obstáculos. Mas, nesse caminho de acessibilidade eu acho que às vezes não conseguimos passar tudo e tu também não consigo às vezes passar o que conseguimos aprender. A gente tem uma dificuldade em questão de expectativa e realidade do que acontece dentro da prática da Psicologia e sofremos igualmente como qualquer pessoa que se forma e que atua com todos esses estigmas, né? Aí eu acho que já é algo mais generalizado, foge um pouquinho do esporte. Generalizações de que estamos sempre analisando, que somos pessoas calmas e que não temos emoções intensas e que conseguimos controlar as emoções. Eu acho que quando entramos nesse discurso, damos brecha para que as pessoas consigam ocupar os espaços que não deviam. Quando não criamos expectativas surreais, a gente se iguala. E aí, quando a gente se iguala, a gente tem um campo para trabalhar. Consequentemente dividido. Então, é fugir às vezes de um uma frase simplificada para exemplificar uma parte da atuação, sabe? É fugir disso e fugir de frases prontas e de receitas, porque não cabe a gente e não é o nosso papel. Tem muita gente aí fazendo isso de forma competente ou não, mas existem e elas estão fazendo. E eu acho que temos coisas diferentes a oferecer e que estamos conseguindo cada vez mais dar sensibilidade a isso.

Como a Psicologia contribui e pode ajudar para que os atletas alcancem um bom desempenho e alto rendimento no futebol?

A Psicologia é uma área de atuação junto ao preparador físico, junto ao técnico, junto ao auxiliar técnico e é um componente do processo. Ela ajuda a partir do momento que é efetiva e técnica, que ela é embasada, que ela é democrática, que ela sabe se relacionar e ajuda o atleta do alto rendimento. Ela ajuda o atleta que não é do alto rendimento, ajuda a pessoa, ajuda as redes dessa pessoa, os laços afetivos. Ela ajuda tudo quando é bem feito, quando é feito da maneira que temos o domínio e conhecimento pra fazer. Quando a gente escapa um pouquinho disso, ela já passa a se confundir com algumas coisas que não devem ser confundidas e às vezes também não são tão efetivas. Então, acho que a Psicologia contribui nesse sentido e especificamente no contexto que eu trabalho hoje, eu vejo que contribui principalmente na forma que nos relacionamos com os outros, que é um passo importante e decisivo no futebol. É uma base muito, muito, muito importante. Coincidentemente, a gente tem a TCC hoje com uma área de grande abrangência, de grande atuação na psicologia do esporte. Porque é uma demanda bem forte nesse sentido. E aí eu vou ali de cantinho trabalhando, porque as relações também, na minha visão, são algo que se não for de uma maneira saudável, se não for de uma maneira respeitosa, de uma maneira perspicaz, pode frustrar um processo inteiro. E se for de uma maneira eficaz, se for de uma maneira responsável, pode potencializar as pessoas de uma maneira impressionante