Mães que fazem mal: o mais recente livro da psicanalista Silvia Lobo

Maria Sueli de Souza Amaral Cury (Acadêmica de psicologia) – suelicury@gmail.com

O livro “Mães que fazem mal” é uma obra escrita pela psiquiatra e socióloga Silvia Lobo, em uma visão em estudo psicanalítico, tendo como alicerce para sua pesquisa, análise dos relatos de casos acompanhados por ela em seu consultório, sendo os fragmentos apontados na obra, reais, os quais ocorreram na clínica psicanalítica, oriundos das relações entre mães e filhos, sob seu olhar perscrutador e o trabalho do também psicanalista Donald Winnicott.

No primeiro momento, o título causa impacto. E, muitos leitores por certo dirão: Como assim, mães que fazem mal? Sim, a autora em suas observações, percebera que as genitoras, muitas vezes, causaram mal aos seus rebentos, mães que fazem mal, não as definem como ser mães más. Silvia define-as:

“Mães más? O aprofundamento desta reflexão sobre as mães exige cuidado na discriminação entre “fazer mal” e “ser má”. Maldade faz pensar em mulheres intencionalmente cruéis, com comprometimento moral de caráter ou perversas nas relações de afeto. A mãe que faz mal não é a morta, não é a perversa, nem tampouco a insuficientemente boa. Não é má em função da crueldade premeditada ou assumida. Não é má tampouco por ocupar o lugar de objeto mau, fruto da projeção das fantasias ou transformações filiais. É má porque causa mal, faz mal, mesmo sem saber” (pag.14).

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Essa massa materna é razoavelmente bem mais avolumada do que possamos imaginar. A maternidade, culturalmente, é o alvo para toda mulher. Em tempos não tão longínquos, a figura feminina nascia predestinada ao casamento e consequentemente, à maternidade.

As decepções nas uniões maritais, nas relações familiares, ou mesmo por não desejar ser mãe, e não poder externar essa ideia em virtude da manutenção da figura “santificada” da mãe perante a sociedade, podem ser a raiz dos conflitos existenciais. Mães, são mulheres antes de serem mães e, diante das corriqueiras e recorrentes decepções, estão com a sua lotação existencial completa, procurando olhar em qual desses caminhos percorridos se perderam.

Caminham para esse reencontro, e deparam-se diante de um vazio, por não encontrarem o acalento no/do prêmio “ser mãe é padecer no paraíso”, sentem-se enganadas, pois, abdicaram de si pela promessa que receberiam um prêmio, que não sabem de quem, por quem, nem quando. E, nesse labirinto em espiral, evidencia-se robustos e conflitantes sentimentos, de inconformismo, arrependimentos de terem consorciado, da maternidade prematura e/ou tardia, da perda de sua jovialidade que não volta mais.

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Diante dessas emoções controversas e silenciosas, eivadas da culpa, do pesar em pensarem contrariando a cultura, associados às dificuldades na estreiteza dos relacionamentos afetivos, levam algumas genitoras e, não são números irrisórios, a romperem com a ideia de beatitude, da satisfação plena diante da sagrada maternidade e evidenciam-se como seres comuns, com capacidade de fazer o mal, embora muitas vezes sem perceber, sem a sua vontade deliberada e/ou inconscientemente, perceptíveis nos traços das transferências de suas frustrações, nos excessos dos zelos, cuidados, limitação, dominação, castração, pelo puro desejo (imposto) de serem boas, fizeram mal aos seus rebentos.

E, nesse emaranhado de sentimentos e “dessentimentos”, irrefutável que a maternidade se coloca de forma impar para cada mulher. Mães que fazem mal, são àquelas que foram mães sem o desejo genuíno de sê-lo, tornaram-se mães pela falta de opção de evitarem a pressão do seu entorno, vinda pais, amigos, do próprio companheiro, sucumbiram às regras e exigências da sociedade e a obrigatoriedade irresistível, que mulheres tem que ter filhos.

No livro, as “vítimas” das mães que fazem mal, são os filhos, estes sofrem e não percebem o impacto das frustações e dos desejos não experienciados e recalcados pela figura materna, eventualmente, descortinam- os quando já adultos, ao buscarem ajuda terapêutica.

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A autora, declina as várias modalidades de mães que fazem mal, com exemplos, tais como:

A higiênica: “A mãe higiênica traz, muitas vezes, como marca, o ataque à sexualidade.” é aquela mãe correta, que exibe com galhardia o cartão de vacina de seus pequenos como prova de excelência. É asseada, dedicada, aquela que abdica de sua vida em prol dos filhos, muitas vezes, esquecem de sua sexualidade. Porém, com seu olhar proibitivo, inibidor e esterilizador, por vezes acaba por atacar a sexualidade da criança.

Ex.: “ (…)Marina entra para a sessão e encontra a terapeuta usando brincos coloridos, em forma de flor, e olha para eles encantada. Sem hesitação, pede para segurá-los, pega-os na mão e brinca como se fossem animados, até que, em dado momento, interrompe os movimentos e muito séria pergunta:

Silvia, sua mãe morreu?

Como se, na sua experiência, a vaidade e o desejo do feminino só pudessem se instaurar em seu ser quando órfã, sem o olhar materno proibitivo, inibidor, esterilizador (…).”

 

A executiva: “A mãe executiva traz como marca o ataque à competência”. Abandona o trabalho, transferindo-o para a maternidade, sendo esta seu ofício, sua  meta a ser executada com primazia. E não raro, as técnicas laborais são implantadas na criação de seus rebentos, sendo o corpo o meio para o contato físico, sem a presença da emoção, é um comportamento mecanizado, tornando a criança totalmente dependente.

Ex.: “  (…)Renata, mãe de uma menina de oito anos, deixou o trabalho em uma grande empresa para cuidar dos filhos. Sua filha deveria chamar-se Vitória, pois foi, de fato, uma vitória tirar o trabalho da sua vida. Dirige a casa como executiva. Criar os filhos é sua nova função. Enfeitar a filha, vesti-la, arrumar seu cabelo, fazem parte de um serviço, sua rotina diária. Comanda-a nos aspectos mais básicos Desenvolveu um ritual que repete ao chegar ao consultório da terapeuta, antes das sessões: Filha, beber água! Fazer xixi!”(…).

A imobilizadora:” A mãe imobilizadora traz como marca o ataque à alegria”. É aquela que repreende com severidade, quando pensam que o riso o tom de voz, ou a espontaneidade estão além. Cooperar e obedecer, são os verbos mais usados à serviço dos adultos.

Ex.: “(…) Um dia, durante a sessão de análise, lembra-se de um episódio que ocorreu com ela mais crescida, talvez com dez anos, quando ajudava a mãe a limpar a garagem. Ambas se depararam com a varinha de madeira caída atrás de um armário e, surpresa, viu sua mãe atirando-a no lixo. Maura, sem nenhuma hesitação a recolhe e pede à mãe que a guarde, pois poderia precisar usá-la, quando ela chorasse.

Com o tempo, passou a ser vista como uma menina muito boazinha, ainda que silenciosa e tristonha. Maura incorporou a varinha contensora dentro de si.(…)”.

A sofredora: “A mãe sofredora traz como marca o ataque ao prazer e à felicidade.”  É a madre que possui o condão em mostrar que sofre e pontua seu sofrimento de forma taxativa, pois, alardeia que, tanto a maternidade quanto o casamento, não são gratificantes. Buscam em outrem o motivo de suas frustações;

Ex.: “(…) A mãe de Iolanda culpou primeiramente o marido por seu engravidamento – por nove meses não lhe dirigiu a palavra – e, com o tempo, culpou a filha por ter nascido. Iolanda entendeu através do que lhe foi explicado, que nascera porque abortar se mostrou impossível e aprendeu com a mãe que ter filhos implicava em um grande sacrifício, assim como sacrifício também era cuidar da casa e ter um marido”(…).

A litigiosa: “A mãe litigiosa traz como marca o ataque à segurança do ser”.  É aquela que busca rascunhar -se na figura de seu descendente, castrando sua individualidade, impedindo-o de SER. Crer na justeza de seus atos, pois, filhos nascem para ser serem corrigidos, modificados. Fazer deles sua versão renovada, é a prova de sua eficiência perante ao mundo.

Ex.: “Foram incontáveis as vezes em que Rita ouviu da mãe que teria uma roupa bonita para ir à festa se emagrecesse, pois, gordinha como estava tudo que vestisse ficaria feio; que se prosseguisse comendo como o fazia não seria ninguém na vida: sem profissão, sem respeito, sem marido, mas se seguisse o exemplo da mãe estaria salva(…)”.

A eliminadora: “A mãe eliminadora traz como marca o ataque à diferença”. É a mãe em que seu ponto de vista não merece contradição, é único e absoluto e, aquele que ousar a discordar, será eliminado. Posiciona-se dessa forma pela dificuldade em reconhecer que o outro também existe.  Assim agindo, acaba por expulsar, excluir e extinguir, o ser que ela pariu, de seu “ninho”, sendo preterida na relação familiar.

EX.: Ana não era “quem deveria ser” – aos olhos da mãe – logo não era. O único problema foi que, por anos, Ana acreditou nisso. Com o tempo, aprendeu a não mais se importar e se acostumou. Contudo, o costume não a impediu – certo dia, já adulta – de ser surpreendida ao entrar no apartamento novo da mãe e se deparar com uma exposição de fotos nas paredes de filhos, filhas, noras, genros, netos, com a exceção de fotos dela. Não havia uma foto dela sequer, nem de seus filhos, de seu marido. Sua família não figurava naquela galeria, não existia naquela tribo. E foi somente neste momento que pôde pôr em palavras, para si, o que por anos não entendeu (…)”.

A pragmática: “A mãe pragmática traz como marca o ataque à sensibilidade.  É a mãe que invalida as manifestações afetivas de seus rebentos. Pois, crer que a vida sentimental é um empecilho para o curso da vida. Ignorá-la é o ideal que ela aguarda como resposta.

Ex.: “(…) João chega ao consultório com a queixa de estar vivendo uma crise conjugal e não ter repertório cognitivo, nem emocional, para entender as queixas de insensibilidade que recaem sobre ele… Lembra-se com nitidez, em pequeno, voltando da escola, aborrecido com alguma desavença com os colegas ou alguma rejeição, e contando suas desventuras para a mãe, que inconformada, com as duas mãos na cabeça, repetidamente, exclamava: “mas que bobagem! Que bobagem!”. Também se lembra de ouvir a mesma coisa quando chegou a casa entristecido pelo “fora” da primeira namorada… a lembrança delas o atinge, o mobiliza e o conduz a um lugar antigo, dentro de si, onde deixa de se importar. Por isso, fica sem entender o que vive na família e o que a mulher e os filhos lhe cobram. “Não faz sentido”, diz ele (…)”

 A invasiva: “A mãe invasiva traz como marca o ataque à sensualidade”.  É a mãe que, em sua fantasia, crer seja o filho parte de si, são juntos e misturados, um único corpo, a sua extensão e, sem preservar-lhes a intimidade e a privacidade, onde, sem rodeios, não se dá ao trabalho de escusar-se e, sem cerimônia abre, vasculha, apalpa e aperta. Contudo, esse toque, para quem o recebe, apresenta-se como violência, invasão do outro.

Ex.: “(…) Na casa de Celina as portas não eram fechadas. Entreabertas, deixavam quase à vista a movimentação das pessoas nos quartos e nos banheiros. O tempo da higiene corporal era controlado e o contato físico entre as pessoas da família devia ser evitado. O silêncio fazia barulho na medida em que, com presteza, atraía a investigação do olhar materno, desconfiado e perscrutador… Com os anos, Celina descobriu na retenção da urina um modo eficaz de usufruir sensações prazerosas… Adulta descobriu que o prazer sexual só era possível solitariamente, sem a presença de outro, que independente de quem fosse, apresentava-se como temível, bloqueador.”

A sexuada: A mãe sexuada traz como marca o ataque à discriminação.  A autora aduz que esta modalidade de mãe, seja aquela destituída de decência. Esta também, vislumbra nos filhos, sua extensão, expõe-se, desnecessariamente o seu corpo a todo o momento, neutralizando os desejos de sua prole, como se eles não ficassem constrangidos diante de sua nudeza, da sexualidade, dos carinhos e de um ambiente eivado de erotismo para olhos pueris, que por certo, confundem-se entre a excitação e a repressão dos afetos.

Ex.: (…) entrevista inicial a mãe de Pedro relata que fora criada em uma família numerosa onde não havia o proibido, nada a ser vivido com privacidade. Cresceu muito bem assim, com pais e irmãos, todos tomando banho juntos, e por isso sentia-se à vontade andando nua pela casa. Conta, porém, que Pedro padecia de uma permanente agitação, que prosseguia durante o sono e só se aquietava quando entrava com ela na banheira, em água quente, e brincavam por cerca de duas horas. A terapeuta pergunta se cabiam ambos na banheira, sendo ela uma mulher bem encorpada e Pedro um menino forte de cinco anos. Ao que responde rindo que “ficava bem apertado, mas juntinhos, cabiam”. (…) Pedro usa fralda, não dorme fora de casa, recorre à cama dos pais à noite, usa chupeta, mama na mamadeira antes de adormecer e ora mostra-se doce, ora bastante agressivo na relação com os colegas da escola e os professores. Quase na despedida a mãe retoma o tema da banheira e pergunta à terapeuta se vê algum problema na forma como está agindo. E diante de tantas intervenções que se fariam necessárias a terapeuta adia esse manejo e reconhece o prazer evidente que mãe e filho desfrutam nessa brincadeira, mas assinala que a mãe fique atenta à possibilidade de Pedro passar a ter ereção no banho. Esta seria a hora de pararem de brincar juntos na banheira. E assim termina a entrevista… mais tarde, a mãe de Pedro liga e, após uma pausa, disse que não contou no consultório, mas que sim, Pedro já tem ereções há alguns meses, em todos os banhos, e que ela até se divertia com isso, fazia brincadeiras.(…)”.

A “adultizadora”: A mãe adultizadora traz como marca o ataque à afetividade”. A mãe adultizadora, é aquela que ignora a hierarquia familiar, lidando com os filhos como parceiros, tratando-os como seres já crescidos e capazes de digerir suas confidências. Relata-lhes desde os conflitos conjugais aos familiares mais complexos, problemas financeiros, trabalho. Trás à baila o universo conturbado do adulto, lançando os pequenos nos assuntos em que ainda não compreendem e confundem -se. É uma agressão à criança, exposição desarrazoada, quando esta deveria ser envolvida em um ambiente de trocas afetivas e proteção de sua saúde mental.

Ex.: “(…)Antônio, que aos dez anos, passa a estranhar a frequência com que ao voltar da escola encontra sua mãe na casa do vizinho, viúvo e dono de dois cachorros. Desconfia de traição, sofre por meses com esse pensamento que a ninguém pode ser revelado; sente culpa e temor de acerto em sua suspeita. Por fim, resolve falar com a mãe e recebe dela a confirmação como resposta. Recebe também a descrição da vida conjugal de seus pais e da insatisfação sexual e afetiva vivida pela mãe na relação com seu pai… vê-se compelido a entender as razões apresentadas pela mãe. Acredita poder manter-se neutro nessa história sem precisar tomar partido, mas curiosamente passa a ter dificuldade em olhar seu pai de frente, passa a ter crise de vômitos – às vezes sem nada ter comido – e, por fim, o sono fica intermitente, interrompido por sonhos, nos quais bichos sobem pelas paredes de seu quarto ameaçando seu corpo indefeso. Antônio desassossegado paga alto preço por ter abrigado o segredo da mãe”.

A desafetada: “A mãe desafetada traz como marca o ataque à individualidade”. É a mãe que proporciona trocas afetivas como o abraço, o beijo, o contato corporal, como carícia, são inexistentes, só aparecem quando necessário aos cuidados para com a saúde ou perante uma hostilidade, quando o toque faz -se imperioso.

Ex.: “(…) Lembro-me de Dulce, amiga adolescente, quarta filha de nove irmãos, criada em uma família na qual a afetividade não se expressava, na urgência dos irmãos mais velhos cuidarem dos mais novos e a mãe exaurida sempre às voltas com algum novo recém-nascido. Não havia tempo para afeto. Chamava minha atenção a frequência com que nas relações de namoro Dulce ostentava marcas de violência na forma de hematomas, cortes na pele provindos de relações sexuais onde ela solicitava apertos, tapas e xingamentos para sentir um envolvimento amoroso. Prova sensorial equivocada para acreditar na intensidade do vínculo”.

A mãe misturada. A mãe misturada traz como marca o ataque à percepção. Essa modalidade de mãe, acha que os pimpolhos são de sua propriedade, “não conseguem tomar distância da realidade dos filhos, interferem, invadem, desapropriam e se apropriam do que não lhes diz respeito, convictas de que fazem o bem”. São mães e filhos que coabitam o mesmo teto, porém, não se (re)conhecem, vivem isolados no mesmo espaço.

Ex.: “Foi assim com Paula, que com catorze anos viu a festa de seu aniversário invadida por caixas e mais caixas de cerveja. Surpresa preparada pela mãe como presente. Paula, porém, não tomava cerveja, seus amigos tampouco e nada havia sido comprado de suco, refrigerante ou água. Na queixa de Paula, sua mãe a vê mal-agradecida, ingrata, do contra. Não há espaço para se questionar sobre o que fez.( …) também aconteceu com Pedro quando convidado por sua mãe para jantar. O convite incluía apenas a ele, nem o pai, nem a irmã. Era seu aniversário. Orgulhoso, vestiu sua melhor camisa e amarrou o cadarço do tênis que usava solto todo o tempo. No restaurante, para sua surpresa, os esperava um homem que lhe foi apresentado como sendo aquele por quem sua mãe se apaixonara. Nas palavras dela, ele não deveria se preocupar com o pai, pois ela prosseguia gostando dele e não deixaria nunca a família para ficar com o amante… agora que já era um rapaz em seus treze anos, como a vida era complexa e cheia de desafios. Pedro teve vontade de chorar, mas conseguiu se conter, também não protestou. Tentou, sinceramente, entender e se portar crescido, mas foi demais, pois em dado momento foi acometido por uma crise de tosse, seguida de um grande mal-estar e o jantar teve que ser interrompido. Nunca mais viu aquele homem. Teria sua mãe entendido a violência daquele encontro? Pedro nunca soube, não perguntou, não falaram nunca mais sobre o fato, como se aquela noite não tivesse acontecido”.

A mulher tem sido tratada ao longo da história, como ser um secundário. Nascera para ser manejada, ultrajada, vilipendiada. Para romper com essa visão, ainda recorrente e resistente e, alçar o patamar o qual galga hoje, lutas muitas acirradas aconteceram e ainda continuam para que seus direitos, desejos e vontades sejam respeitados.

O objetivo do livro, é convidar e instigar o leitor a uma reflexão, como aduz Silvia lobo: “ o olhar sobre o novo poder das crianças e o desamparo de todos nos tempos atuais, a idealização da maternidade, a função da mulher na sociedade brasileira e a recriação da figura materna, entre outros temas relativos à maternidade”. Tendo como ponto de partida, a história de lutas da figura feminina, em busca de “convencer” a sociedade, que são dotadas de desejos, vontades e defeitos como um ser normal e, que a maternidade, não as tonam um ser dadivoso e celestial.

Pode-se afirmar ainda, que a presente obra, acresce, a partir do título, a curiosidade da figura materna em buscar (re)conhecer-se em qual conceito se enquadra como mãe e como mulher.

 

 

Minibiografia sobre a autora do livro:

Silvia Lobo é psicanalista, socióloga e docente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, membro do Espaço Potencial Winnicott-SP, autora de diversos artigos publicados em revistas especializadas, no Brasil e no exterior. Em 2016 publicou em coautoria com Cris Bassi (uma de suas pacientes) o livro A paciente, a analista e o Dr. Green: uma aventura psicanalítica, livro finalista do Prêmio Jabuti.

 

Referência

LOBO, Silvia. Mães que fazem mal. São Paulo: Editora Pasavento, 2020.