Cidadania: um caminho subjetivo e solitário?

Em um país onde a democracia se molda a ferro e fogo, é possível (e necessário) refletir sobre a proposta de cidadania que se achega a cada sujeito da nação. Uma cidadania percebida pelo viés do direito, mas, sobretudo, sobre o escombro do dever. Escombro este construído desde a colonização, e que a cada explosão, seja política, moral, econômica ou social, soterra um pouco mais o chamado cidadão que navega por mares agitados.

Este mesmo cidadão, metaforicamente soterrado, tem a grande oportunidade de se perceber enquanto tal, pois em meio ao caos, compreendido aqui a partir das contribuições da meteorologia (Teoria do Caos), ou seja, a criação de um novo padrão, em meio à desorganização, pode reinventar condutas pessoais que geram ações coletivas, tendo a reflexão como meio imprescindível para a sobrevivência.

De fato o que é proposto? Quem sabe, uma (re)ação a tudo que está imposto, e que fere a dignidade do cidadão, que tira a oportunidade de um bem-estar social, que lesa todo e qualquer direito previsto na Carta Magna, e que, diga-se, é legitimamente constituída. Não há anacronismo na Constituição Brasileira, há negligência, omissão, ignorância proposital. E o cidadão lembrado no início desta reflexão? Distante, bem distante dos direitos.

Fonte: goo.gl/KLYmkN

Por tantas quedas, que nunca terão fim, é que se torna possível levantar os olhos para o horizonte, percebendo novas formas de posicionamento social. Em meio a toda “transparência” da imundície, um grande ensinamento advém do cenário político partidário do país, a possibilidade de pequenas mudanças cotidianas que em um longo prazo, permitirão um novo paradigma cidadão. A percepção de que, o que está posto, não é suficientemente bom para ser aceito. A compreensão cidadã construída não foi suficientemente capaz de discernir que honestidade nunca será um acordo, um conchave, mas uma busca constante por mudança.

Uma proposta concreta para tal mudança é, sem dúvida, e sem medo de chavões, a EDUCAÇÃO, aquela que se converge entre as dimensões família e escola. O sistema falido a que são impostos educadores e educandos gerou um ciclo de ineficiências, que resultam em mentes imersas na letargia. Pensamento duro? Necessário para que realmente a escola se proponha ao seu papel, que não é o de resolver as mazelas sociais existentes, mas de dar subsídios para que o cidadão se perceba enquanto agente de mudança. E se, mestre e aprendiz, não se propõem à parceria de viver a realidade e transformá-la, em vão, dividem o mesmo espaço educativo.

Fonte: goo.gl/jN2CJU

A Cidadania, nesta perspectiva do perceber-se, não pode calcar-se somente em subjetividades pessoais e solitárias, pois a cada circunstância, se está bom para o indivíduo, esquece-se da coletividade. Trocando em miúdos, se o mais importante continuar sendo a vantagem de cada um, como propor um presente e um futuro menos desigual?

Se você estiver se perguntando como? Não pense que, aqui, lhe será privado o direito de pensar por si só, mas comece pensando sobre o que tem feito de bom ao redor. Sobre como tem empregado direitos e deveres para o bem comum. Sobre qual a concepção tem construído sobre a escola para seus filhos e seus pares. Sobre quais são, verdadeiramente, seus requisitos para a escolha dos representantes políticos do seu bairro, cidade, Estado, Nação. Sobre qual é, de fato, sua atuação enquanto cidadão. Não sendo uma caminhada solitária, começa sempre pelo EU que vive com o OUTRO.