O desafio diário de ser mãe

Três, dois, um…Toca o despertador, levantar, dar uma passada rápida no banheiro, começar a se arrumar, cabelo, pele e essa sobrancelha horrorosa? Que tal uma maquiagem bem trabalhada, um nude quem sabe? base, pó, blush, aquele batom coral…e a babá eletrônica adivinha a hora de chiar, ela nunca espera mais de cinco minutos depois que você acorda, aí seus planos de se arrumar são reduzidos pela metade, claro, porque sua mente está ocupada pensando que o bebê está morrendo de fome, e coitadinho, como deve estar desconfortável com aquela fralda cheia, só uma base já está de bom tamanho. (quando você sai com a base mal passada e torce para ninguém reparar).

“Tenho que andar logo!”, “com que roupa? Com que sapato? E o acessório?” A babá chia de novo, “Mamá! Mamá”. “Vai qualquer uma. Droga, esse colar não está combinando” (tira o colar e põe um lenço que ficou ainda pior, mas ela nem repara). “A mamãe já vai!!!”. “Hoje vou colocar meu scarpin” (comprado no ano passado, antes de descobrir que estava grávida. Salto 15, ele ainda estava com a etiqueta) “mamãe!!!!!” “vai essa sapatilha mesmo” (Aquela comprada no início da gravidez, quando ainda era um encanto! Hoje é um pedaço de couro que não sai do seu pé por um motivo antes fútil e agora, extremamente necessário chamado conforto.

“Oi meu bebê! Cheguei! Pra quê essa braveza?” Ela sempre chega com o mesmo sorriso angelical e o mesmo tom suave da voz que nina, que acalma, que ensina, que briga, pede, a mesma voz que diz que ama todos os dias justamente por conhecer melhor do que ninguém, o poder dessa palavra. Com o passar do tempo a rotina das mulheres aumentou e está cada vez mais exigente, já que o mundo cresce de forma acelerada e hoje, a classe feminina tem praticamente que se desdobrar em mães, esposas, profissionais, donas de casa e ainda devem lembrar dos seus cuidados pessoais, como unhas, os fios brancos, a academia e por aí vai.

O desafio de ser mãe antes da hora, mãe solteira ou sem condições financeiras são motivos que hoje, muitas vezes passam por despercebido na concepção de mães mais preocupadas com a correria do dia-a-dia e com as atividades “extras” ligadas ao instinto materno. A questão é que não são mais comuns mulheres que se contentam com uma vida de “dona de casa”, além disso, elas alcançam cada vez mais a independência e se destacam pela garra e perseverança muito bem esclarecidas pela frase “matando um leão por dia”.

A publicitária, Alice Cominetti é mãe de um menino de 2 anos, chamado Gabriel e está grávida de 7 meses da pequena Luiza. Alice além de trabalhar o dia todo, ainda acompanha as atividades do filho junto com o marido, Paulo Afonso. “Nós temos que nos preocupar com o crescimento deles, às vezes quando saio do trabalho tudo que penso é em descansar, principalmente nessa fase da gravidez, mas quando penso nos milhares de benefícios para o meu filho e em como ele gosta da natação, por exemplo, criamos mais força e disposição para mais algumas horas que com certeza valem à pena”, ressalta Alice.

Para a psicóloga Mariagrazia Marine o desafio hoje é fazer tudo para alcançar uma qualidade de vida em conjunto. “Ser uma mãe atenta e dedicada significa também poder conviver harmoniosamente com o facto de também ser mulher e cuidar de si, para que possa investir na felicidade de seu filho e na sua.”, ressalta a psicóloga, dizendo ainda que o mais importante é a mãe estar bem estruturada psicologicamente para poder contribuir ao saudável desenvolvimento psicológico de seus filhos.

Quando viram mães, as mulheres da atualidade desde o início da gravidez começam a planejar cada momento da vida que será transformada, cabendo a ela, dar ou não, conta do recado, já que não pensam nem por um minuto, em abrir mão de nenhuma das tantas atividades diárias. Elas preferem virar o rosto para não deixar o filho ver as lágrimas que às vezes correm, elas odeiam mostrar que heroínas também passam por dificuldades, que nem sempre “tudo são rosas” e que é muito bonito falar sobre luta, sobre conquista e obstáculos sem ter que contar os detalhes ou vivenciar tudo isso de fato.

O melhor de ter que discorrer os detalhes de cada conquista ou derrota é que enquanto a história é contada, vem em mente cada momento, tudo que ela teve que escutar, as discordâncias, os abraços, os olhares que nem sempre acreditam que ela vai conseguir, os sorrisos de quem acompanhou cada passo, enfim, elas reconhecem que realmente foram fortes o suficiente e que qualquer desafio é aceito por mães, assim como qualquer batalha é aceita pelo soldado fiel, a diferença é que ela vai à luta sem armas e mesmo assim, encara o que for preciso para defender os ideais da família.

Fonte: http://consultoriodepsicologia.blogs.sapo.pt/