Minha Vida

Em resumo, digo apenas
Cenas sobre minha vida
Muitas serão lembradas
Outras já esquecidas

A vida é um resumo
De tudo o que temos feito
Como seriam os verbos
Perfeitos e imperfeitos.

Nasci num pequeno casebre
Num interior sertanejo
Recordo-me com saudades
Sempre o lugar em que vejo.

Somos dois seres vivos
Ambos sexos desiguais
Somente um foi criado
pelos seus próprios pais.

Aos três dias de nascida
Fui pra outra casa morar
Criada pelos meus tios,
Ficando minha mãe a chorar.

Não tendo filho meus tios
Pediram-me pra ajudar
Pois já havia seis filhos
Para os meus pais criarem.

Filhos não são dos pais
Deus não deixa faltar o pão
Por serem irmãos de bondade,
Existia essa compreensão.

Deram-me o nome de Rosa
Não sei nem porquê, nem como
Porém, ao meu outro irmão
Deram o nome de Orlando.

Fui criada com carícias
A mim nada faltava
Mamãe com todo carinho
Dos afazeres cuidava.

Aos sete anos de idade
Mamava na mamadeira
As vacas eram escolhidas
Parecia brincadeira!

Naquela época, tudo era mais fácil
Papai era possuidor
Comprava e vendia,
Pois tudo tinha valor.

A todos apresentava
A sua filha adorada
Nunca em minha vida
ganhei dele uma palmada.

Se eu desejasse as estrelas
seria possível buscar
O meu primeiro sono
era em seus braços, a ninar.

Os tempos foram passando
Em outra cidade fomos morar
Os contra-tempos vieram
E intempéries tivemos que passar.

Seis anos de sofrimento!
Papai se degenerou
Mamãe para dar sustento,
Muitas roupas lavou.

Deus vendo aquela tragédia
De angústias, aflições e dor
Com as suas mãos divinas
Doravante, tudo mudou…

Voltando à terra natal
Fui ao colégio estudar
No internato de freiras
Seis anos tive que passar.

Estranhava o ambiente
Para mim tudo mudava
Somente quando as férias chegavam
É que à minha casa eu voltava

Concluindo o magistério
Pensando em lecionar
Porém, foi tudo em vão
Preparei-me para casar.

Pr’o homem com quem casei
Doei-me com todo amor
Não esqueço um só momento
Seu nome, sua feição: Alaor.

Assim, nasceu o primeiro filho
E muito contente eu fiquei
E ele escolheu o nome
daquele em que eu errei.

E veio o primeiro filho,
Seu pai jamais esqueceu
Se Deus me desse outro filho
Havia de lhe dar o nome seu.
Veio o segundo filho
Peralta como ele só
Era o neto adorado
de seus queridos avós.

Assim vou levando a vida
Como um barco a navegar
Caminhando muitas milhas
A todos que a mim vierem chegar…