“Uma questão de vida e morte”: a dança finita da vida

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O casal americano Irvin D. Yalom e Marilyn Yalom escrevem, juntos, essa magnífica obra retratando os últimos momentos de uma vida compartilhada embasada em um amor incondicional.  Ambos os escritores, já renomados e reconhecidos mundialmente, decidem redigir juntos um livro impactante, abarcando os seus sentimentos mais profundos e reais, tornando-os palpáveis para nós, leitores. O título por si só já nos impulsiona a refletir: “Uma questão de vida e morte: Amor, perda e o que realmente importa no final”, publicado pela editora Paidós.

Fonte: encurtador.com.br/ijlyL

Essas figuras emblemáticas, sustentadas de muita coragem e sinceridade, nos convidam a entrar na dança de suas vivências mais difíceis, porém mais humanas também. Relatam as experiências e lembranças de mais de 60 anos de matrimônio com muito afinco. No meio de uma situação complicada, decidem iniciar o registro escrito, para servir como fonte de inspiração; para deixar que o livro em si perdure contando essa história, mesmo após suas vozes se silenciarem – após o fim. E claro que conseguiram tal objetivo, com maestria. É um livro para ser lido e guardado na prateleira com um zelo especial. É uma leitura inesquecível que merece ser lida ativamente, sublinhando as partes comoventes e que tanto ensinam sobre uma vida bem vivida, as relações, as adversidades que chegam e o arsenal de sentimentos que advém de cada episódio.

Após Marilyn ser diagnosticada com uma doença terminal que coloca em risco a continuação de sua existência, os dois começam a jornada de detalhar os passos seguintes e cada sensação que surgem nos dias subsequentes, bem como os pensamentos, memórias e questionamentos que vão surgindo a cada consulta médica, nos diálogos compartilhados e nos momentos finais divididos com a família e amigos.

Fonte: encurtador.com.br/JKYZ1

A cada novo capítulo mergulhamos em palavras que conseguem elucidar as emoções mais complexas que um ser humano pode chegar a experienciar. Deparamos-nos com duas perspectivas distintas inteiramente conectadas pelo amor dos dois, que se completam e dão uma força inesgotável ao relato: de um lado temos Irvin, perdendo sua esposa; e do outro, temos Marilyn, sobrevivendo – e vivendo! – os seus últimos meses ao lado do seu marido e outras pessoas importantes.

Apesar de não ser uma leitura fácil, pode ser considerada necessária, pois entramos em contato com temas que na rotina trivial, temos o hábito de ignorar e evitar. Realmente é um assunto que pode alimentar certos medos e receios, mas a finitude é uma certeza implacável que temo. Mesmo que insistamos em carrega-la em absoluto silêncio, fugir pode ser uma opção inapropriada. É fato que iremos nos deparar com um fim, então por que não nos preparamos aprendendo a desfrutar uma vida com mais significado? Esse livro, com certeza, abre nossos olhos e acalenta o coração, servindo como um meio para se encontrar respostas à questionamentos que não ousamos dizer em voz alta.

De alguma maneira, todos nós passaremos por momentos assim. Sentiremos as mesmas dúvidas, os mesmos temores, as mesmas dores, os mesmos sentimentos de gratidão, as mesmas alegrias… Então talvez, após finalizarmos a leitura, estaremos mais preparados para viver a vida até o último suspiro – seja o nosso ou de alguém especial. Estaremos preparados para dançar no ritmo da vida até a última música tocar e as cortinas se fecharem. E então conseguir estar presente, seguir existindo, nas memórias daqueles que ficam, nas fotografias guardadas com carinhos, nas palavras que ousamos escrever ainda respirando…

Por fim, um trecho do livro, para avivar a curiosidade de leitura: “Quanto estamos dispostos a suportar para permanecer vivos? Como podemos terminar nossos dias da forma mais indolor possível? Como podemos delicadamente deixar este mundo para a próxima geração? (…) Escreveremos este diário do que está por vir na esperança de que nossas experiências e observações forneçam significado e socorro não apenas para nós, mas para nossos leitores.”

REFERÊNCIAS

YALOM, I. D.; YALOM, M. Uma questão de vida e morte. São Paulo: Planeta, 2021.

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Afinal, o que é o amor?

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Andei ensimesmada a procura de uma definição clara e precisa do que seja o amor, carecia saber acerca do que rondava minha mente e meu corpo, trespassando até meu mundo imaginário, fazendo-me ficar por horas a fio em meus devaneios.

Arriei meu cavalo, companheiro de longas datas, coloquei provisões em uma matula, verifiquei a moringa de água fresca e parti em busca de respostas.

Pois bem, fiquei sabendo de um polêmico rapaz lá em Röcken na Alemanha, diziam que era um grande sabedor de todas as causas, um grande estudioso.

 Foi uma longa viagem até que enfim cheguei e fui direto a ter minha entrevista com o Sr. Friedrich Wilhelm Nietzsche, que prontamente me recebeu, embora com cara de poucos amigos. Ao adentrar o recinto, pasmei-me com o ambiente, as paredes não se via, apenas um sem fim amontoado de livros, bem como nas mesas ali expostas. Sentei-me exausto da longa viagem, porém, não tinha tempo a perder; por impressão minha, notei que o cavalheiro à minha frente também não, suas atitudes era que o tempo urgia, denotava pressa em seus gestuais. Expliquei a ele minha visita e ele me convidou a sentar e pediu explicações mais detalhadas.

Senhor, necessito saber qual é a essência real do amor. Esperei alguns segundos que me pareceram séculos, e ele a passar a mão esquerda pela ponta do longo bigode, se colocou a pensar (pelo menos a meu ver não me julgou uma tola).

Eis que ele me olha seriamente e diz:

O amor é o estado no qual o homem vê as coisas quase totalmente como não são. A força da ilusão alcança seu ápice aqui, assim como a capacidade para a suavização e para a transfiguração. Quando um homem está apaixonado sua tolerância atinge ao máximo; tolera−se qualquer coisa. (Friedrich Nietzsche; Montecristo Publishing LLC, 2012 O Anticristo, p. 24).

Dito isso, levantou-se e sem cautela despediu-se, alegando o gosto pela solidão. Saí e me coloquei a indagar sobre a resposta recebida.

Instalei-me em uma pensão, onde passaria a noite para descanso e para me inteirar dos dizeres daquele homem tão peculiar. Fiz a devida assepsia do corpo, alimentei-me e logo procurei descanso, mas a mente trabalhava para desvendar o que para mim estava mais confuso do que antes, embora julgasse ser pura ignorância minha, pois o ensinamento tinha sido de grande monta.

Resolvi empreender viagem para reunir mais opiniões para assim sanar minha sede de saber. Acordei cedo, tomei um farto café da manhã e empreendi viagem rumo a Gdansk, na Polônia, minha entrevista era com o sr. Arthur Schopenhauer. Diziam deste homem, que era um pouco mais introvertido que o primeiro, de têmpera forte, era rude e franco, diziam dele também, que era sombrio e pessimista, sem meias verdades. Pensei cá comigo mesmo, que era disso que estava precisando. Apesar de minha determinação, sentia-se um tanto inquieto, pois em minhas pesquisas até a mãe de meu entrevistado o achava insuportável, mas embrenhei-me pelo caminho com tenacidade.

Fonte: Imagem de PIRO por Pixabay

Ao chegar deparei-me com um homem de poucas palavras, que por sua vontade, a entrevista seria ali mesmo na porta, muito a contragosto me recebeu e de pronto disse para haver brevidade em nossa entrevista, pois tinha muito a fazer. Pois bem, lancei-lhe a pergunta e reiterei a necessidade que tinha em saber dele toda verdade acerca dela.

Andou de um lado para outro, sempre de costas, virou-se e me disse:

[…] a origem do amor apaixonado propriamente dito, via de regra, será encontrada nestas considerações relativas, e apenas a origem da inclinação habitual, e fácil será encontrada nas considerações absolutas. De acordo com isso, não são exatamente as belezas regulares, perfeitas que costumam acender as grandes paixões. Para que nasça uma tal inclinação realmente apaixonada exige-se algo que só se deixa expressar mediante uma metáfora química: ambas as pessoas têm de se neutralizar mutuamente, como ácido num sal neutro. […] Para a neutralização mútua de duas individualidades que está em pauta exige-se que o grau determinado de masculinidade do homem corresponda exatamente ao grau determinado de feminidade da mulher, suprimindo-se com isso aquelas unilateralidades de modo preciso. (SCHOPENHAUER, 2004, p. 29-30).

Dito isto, calou-se, sendo-me impossível outra colocação a não ser bater-me em retirada. Confesso certa decepção, pois no meu íntimo espero mais do amor do que uma resposta rebuscada a cerca de uma conjunção carnal, mas como contrapor tanta sabedoria?

Pois bem, refletiria sobre esses achados depois, por hora partiria para mais uma empreitada. Há muito já ouvia falar de um cavalheiro muito ilustre e de tanto conhecimento como os meus outros entrevistados, o que li dele, me fazia pensar em uma resposta mais equivalente ao meu próprio pensamento, dizia ele que apesar das imperfeições e das diferenças humanas, que a plenitude é encontrada na realização de si mesmo.

Com renovada esperança me coloquei a caminho de Kesswil, na Suíça. Ao me deparar com o cavalheiro, logo de pronto, senti-me acolhido, e pela primeira vez senti que sairia dali encontrando as respostas que procurava. Este amável cavalheiro era Carl Gustav Jung.

Feitas as minhas indagações, me senti validado por meu interlocutor. Amigo, vou lhe ajudar, e disse:

“O desejo apaixonado tem dois lados: É a força que tudo exalta e, sob determinadas circunstâncias, também tudo destrói. É possível assim que um desejo ardente, já venha em si acompanhado de medo, ou que seja seguido ou anunciado por medo. A paixão acarreta destinos e com isso cria situações irrevogáveis”. (Jung apud Azevedo, 2001, p. 38)

Dito isto ele alegou que ia receber visita ilustre de seu velho amigo e parceiro de estudos, Sigmund Freud, se caso eu quisesse ali permanecer, poderia me deleitar de ensinamentos mais profundos.  Não achei de bom tom estar a atrapalhar a entrevista dos amigos. Despedi-me, agradeci e me coloquei em retirada.

No caminho, no trote do meu cavalo, meus pensamentos fervilhavam… Ora raios! Um diz que o amor nos cega a razão, o outro que o amor não passa de uma junção carnal em perfeita ordem, já o outro me fala de destruição de medos e destinos irrevogáveis. O que seria mesmo o amor?

Neste momento, descuidado que sou, nem me apercebi que meu companheiro de longas datas se encontrava no limite de suas forças em prol de minha busca incessante. Meu cavalo arriou-se ao chão. Fiquei desesperado, abraçava-o ao chão, chorava e sentia o quão egoísta fui, pensei só em mim, esquecendo-me do meu fiel amigo que tanto a mim dedicou, num ímpeto, dei a ele toda a agua que tinha, sem pensar na longa e dura jornada pela frente, ele foi abrindo os olhos pouco a pouco, e eu a pular de alegria feito uma criança por seu restabelecimento.

Foi quando num estalo tudo clareou, o que eu tanto buscava enxerguei naquele momento, o amor sempre esteve dentro de mim, eu era o amor, tudo que senti em relação ao Alasão refletiu-se de volta para mim em forma da resposta que eu precisava.

O amor está dentro de cada um de nós, basta saber acessá-lo e entender que cada um tem suas definições acerca dele, o meu era simples como água e minha intenção doravante era joga-lo ao universo, para que pudesse se espalhar como estrelas nas noites escuras, e quem sabe um dos meus entrevistados acima possam se iluminar com algumas dela.

E para você, o que é o amor?

Referências

GRISOLIA Luiza Moreira. (2008). Paixão como Projeção: Quando este sentimento aprisiona. Disponível em:  https://tede2.pucsp.br/handle/handle/18705. Acesso em 18/08/2022

Página 24: https://books.google.com.br/books?id=kL3UjvEoPZwC&pg=PR24, Parte 23, Friedrich Nietzsche; Montecristo Publishing LLC, 2012 O Anticristo
Fonte: https://citacoes.in/obras/o-anticristo-1748/

SILVA Ana Clécia 2019. REFLEXÕES SOBRE O AMOR NA FILOSOFIA DE ARTHUR SCHOPENHAUER. Disponível em: https://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/21217/1/TCC%20-%20ANA%20CLECIA%20DA%20SILVA.pdf . Acesso em 17/08/2022

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Mais amor, por favor

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No último século, estamos sendo pautados constantemente sobre assuntos relacionados à saúde mental. E não. Esse não é um bom sinal. Falar sobre isso é importante, mas não por razões como o crescente aumento de casos de depressão, ansiedade, suicídio e outras doenças psicológicas. A sociedade, por si só, não está evoluindo.

Recentemente, fomos bombardeados com notícias sobre tortura psicológica em programas de reality show. A prática dessa violência é cometida através de punições emocionais repetidamente com intenção de ferir emocionalmente a vítima.

No BBB21, por exemplo, participantes foram julgados e isolados por seus companheiros de casa por atos falhos cometidos, mas sequer conseguiram ser ouvidos e perdoados. Já no programa da Itália, uma participante brasileira foi alvo de ataques pelo simples fato de não possuir a mesma nacionalidade que os demais, sofrendo com comentários misóginos e xenofóbicos.

Mas o mesmo acontece, por exemplo, no ambiente de trabalho, quando uma pessoa recebe punições fora do “normal” de seus superiores, não consegue ser ouvida ou recebe críticas não-construtivas por tudo que faz. O ciclo se torna vicioso. Esgotado, a pessoa chega em casa e diminui a esposa, a esposa diminui o filho e o filho faz o mesmo com o coleguinha na escola.

Fonte: encurtador.com.br/rwzAR

Quando uma crítica te puxa para cima, não julga você e, sim, suas ações, ela apresenta uma direção para melhorar. O resultado se torna positivo, principalmente, quando essa informação passa pelo filtro pessoal de reflexão e a pessoa entende que errou. Ela é considerada uma crítica construtiva, pois te faz querer evoluir e se aperfeiçoar.

No entanto, a infeliz “Era do cancelamento” não permite a oportunidade de errar, evoluir e melhorar. Errar faz parte da vida. Discordar do outro também. Porém, é preciso entender até que ponto o conflito de opiniões é tolerável. É claro que a opinião é individual e que ninguém precisa estar de acordo para conviver bem. Mas o respeito à diversidade de pensamentos, opostos ou não, é necessário para se conviver bem em sociedade, desde que não machuque o próximo.

As consequências para o cancelado podem ser desde depressão, ansiedade, baixa autoestima, transtorno de personalidade e até automutilação ou suicídio. Já as consequências negativas do “cancelador” só vão ser vistas e percebidas quando ele procurar ajuda tendo consciência do mal que fez. Isso porque o agressor sempre irá possuir características autoritárias e uma única visão do que é certo. A maldade e o egoísmo sempre vão estar nos outros, nunca nele.

Para tentar lidar com todo esse julgamento, primeiro é preciso o autoconhecimento. A partir disso, sabendo qual é a sua verdadeira identidade, a pessoa será capaz de não permitir que ninguém a diminua. Para esses casos, acompanhamentos com psicólogos sempre serão recomendados, além de queixa-crime.

A vida é feita de ciclos. Passamos tanto tempo sendo oprimidos. Podemos achar que revidar a opressão com mais opressão é a solução. Às vezes, chegamos a acreditar que esse ciclo de violência acontece apenas na televisão. Mas convivemos com isso no nosso dia a dia. Precisamos interromper esse ciclo. Lembre-se: não somos aquilo que o outro fez comigo, mas aquilo que escolhemos ser. Portanto, distribua mais o amor.

Fonte: encurtador.com.br/abyzM
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O amor para além do romantismo

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Como participante ouvinte do Psicologia em Debate, ocorrido em 06 de setembro de 2017, com o tema “A arte de amar: o amor para além do romantismo”, sob o viés do psicanalista Erich Fromm, ministrado pela acadêmica Gabriela Gomes, na Sala 203, às 17 horas no Ceulp/Ulbra, elaborei o meu relato de experiência.

A acadêmica refere-se que, procurou trabalhar a ideia geral do livro sobre o tema amor. O autor Erich Fromm expõe o tema de forma magnífica, quando faz uma analogia sobre o ato de amar como o trabalho minucioso do artesão que, para chegar ao produto final da sua arte, é necessário dedicação desde a escolha dos materiais que serão utilizados. Onde o mesmo trabalha a reflexão que, para alguém dizer que ama uma pessoa, torna-se indispensável refletir sobre o que está sendo construindo em prol de tal objetivo. Nisso, Gabriela discorre que existem diferentes modalidades de amor. Referindo-se, sobre a definição do amor fraterno que todo ser humano precisa ter por outro ser humano, independente do papel que este ser ocupe na sua vida. “Um amor universal”, com sentimento de responsabilidade, de respeito, de conhecimento e de desejo de aprimorar o outro. Aplicado a qualquer pessoa no curso da vida, como não sendo um amor exclusivo, mas representado como solidariedade humana.

Fonte: https://goo.gl/tkzy7u

O amor materno afirmado por Erich Fromm, como sendo um sentimento genuíno e incondicional. Porém é imprescindível, que a mãe esteja feliz consigo mesma. Visto que, existem diversas circunstância em que de fato a mãe não desejaria aquele filho. Em virtude de fatores ocorridos na vida dessa mulher, que vão desde a concepção da criança, e às vezes, ela recebe uma pressão social, que a impõe o seu dever de amar o filho incondicionalmente. Mas não é sua culpa. E o autor faz uma analogia com leite e mel, referindo-se à mensagem bíblica sobre a Terra Prometida “Canaã”, que mana leite e mel. Simbolicamente o leite, traz o sentido de que quando a criança nasce, a mãe supre todas as suas necessidades. O mel significa a mãe transmitindo ao seu filho que nascer nesse mundo é algo muito bom. E que para ser uma boa mãe, esta mulher necessariamente precisa implicitamente estar feliz.

Fonte: https://goo.gl/6Z4Rx9

Relata a acadêmica que, de acordo com o autor, o amor erótico é um anseio e fusão completa por duas pessoas . Porém, não é amor genuíno, visto que não é possível, encontrar alguém na fila do pão, e já se esteja amando. Nessa condição, o outro é explorado e logo exaurido. Em virtude do encantamento pelo que a outra pessoa faz, se ela é bonita, rica, jovem, bom trabalho, etc. Com o passar do tempo todos esses atributos são explorados, chegando num momento da relação que não há mais o que explorar no outro. Daí manifesta-se a crise interna, e vem a frase clássica: “eu não amo mais”.

O autor discorre sobre a superação da separação, trazendo vários fatores. Pois o que se busca num relação amorosa, é a oportunidade de falar da própria vida pessoal, das próprias esperanças e ansiedades, mostrar-se nos seus aspectos infantis e pueris – a sua pior parte. Podendo mostrar também ao outro a sua ira, o seu ciúme. Daí pensa-se que “aquela pessoa é o verdadeiro amor da sua vida”. Porém, quando todas as barreiras são superadas, ela vai procurar outra. Pois o ser humano, precisa de objetivos sequenciais, uma vez que essa pessoa já exauriu as suas expectativas.

Fonte: https://goo.gl/pn9UEE

A acadêmica, refere-se ao outro fator, sendo o desejo sexual como fusão de corpos passando a representar o amor e a pessoa relata que está amando intensamente o outro. Discorre ainda, que no desejo sexual, há uma interação profunda com o outro, em virtude desse sentimento, a pessoa tem uma ansiedade de solidão cessada. Porém, chega momento que essa ansiedade acaba e o desejo sexual pelo o outro, não é mais suficiente para que a sustentação da relação. Porque quando há amor na relação, o desejo sexual não é algo exacerbado, no sentido de impressionar o outro com a sua performance pessoal. Numa relação de amor verdadeiro, isso não se faz necessário o tempo inteiro. O amor erótico se torna exclusivo na dedicação somente àquela pessoa, com a qual ela está envolvida emocionalmente. Cita exemplo, que não se pode pegar na mão de outra pessoa, porque pode ser considerado que deixou de amar. Tal condição faz o casal se fechar no seu mundo, como duas pessoas solitárias fundidas na sua paixão, numa espécie de amor narcísico. E Erich Fromm, traz sua concepção que quem ama, não ama somente a pessoa amada, mas também todo o seu universo.

Fonte: https://goo.gl/E4tpU6

O amor próprio e o amor erótico tem uma relação muito próxima. Onde o amor em si mesmo tem que estar em choque, de acordo com a acadêmica, o autor afirma que amar a si mesmo não significa que não tenha a capacidade de amar os outros. Pois, o objeto de amor não é indivisível. O amor pode inspirar o desejo de união sensual, a vontade de conquistar e ser conquistado, pois com o amor há a ternura, o desejo da união física deve ser estimulado pelo amor, e o amor erótico também deve ser fraterno.

E discorre a acadêmica, que afirma Erich Fromm, que a pessoa deve amar-se primeiro antes de procurar o outro. “Que o amor genuíno é uma expressão de produtividade que implica cuidado, respeito, responsabilidade e conhecimento, não é um afeto no sentido de ser afetado por alguém, mas um esforço ativo pelo crescimento e felicidade da pessoa amada”. Finalizando com a frase do autor: “Se te amas, amas a todos os demais como a ti mesmo. Enquanto amares outra pessoa menos que a ti mesmo, não conseguirás realmente amar a ti mesmo, mas se a todas as pessoas amares igualmente sem exclusão de ti, amá-los-ás como uma só pessoa” (FROMM, 2000). A acadêmica Gabriela solicita aos participantes, que façam a reflexão sobre o conceito de amor genuíno trazido por Erich Fromm. E conclui referindo-se que, as relações amorosas cotidianas terminam, citando o exemplo comum: “não deu certo o nosso relacionamento”. Mas será que estava havendo um trabalho cuidadoso artesanal, para a construção dessa obra de arte?

Fonte: https://goo.gl/hJK6rJ

Como preciosa experiência da minha participação do debate, “A arte de amar: o amor para além do romantismo”, foi magnífico conhecer a concepção de Erich Fromm, explanado pela acadêmica Gabriela, quando o autor faz analogia sobre o ato de amar com o trabalho minucioso e dedicado do artesão, que vai desde a escolha dos materiais a serem utilizados até conclusão do produto final da sua arte, o amor genuíno.

Referência:

FROMM, Erich. A arte de amar. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

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