O amor para além do romantismo

Como participante ouvinte do Psicologia em Debate, ocorrido em 06 de setembro de 2017, com o tema “A arte de amar: o amor para além do romantismo”, sob o viés do psicanalista Erich Fromm, ministrado pela acadêmica Gabriela Gomes, na Sala 203, às 17 horas no Ceulp/Ulbra, elaborei o meu relato de experiência.

A acadêmica refere-se que, procurou trabalhar a ideia geral do livro sobre o tema amor. O autor Erich Fromm expõe o tema de forma magnífica, quando faz uma analogia sobre o ato de amar como o trabalho minucioso do artesão que, para chegar ao produto final da sua arte, é necessário dedicação desde a escolha dos materiais que serão utilizados. Onde o mesmo trabalha a reflexão que, para alguém dizer que ama uma pessoa, torna-se indispensável refletir sobre o que está sendo construindo em prol de tal objetivo. Nisso, Gabriela discorre que existem diferentes modalidades de amor. Referindo-se, sobre a definição do amor fraterno que todo ser humano precisa ter por outro ser humano, independente do papel que este ser ocupe na sua vida. “Um amor universal”, com sentimento de responsabilidade, de respeito, de conhecimento e de desejo de aprimorar o outro. Aplicado a qualquer pessoa no curso da vida, como não sendo um amor exclusivo, mas representado como solidariedade humana.

Fonte: https://goo.gl/tkzy7u

O amor materno afirmado por Erich Fromm, como sendo um sentimento genuíno e incondicional. Porém é imprescindível, que a mãe esteja feliz consigo mesma. Visto que, existem diversas circunstância em que de fato a mãe não desejaria aquele filho. Em virtude de fatores ocorridos na vida dessa mulher, que vão desde a concepção da criança, e às vezes, ela recebe uma pressão social, que a impõe o seu dever de amar o filho incondicionalmente. Mas não é sua culpa. E o autor faz uma analogia com leite e mel, referindo-se à mensagem bíblica sobre a Terra Prometida “Canaã”, que mana leite e mel. Simbolicamente o leite, traz o sentido de que quando a criança nasce, a mãe supre todas as suas necessidades. O mel significa a mãe transmitindo ao seu filho que nascer nesse mundo é algo muito bom. E que para ser uma boa mãe, esta mulher necessariamente precisa implicitamente estar feliz.

Fonte: https://goo.gl/6Z4Rx9

Relata a acadêmica que, de acordo com o autor, o amor erótico é um anseio e fusão completa por duas pessoas . Porém, não é amor genuíno, visto que não é possível, encontrar alguém na fila do pão, e já se esteja amando. Nessa condição, o outro é explorado e logo exaurido. Em virtude do encantamento pelo que a outra pessoa faz, se ela é bonita, rica, jovem, bom trabalho, etc. Com o passar do tempo todos esses atributos são explorados, chegando num momento da relação que não há mais o que explorar no outro. Daí manifesta-se a crise interna, e vem a frase clássica: “eu não amo mais”.

O autor discorre sobre a superação da separação, trazendo vários fatores. Pois o que se busca num relação amorosa, é a oportunidade de falar da própria vida pessoal, das próprias esperanças e ansiedades, mostrar-se nos seus aspectos infantis e pueris – a sua pior parte. Podendo mostrar também ao outro a sua ira, o seu ciúme. Daí pensa-se que “aquela pessoa é o verdadeiro amor da sua vida”. Porém, quando todas as barreiras são superadas, ela vai procurar outra. Pois o ser humano, precisa de objetivos sequenciais, uma vez que essa pessoa já exauriu as suas expectativas.

Fonte: https://goo.gl/pn9UEE

A acadêmica, refere-se ao outro fator, sendo o desejo sexual como fusão de corpos passando a representar o amor e a pessoa relata que está amando intensamente o outro. Discorre ainda, que no desejo sexual, há uma interação profunda com o outro, em virtude desse sentimento, a pessoa tem uma ansiedade de solidão cessada. Porém, chega momento que essa ansiedade acaba e o desejo sexual pelo o outro, não é mais suficiente para que a sustentação da relação. Porque quando há amor na relação, o desejo sexual não é algo exacerbado, no sentido de impressionar o outro com a sua performance pessoal. Numa relação de amor verdadeiro, isso não se faz necessário o tempo inteiro. O amor erótico se torna exclusivo na dedicação somente àquela pessoa, com a qual ela está envolvida emocionalmente. Cita exemplo, que não se pode pegar na mão de outra pessoa, porque pode ser considerado que deixou de amar. Tal condição faz o casal se fechar no seu mundo, como duas pessoas solitárias fundidas na sua paixão, numa espécie de amor narcísico. E Erich Fromm, traz sua concepção que quem ama, não ama somente a pessoa amada, mas também todo o seu universo.

Fonte: https://goo.gl/E4tpU6

O amor próprio e o amor erótico tem uma relação muito próxima. Onde o amor em si mesmo tem que estar em choque, de acordo com a acadêmica, o autor afirma que amar a si mesmo não significa que não tenha a capacidade de amar os outros. Pois, o objeto de amor não é indivisível. O amor pode inspirar o desejo de união sensual, a vontade de conquistar e ser conquistado, pois com o amor há a ternura, o desejo da união física deve ser estimulado pelo amor, e o amor erótico também deve ser fraterno.

E discorre a acadêmica, que afirma Erich Fromm, que a pessoa deve amar-se primeiro antes de procurar o outro. “Que o amor genuíno é uma expressão de produtividade que implica cuidado, respeito, responsabilidade e conhecimento, não é um afeto no sentido de ser afetado por alguém, mas um esforço ativo pelo crescimento e felicidade da pessoa amada”. Finalizando com a frase do autor: “Se te amas, amas a todos os demais como a ti mesmo. Enquanto amares outra pessoa menos que a ti mesmo, não conseguirás realmente amar a ti mesmo, mas se a todas as pessoas amares igualmente sem exclusão de ti, amá-los-ás como uma só pessoa” (FROMM, 2000). A acadêmica Gabriela solicita aos participantes, que façam a reflexão sobre o conceito de amor genuíno trazido por Erich Fromm. E conclui referindo-se que, as relações amorosas cotidianas terminam, citando o exemplo comum: “não deu certo o nosso relacionamento”. Mas será que estava havendo um trabalho cuidadoso artesanal, para a construção dessa obra de arte?

Fonte: https://goo.gl/hJK6rJ

Como preciosa experiência da minha participação do debate, “A arte de amar: o amor para além do romantismo”, foi magnífico conhecer a concepção de Erich Fromm, explanado pela acadêmica Gabriela, quando o autor faz analogia sobre o ato de amar com o trabalho minucioso e dedicado do artesão, que vai desde a escolha dos materiais a serem utilizados até conclusão do produto final da sua arte, o amor genuíno.

Referência:

FROMM, Erich. A arte de amar. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.