Um corpo que sente e é sentido: a experiência de transitar a vida durante e depois de um transtorno alimentar

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Um relato do começo da minha adolescência com anorexia.
Atenção: esse texto contém relatos sensíveis sobre transtornos alimentares.
Autoria anônima

A adolescência é marcada por diversas mudanças fisiológicas e psicológicas, além de ser uma fase em que a influência das redes sociais é notável. Tendo isso em vista, muitas meninas adolescentes são atingidas pelas demandas da sociedade com relação ao corpo. Neste contexto, o desenvolvimento de transtornos alimentares pode ser um risco, uma vez que a cultura da magreza é posta como algo essencial para o valor feminino e isso é acentuado durante a adolescência.
Segundo Silva e Daniel (2020) os transtornos alimentares (TAs) são condições psiquiátricas determinadas por uma alteração crítica do comportamento alimentar, o que pode comprometer a saúde física e psicossocial. O transtorno que será tratado aqui é a Anorexia Nervosa (AN), que pode ser descrita como um distúrbio no qual o indivíduo faz uma restrição na ingestão calórica em relação às suas necessidades diárias, chegando até a parar de comer completamente. O temor persistente com o ganho de peso e a desordem na percepção do próprio corpo é uma característica observada em pessoas que apresentam esse transtorno.

Também existe a bulimia nervosa, que é caracterizada quando o indivíduo tem episódios regulares de compulsão alimentar, desordem na percepção do corpo e comportamentos de compensação pelo alimento ingerido durante a compulsão alimentar. Esses transtornos podem se tornar mais evidentes durante a adolescência devido às mudanças citadas.

Eu fui uma das adolescentes atingidas pela anorexia nervosa, me vi envolvida em demandas que nem sempre foram minhas e recorri ao que estava mais próximo de mim , ou seja, as redes sociais. Quando eu estava no auge dos meus 12 anos comecei a encontrar defeitos no meu corpo e não sabia o que fazer com eles, pra onde levar, como resolver? Vi no Tumblr a saída ideal: parar de comer. Claro que não consegui parar totalmente de um dia para o outro, mas fui aos poucos.

Comecei a não tomar café da manhã, algo que eu gostava tanto, para um sacrifício maior. Tudo o que eu estava fazendo fazia sentido na minha cabeça, se eu não tomar café meu corpo vai ficar com o aspecto mais magro por mais tempo, mas logo isso não foi o suficiente. Depois disso fui procurar dicas em site da internet de como poderia emagrecer mais rápido e encontrei páginas, perfis que além de dar essas dicas postavam fotos de meninas magérrimas (anoréxicas) e de como elas estavam felizes pois conseguiram atingir o objetivo maior, o único que importava, que era o de ser magra.

Parti de não tomar café da manhã para tomar somente água com gelo quando sentia fome e a almoçar sozinha, para que tivesse a cozinha somente para mim e pudesse jogar a maior parte da comida que estava no prato fora. Isso tudo trouxe consequências, me sentia fraca o tempo inteiro, estava irritada, dormia muito e me sentia terrivelmente triste, claro que eu achava que era porque eu não estava magra ainda mas era por falta de nutrientes. Isso não passou despercebido pela minha família.

Meus pais estavam preocupados comigo porque além de estar irritada o tempo inteiro eu estava engordando. Na época isso foi um dos motivos de ter continuado porque pensei como assim não está funcionando? Ficar sem comer por horas e saciar minha fome em “besteiras” parecia o caminho certo, o que mais eu precisava fazer? Recorri novamente à minha fiel plataforma social e procurei mais afundo dicas, formas, jeitos milagrosos de não sentir fome e finalmente emagrecer.

Nisso encontrei novos objetivos para mim que eram como metas, primeiro eu preciso que os ossos da minha clavícula estejam à mostra, depois que minhas pernas não encostem uma na outra, que os ossos das minhas mãos estejam mais acentuados e assim vai. Criei essa rotina de fantasiar meu corpo ideal constantemente quando estava com fome e comer muito pouco quando era obrigada. 

Para as anoréxicas, os limites do corpo quase se apagam diante das circunstâncias em que vivem, do cotidiano de seus relacionamentos, dessa rede de relações concretas e afetivas em que estão submersas. Toda condição e situação que a rigor está matizada nessa imagem disforme que a anoréxica tem de si mesma e que se expressa pela insatisfação com o tamanho do seu corpo e a perda de peso (GIORDANI, 2006).

Depois de um tempo passei a notar pequenas mudanças, meu anel que usava todos os dias não ficava mais no meu dedo, meu cabelo começou a cair, se eu me machucava a ferida demorava o dobro do tempo para cicatrizar, meus ossos da clavícula finalmente começaram a aparecer e o pior de tudo, não conseguia dormir durante a noite. Em meio a essas mudanças, eu sentia vontade constante de não estar viva e não ter que lidar com meu próprio corpo, não queria mais ter os braços que eu tinha, o rosto que eu tinha e os peitos que eu tinha.

Quando aqueles ao meu redor notaram que eu estava mais magra me elogiavam e aquilo alimentava a minha fome, eu pensava que precisava ficar mais magra ainda porque só assim eu seria feliz, eu teria notas boas, eu teria mais atenção dos amigos e vestiria roupas mais bonitas. Além de notar minha nem tão repentina magreza, minha família notou a irritação, os fios de cabelo que eu deixava para trás e a tristeza aos poucos me consumindo.

Em um dia que eu guardei comigo eu fui passear na chácara do meu tio e não tinha me sentido bem daquela forma em muito tempo, peguei sol, tomei banho no lago e fiquei longe do celular. Na volta fui olhando a natureza e sentindo o vento no rosto pensei que talvez a vida não fosse somente sobre o nosso corpo, sobre ser magra, talvez eu poderia pensar em outras coisas. Quando voltei para casa a realidade bateu no peito e senti que estava traindo tudo aquilo que “acreditava” e todas aquelas pessoas que eram da minha comunidade de anoréxicas. 

Enquanto tudo isso acontecia eu já estava mais velha, com 14/15 anos e sentia que estava entrando em um buraco sem fundo, o sentimento de não me encaixar e de ter que emagrecer diminuiu e a tristeza tomou conta. Talvez foi uma consequência do que eu fazia antes ou de onde eu navegava pela internet mas me vi nesse lugar diferente mas muito parecido com antes. 

Minha recuperação só começou porque enquanto eu estava pesquisando sobre como emagrecer ou como não existir mais de forma menos dolorosa eu também encontrava posts que diziam que eu poderia melhorar, que eu precisava de ajuda e que ser magra não é tudo. Procurei ajuda profissional quando senti que não aguentava mais, ou era isso ou não era mais nada. 

Enquanto ia melhorando com a ajuda de medicação, psicóloga e dos meus amigos foi caindo a ficha do dano que eu tinha feito no meu próprio corpo, eu não lembrava de coisas que tinha estudado, não lembrava de acontecimentos importantes e menos cabelo e mais cicatrizes. Apesar de me sentir melhor, ainda existia uma voz na minha cabeça que dizia que eu precisava emagrecer, não era o suficiente ser feliz e me sentir bem, eu precisava daquilo para a minha vida fluir melhor.

Fui crescendo, melhorando, comendo e consequentemente engordando, era uma sensação estranha estar bem e ainda assim não ser magra. Atribui meu peso novo a minha felicidade e ao estar bem com o meu corpo e cheguei a conclusão que quanto mais magra eu era mais triste eu estava e vice versa, isso ia contra tudo o que as pessoas na minha comunidade acreditavam então larguei de vez o aplicativo, exclui todas as fotos de corpos magros que tinham no meu celular e segui a vida. 

Hoje enquanto adulta vejo o real dano que tudo isso fez na minha vida, passei por coisas que ninguém deveria passar e pensei em diversas formas de destruir o meu corpo pouco a pouco, mas ao mesmo tempo me perdoei, porque eu não sabia pra onde jogar a cobrança da sociedade e era muito nova para entender completamente o que estava acontecendo.

A voz que diz que preciso ser magra ainda ecoa dentro de mim, ainda me pego com hábitos alimentares péssimos, me pergunto de onde eles vem e encontro a resposta na adolescente de 15 anos que absorveu tudo o que a cultura da magreza tinha para dar para ela. Mas encontrei pessoas que passaram pelas mesmas dificuldades, aos trancos e barrancos também se recuperaram e hoje temos o que pode ser chamado de rede de apoio para quando tudo isso voltar. 

A influência que as redes sociais tinham sobre mim era imensa, eu estava me vendo como alguém no mundo e me deparei com defeitos e erros que nem sequer existiam visto que eu estava mudando e passando por um processo natural dos seres humanos. Eu me alimentava de ódio pelo meu corpo e por todos aqueles que se pareciam comigo, sem ver o que estava perdendo do começo da adolescência e comprometendo o futuro.

Se você se identificou com esse relato, saiba que é possível se sentir melhor. Busque ajuda e se acolha junto aos seus… você não está só. Abaixo estão as informações sobre como buscar ajuda. Acesse: https://www.wannatalkaboutit.com/br/ e busque por ajuda <3 

Referências

DA-SILVA, Giulia Gomez; DANIEL, Natália Vilela Silva. Relação do uso de redes sociais com risco de transtorno alimentar e insatisfação corporal em adolescentes escolares. Artigo Original,[s. l], p. 1-9, 2020.

GIORDANI, R. C. F.. A auto-imagem corporal na anorexia nervosa: uma abordagem sociológica. Psicologia & Sociedade, v. 18, n. 2, p. 81–88, maio 2006.

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Cirurgias plásticas passam a ser vistas como um procedimento de extrema importância

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O desejo de alcançar um corpo esteticamente aceitável pela sociedade faz que muitas pessoas procurem por meio de cirurgias plásticas o tão sonhado corpo perfeito. Conforme dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), houve um aumento de 25,21%, em 2018, na realização de cirurgias estéticas, aproximadamente quase 1, 5 milhão de pessoas. A comparação foi feita em relação aos dados de 2016, em que quase 850 mil pessoas se submeteram a procedimentos estéticos.

De acordo com a SBPC, a cirurgia para aumento de mama foi a mais procurada em um total de 18,5%, em segundo lugar a lipoaspiração com 16,1% e abdominoplastia com 15,9%. Ainda segundo a pesquisa feita em 2018, 62,2% das pessoas que buscam intervenções cirúrgicas são para fins profissionais no Instagram, e também no Facebook com um total de 58,4%. Os números são alarmantes, porque a maioria utiliza as redes sociais para alavancar os seguidores para fins financeiros. Situação preocupante, já que muitos jovens e adolescentes são influenciados com os conteúdos postados.

Volpi (2009) explica que são vários motivos que levam as pessoas a modificarem sua aparência. “Pode ser apenas modismo, outros modificam a imagem corporal para despertar a atenção, seduzir, como também valorizar o corpo enquanto objeto sexual”.  Uma percepção alarmante, já que o modismo aumenta a insatisfação corporal com o corpo, e o aumento de intervenções, que nem sempre são necessárias, somente para estar no padrão imposto por digitais influencers, na internet.

Fonte: Freepik

Com a mesma percepção, Rodriguez (1983) destaca que a cultura determina regras em relação ao corpo, “regras estas que os indivíduos tendem à custa de castigos e recompensas se adaptar até chegar o momento que estes padrões de comportamento são vistos como naturais.” Segundo Rodriguez, muitas pessoas se submetem a dietas rigorosas, praticam exercícios físicos, realizam operações cirúrgicas, por acreditar na existência de um corpo ideal.  Para ele, o corpo é alvo de obsessão da juventude, da moda (RODRIGUES, 1983).

Paiva (2010) afirma que a estética corporal nunca foi tão valorizada como é atualmente, e isto vem sendo reforçado pela mídia, em especial pela internet. Para ele, o “corpo ideal está se tornando um objeto de consumo, passível de modificações a todo custo através de adereços e cirurgias.” Ou seja, o mundo vivencia o fenômeno “do culto ao corpo”, em que as pessoas não medem esforços para alcançar o padrão desejável.  Posicionamento confirmada pela SBCP, com o aumento das cirurgias estéticas com o intuito de buscar a perfeição.

Nesse contexto é preciso alertar sobre os riscos relacionados as cirurgias e procedimentos estéticas.  Um caso amplamente divulgado pela mídia foi da digital influencer Liziane Gutierrez que teve o rosto deformado após fazer uma harmonização facial. Segundo a modelo em entrevista ao Correio Brasiliense, ela teve uma forte reação ao produto químico utilizado pelo médico, e precisou se submeter a uma cirurgia para retirada da substância usada em seu organismo. Os transtornos não terminaram, ela ainda passou por cyberbullying, que consiste no bullying virtual pela sua aparência física.

Fonte: Freepik

Sobre o assunto, Padilha (2002) aponta que na cultura da boa aparência, a beleza adquire conotação de aceitação de não rejeição em que não ser belo equivale a ser rejeitado. “É um conjunto de valores atribuídos a uma pessoa pelos outros, através da análise das características, qualidades e defeitos que uma pessoa apresenta”. (Padilha, 2002). Por conta dessa ideia difundida que muitas pessoas correm para as mesas cirúrgicas, colocando a vida em risco.

O ser humano é muito mais que um corpo definido, é preciso parar para refletir sobre os riscos físicos e emocionais que uma cirurgia estética pode trazer. Caso, a pessoa tenha dificuldade de autoaceitação e baixa autoestima, ela precisa de uma ajuda profissional que irá ajudar resolver os conflitos internos, bem como ajudar a trilhar um caminho do amor-próprio. A questão não é ser contra cirurgia, mas sim optar por um equilíbrio, para evitar os excessos cirúrgicos, que escondem problemas de ordem emocional.

REFERÊNCIAS

Jornal, Correio Brasiliense. Liziane Gutierrez: antes e depois da modelo impressionam (2021). Disponível em <https://www.correiobraziliense.com.br/diversao-e >. Acesso: 11, de nov, de 2021.

PAIVA, T. F. F.. A Ditadura da Beleza e SuasImplicações na Subjetividade. 2010. 97 f. Monografia (Graduação em Psicologia) – Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, 2010.

PADILHA, Ênio. Marketing pessoal e Imagem pública. 2.ed. Balneário Camboriú: Palloti, 2002

 Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Censo 2018. Disponível em <http://www2.cirurgiaplastica.org.br/wp-content/uploads/2019/08/Apresentac%CC%A7a%CC%83o-Censo-2018_V3.pdf> Acesso: 11, de nov, de 2021.

RODRIGUES, José Carlos. Tabu do corpo. 3. ed. Rio de Janeiro: Achiamé, 1983

VOLPI, José Henrique. Body modification: uma leitura caracterológica da identidade inscrita no corpo. Curitiba: Centro Reichiano, 2009.

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O Corpo Fala: sinais físicos de problemas mentais

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A sociedade contemporânea está habituada a identificar sinais grotescos e agressivos de distúrbios mentais e problemas psicológicos. Automutilação, ingestão demasiada de remédios, desânimo excessivo são as “condições” mais comumente associadas a presença de problemas mentais.

Porém, existem sinais sutis – ou não – de que o indivíduo vem enfrentando fortes batalhas internas e que, muitas vezes, sequer possuem conhecimento de sua existência.

 Obviamente estes sinais não são exclusivos de uma peculiaridade psicológica. Por exemplo, a obesidade que possui grandes fatores genéticos que, acompanhados de uma mente cheia de traumas, pode agravar a condição física do indivíduo.

A compulsividade alimentícia é sempre associada há algum distúrbio, mas também pode ter conexão com algum trauma, uma experiência agonizante que levou o sujeito a buscar refúgio e compensação no alimento.

Fonte: encurtador.com.br/etxz9

Além da obesidade, a calvície é uma outra condição sutil que pode trazer mais que uma condição genética no seu desenvolvimento. Uma pessoa depressiva, que ignora os cuidados básicos de higiene, por nítida ausência de interesse com o autocuidado, agrava a perda de cabelos.

Mas, não são somente condições genéticas que escondem a presença de problemas psicológicos, muitas vezes estados emocionais intensos passam desapercebidos pelos olhos desatentos da grande massa, porém, em alguns casos, os ombros caídos e rosto maltratado vão além de um dia intenso e exaustivo de trabalho.

As marcas de choro copioso, nem sempre estão ligadas ao luto, término, perda. O sorriso também tem se tornado um grande “ofuscador” de problemas, posto que algumas pessoas desenvolveram a capacidade de utilizá-lo com maestria para esconder a dor que carrega consigo.

Tem se tornado cada vez mais crescente aquelas pessoas que não pertencem a nenhum grupo social, comumente denominados de “excluídos”, estes, de tanto sofrerem, criaram mecanismos de defesa psicológica, onde entendem que a ausência de relacionamentos resulta na ausência de sofrimento. A indiferença é sua arma principal.

Os traumas muitas vezes dão sinais sutis e pouco perceptíveis, mas estão todos lá, alguns em grande escala, outros impossíveis de serem “identificados a olho nu”, mas é sempre importante ter em mente que o corpo fala.

Nosso corpo é dotado de mecanismos orgânicos e extremamente avançados que nos apresentam os indícios de perturbação física e psicológica.

Infelizmente, alguns desses sinais foram ignorados, outros tidos como fraqueza e tantos outros como virtudes, o que, ao logo dos anos se tornou difícil não só para desconstituição de sua imagem, mas também o tratamento coletivo.

Comportamentos destoantes da vida em sociedade, que remontam a selvageria de outrora dos instintos indomados, atreladas à instabilidade psicológica resulta em estados mentais peculiares e perigosos. A criação de mecanismos agressivos de defesa, por exemplo, é, muitas vezes, uma resposta comportamental a algum abuso psicológico sofrido pelo agressor.

Fonte: Google Imagens

Isto posto, deve sempre se buscar uma conexão entre corpo e mente, sempre para que possa ser possível compreender os sinais e buscar, o quanto antes, o tratamento adequado, seja físico ou psicológico.

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O impacto da pornografia na saúde mental: perspectivas científicas

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Na atual conjuntura da sociedade global, é incontestável a influência da indústria pornográfica no comportamento de consumo de jovens e adultos. Com o advento da tecnologia, como explicam Baumel et. al (2019), a disseminação de conteúdos sexualmente sugestivos ou mesmo explícitos ganhou ainda mais força, através principalmente da internet, que possibilitou a criação de inúmeros chats, sites e plataformas com essa proposta.

Conceituando pornografia, Postal et. al (2018) definem esse fenômeno como todo tipo de conteúdo que apresenta como principal finalidade estimular excitação sexual em quem consome, através da utilização de materiais sexualmente explícitos. Dias e Oliveira (2016) descrevem pornografia como um sistema de expressão de ideias que mimetiza a realidade, gerando entretenimento através da composição teatral, cenográfica ou performática da sexualidade.

No atual cenário brasileiro, como apontam Baumel et.al (2020) através de dados científicos sobre o assunto, quatro dos cinquenta sites mais populares do mundo são de conteúdo pornográfico. Dentro desse quadro, 71,6% dos acessos ao site Pornhub, o mais popular do gênero, ocorrem através de smartphones, e o Brasil aparece como o 12° país mais consumidor desse conteúdo.

Diante da perspectiva de intenso consumo no país, e também no mundo, há em pauta uma série de questões vinculadas às ideologias, visões de mundo e consequências psicológicas fomentadas pela indústria pornográfica. As discussões feministas, como apontam Dias e Oliveira (2016), atreladas aos movimentos antipornografia, problematizam esse consumo chamando a atenção para a objetificação dos corpos femininos, a promoção do abuso e violência, a erotização da submissão da mulher, entre outros.

No que tange à sexualidade, Postal et. al (2018) explicam que, ao longo do desenvolvimento humano, essa dimensão é permeada por uma série de influências biológicas, psicológicas e sociais. Considerando a importância da mídia e das tecnologias na sociedade atual, e levando em consideração a intrínseca ligação entre a indústria pornográfica e a utilização de ferramentas como a internet, é inegável dizer que há, nesse processo, uma direta influência dos construtos e símbolos gerados por essa indústria na elaboração da sexualidade humana, principalmente no que se refere à juventude.

Fonte: encurtador.com.br/jpr17

É possível afirmar que os jovens, expostos às situações performadas e representadas no contexto pornográfico, introjetam conceitos, opiniões, ideias e modelos a respeito do sexo e da sexualidade. A exposição do corpo feminino a situações degradantes, humilhantes, vexatórias e até mesmo vinculadas à banalização do estupro colabora com a internalização de comportamentos sexistas, que acabam por reverberar na vida adulta. Conforme Postal et. al (2018), uma pesquisa que analisou 304 vídeos pornográficos evidenciou a presença de inúmeras formas de agressão à mulher, como espancamentos, engasgos durante a prática do sexo oral, insultos, tapas, sufocamentos, etc.

Dias e Oliveira (2016) também chamam a atenção para outros fenômenos potencializados pela constante exposição aos estímulos pornográficos. De acordo com as autoras, o vício em pornografia é uma consequência bastante comum, e geralmente sucedida pelo vício em sexo e outros distúrbios sexuais. Baumel et. al (2019) também reforçam o vício como uma consequência negativa, e citam também o isolamento social e dificuldade de cumprir atividades do dia a dia.

Outro artigo de Baumel et. al (2020), que consiste em uma revisão sistemática sobre o tema, evidenciou que 32% dos artigos sobre o assunto exploram as consequências da pornografia para a saúde, citando os aspectos mencionados no parágrafo anterior. Além disso, 31% deles falam sobre prejuízos no relacionamento. De acordo com os autores, o consumo de pornografia pode reduzir a satisfação sexual entre casais, promover segredos e infidelidade, reduzir a intimidade, entre outros.

Alguns aspectos socioculturais, ainda de acordo com Baumel et. al (2020), devem ser considerados. Como explicam os autores, a idealização dos corpos e da performance sexual é um fenômeno promovido pelo consumo de conteúdos pornografios, quando os indivíduos são influenciados a crer que, para ter relações sexuais, é necessário ter um tipo específico de porte físico e um determinado desempenho com o (a) parceiro (a). Essa particularidade do consumo exacerbado de pornografia reflete diretamente na autoestima dos sujeitos, principalmente jovens.

É indiscutível o impacto da indústria pornográfica na saúde mental dos espectadores. Os dados aqui levantados evidenciam não só os efeitos psicológicos desse consumo, mas também sociais e culturais. Torna-se urgente, a cada dia, que essa pauta seja cada vez mais discutida, para que as consequências desse fenômeno sejam levadas a conhecimento geral e entendidas como pertencentes a uma problemática que deve ser combatida.

REFERÊNCIAS:

BAUMEL, Cynthia Perovano Camargo et. al. Atitudes de Jovens frente à Pornografia e suas Consequências. Psico-USF, Campinas, v. 24, n. 1, p. 131-144, Jan. 2019;

BAUMEL, Cynthia Perovano Camargo et. al. Consumo de pornografia e relacionamento amoroso: uma revisão sistemática do período 2006 – 2015. Minas Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 13(1), 2020;

DIAS, Carolina Bouchardet; OLIVEIRA, Adriana Vidal. Impactos da pornografia na saúde dos adolescentes: uma análise a partir dos direitos fundamentais. Departamento de direito, 2016.

POSTAL, Aline Stefane et. al. Possíveis consequências da pornografia na sexualidade humana. Vivências. Vol. 14, N.27: p. 66-75, Outubro/2018;

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CAOS 2020: Encerramento tematiza possibilidades de avaliação de pessoas trans

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Evento também discutiu métodos de avaliação psicológica envolvendo o uso de testes.

No dia 6 de novembro de 2020 às 19 horas, ocorreu a palestra de encerramento do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS 2020), organizado e promovido pelo Centro Universitário Luterano de Palmas. A palestra de encerramento, mediada pela professora Muriel Correa Neves Rodrigues (CRP23/377) recebeu a psicóloga, Bruna Sofia Morsch de Souza (CRP 12/16721) que trouxe o tema da primeira palestra “A clínica, a pessoa trans e os laudos psicológicos”.

A psicóloga Bruna debateu criticamente o método de avaliação de pessoas que estão no processo de realizar a cirurgia de transição à luz da psicanálise de Freud e Lacan. A palestrante explicitou que na comunidade acadêmica, que utilizam a psicanálise como base científica, a pessoa trans é vista automaticamente como psicótica e por isso o laudo para a autorização da cirurgia não é concedido e desse modo, há uma barreira na escuta da pessoa trans.

Fonte: Arquivo Pessoal

A palestrante também expôs que é necessário avaliar o que sustenta a transexualidade para desenvolver o laudo para o procedimento cirúrgico. Além disso, também é de grande importância o trabalho juntamente com a/o profissional de psicologia antes e a após a cirurgia, e se não ocorrer, pode ocorrer as ideações e tendências de desvalorização da vida. Pois haverá o luto do corpo que se vai e a atenção ao corpo que se revela.

A segunda palestra foi apresentada pelo psicólogo egresso do CEULP/ULBRA Ruam Pedro Pimentel (CRP 23/1394) com o tema “Quando a avaliação envolve testagem: como escolher?”. O palestrante desenvolveu sua fala de modo técnico, explicando o objetivo da avaliação psicológica, a metodologia envolvida no processo avaliativo, qual os testes que podem ser utilizados, de acordo com as demandas que surgirem.

Fonte: Arquivo Pessoal

O psicólogo Ruam também mostrou alguns exemplos que envolvem escalas, inventários, autorrelatos, heterorrelatos, observação de comportamentos, entre outros, que podem ser utilizados durante o processo. Além disso, deu ênfase em como o planejamento é importante e necessário no decorrer das avaliações psicológicas assim como as devolutivas e o rapport. Ruam diz que “A relação entre o sujeito e o avaliador não se constrói de um dia para o outro”, mostrando o quando a vínculo irá interferir no andamento.

O CAOS 2020 trouxe como tema Psicologia e Profissão: a avaliação psicológica em destaque. O evento teve início no dia 3 de novembro e se encerra no dia 7 do mesmo mês com a Assembleia geral dos estudantes de Psicologia do Tocantins (9h de sábado, 7). O congresso contou com palestras, rodas de conversa, minicursos e sessões técnicas.

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“Perdi meu corpo” e a angústia de separação

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A angústia que sentimos diante de uma separação, na verdade vem desde o nascimento, é a primeira experiência de perda do objeto amoroso

O longa francês, Perdi meu corpo (J’ai Perdu Mon Corps) conta a história de uma mão decepada que escapa de um laboratório de dissecação.  Com a fuga ela foca em um só objetivo: retornar para o restante de seu corpo e voltar a fazer parte de um organismo completo. Enquanto ela vaga pelos arredores de Paris, se lembra dos tempos de quando era apenas uma jovem mão no corpo de um apaixonado rapaz.

Texto contém spoilers!!

Logo no início do longa podemos ver uma mão ganhando vida, despertando em um laboratório onde aprende a andar com os dedos e como se de imediato, soubesse o que fazer, iniciando sua busca pelo restante do seu corpo. Aos poucos durante seu trajeto ela vai revendo memórias de quando seu dono era criança. Uma sensação de saudosismo de uma época em que fazia parte de um corpo, um ser completo.

O longa se passa em três linhas do tempo, uma em que a mão está, outra antes do acidente e as lembranças do Naoufel da sua infância.

Naoufel, o dono da mão que até então não foi separada de seu corpo, aparenta ser um jovem preso ao passado, onde seus pais ainda estavam vivos. Ele guarda diversas fitas em que gravava variados tipos de sons, desde sua mãe cantando até o som do vento na grama. Por mais que ele não tenha mais gravado sons após a morte de seus pais, Naoufel nunca se desfez das fitas e parece que as ouve com frequência. Parece pairar uma sombra de culpa, pois quando ele ouve a última fita, mostra momentos antes do acidente em que Naoufel quase cai da janela do carro ao tentar gravar o som do vento do lado de fora e nisso o pai é quem o segura. Nesse momento de distração o acidente ocorre.

Dessa forma, o personagem parece ficar preso nesse passado até que conhece a Gabrielle. Parece que a partir disso, algo se movimenta dentro dele, essa energia que provém das pulsões ou instintos e que afeta nosso comportamento e que Freud (1978) define como libido, passa a ser investido para esse novo objeto amoroso que passa a ser uma obsessão. Ele acaba assim, fazendo várias coisas para se aproximar dela.

A mão, dessa forma, pode ser uma representação desse sentimento de angústia que ele sente. Freud (1926) aponta que essa angústia que sentimos diante de uma separação, na verdade vem desde o nascimento, é a primeira experiência de perda do objeto amoroso. Assim, quando entendemos as linhas do tempo, fica claro que a partir do momento em que ele perde a mão, começa sua jornada para seguir em frente.

Da mesma forma sua relação com Gabrielle é essa tentativa de voltar ao estado de simbiose com um objeto amoroso, porém se frustra e acaba em uma briga na festa do amigo. Freud (1926) afirma que existem defesas com o intuito de evitar novas situações traumáticas. Portanto temos de um lado a busca pela fusão com um novo objeto amoroso e do outro uma busca por algo que o fizesse seguir em frente, que no caso seria ressiginificar essas lembranças que o faziam de refém dessa angústia.

FICHA TÉCNICA:

PERDI MEU CORPO

Título original: J’ai Perdu Mon Corps
Direção: Jérémy Clapin
Elenco: Dev Patel (Naoufel), Victoire Du Bois (Gabrielle), Patrick d’Assumção (Gigi);
Ano: 2019
País: França
Gênero: Animação, drama;

REFERÊNCIAS:

FREUD, S. Inibições, sintoma e Ansiedade (1926). In:______. Um estudo auto-biográfico inibições, sintomas e ansiedade a questão da análise leiga e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

FREUD, S. A Teoria da Libido. In: The Standard Edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud, v. XVIII. Londres: The Hogarth Press e Institute of Psycho-Analysis, reimpresso em 1978.

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NEM gera integração entre acadêmicos de Psicologia e de Teatro

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Com o objetivo de promover habilidades comunicativas e performáticas (no campo do teatro e da comunicação não-verbal) entre os acadêmicos de Psicologia do Ceulp/Ulbra, do Teatro da UFT e de integrantes da comunidade, o NEM – Núcleo de Estudos Mímicos, realizou um profícuo trabalho no último semestre.

O projeto é uma parceria entre UFT e Ceulp, tendo a profa. Dra. Renata Ferreira (UFT) como coordenadora e os professores Dra. Irenides Teixeira (Ceulp) e Me. Sonielson Sousa (Ceulp) como assistentes. Neste semestre, os envolvidos desenvolveram estudos de repertório a partir da obra do famoso mímico francês Marcel Marceau.

Durante o percurso, que irá se estender em 2019.2, o NEM promovei a inter-relação entre Educação, Teatro e Psicologia, a partir de vivências corporais e mímicas; assegurou habilidades corporais diversas entre os acadêmicos de Psicologia, no que tange a expressões corporais e gestuais, o que possibilitou a montagem de um estudo de repertório; realizou apresentações públicas de estudo de repertório para comunidade acadêmica e externa e promoveu a abertura de agenda para apresentações pelo Tocantins.

Dentre os discentes e egressos envolvidos no projeto, destaca-se a participação de Alexander Rock C. Matcheck, Quelen da Silva Leite Guedes e Sandra da Silva Arraes, todos do Teatro da UFT.

Há programação para abertura de novas vagas a partir da segunda quinzena de julho de 2019, com retomada das atividades do NEM em agosto deste semestre.

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A fascinante linguagem do corpo

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O livro “O Corpo Fala”, de Pierre Weil e Roland Tompakol, aborda a linguagem corporal como centro de informações e demonstrações contrárias daquilo que está sendo emitido pela fala, seja por gestos, olhares, posições do corpo que, na realidade, comunicam a verdade desta dimensão da comunicação.

A observação da linguagem não verbal é possível em verificar a concordância e discordância da linguagem verbal, como um processo coerente e completo. Por isso que o título do livro é que o corpo fala, ou seja, aponta as mentiras, expõe verdades inconscientes, reforça as ideias, enfatiza o que está sendo comunicado. Por isso que se deve estar atento no que pode ser transmitido sem perceber na mensagem corporal. A mensagem verbal pode ser até clara e objetiva, mas ela envolve subjetividade, um processo nas relações humanas, que envolve emissão, recepção e percepção.

No 1º. Capítulo, desperta-se a curiosidade da simbologia dos três animais que compõem boa parte do vocabulário da obra. As pessoas são informantes de cada gesto do corpo no andar, sorrir, mexer a mão e jeito de olhar. Desde o nascimento, a linguagem corporal demonstra raiva, medo, vontades e desejos durante a vida.

No 2º. Capítulo, o corpo humano é comparado com a esfinge dividida em três partes (boi, leão e águia). O boi equivale ao abdômen da esfinge, que significa vida instintiva e vegetativa, mostra seus desejos, apetites, como comer, beber, dormir, espreguiçar e sentir atração sexual. O leão demonstra o emocional do ser, o coração, considerado o centro de toda emoção humana, que são os sentimentos de medo, amor, ódio, raiva, susto, timidez, submissão, equilíbrio, imponência e orgulho, o que demonstra o que vem de dentro para fora. Ao abordar a parte instintiva e emocional, utiliza-se de símbolos antigos da estrutura psicossomática da linguagem corporal.

Recorda-se dos tempos imemoriais das mensagens sintéticas de significado convencional dos símbolos, desde a esfinge dos egípcios e dos assírios, composta por quatro partes, que são o corpo de boi, o tórax do leão, as asas de águia e a cabeça do homem. Desta tradição antiga, corresponde a abordagem psicológica, de que o boi representa o abdômen (vida instintiva e vegetativa), o leão representa o tórax (vida emocional) e a águia representa a cabeça, apesar de ser utilizar as asas (vida mental, intelectual e espiritual) e o homem, na face esfíngica, representa o conjunto, que é a consciência e o domínio dos três inconscientes anteriores.

Em termos práticos, quando a pessoa avança o abdômen, é porque gosta de boas refeições e se senta à vontade diante de uma farta mesa de jantar, assim como os coreógrafos prepondera a postura, infla o tórax para demonstrar sua presença e vaidade para se impor. Entretanto, quando o tórax da pessoa está encolhido, demonstra seu ego diminuído e sua timidez ou submissão em determinada situação. Por esta observação, pode-se verificar o estado emocional da pessoa, quando há aumento da respiração no tórax, que significa tensão e suspiros indicam ansiedade e angústia. Em relação à cabeça, quando muito erguida, significa hipertrofia do controle mental; em posição normal indica controle normal da mente, e quando abaixada, significa tristeza e submissão.

Na cabeça, o boi pode ser representado pela boca, por onde entram os alimentos, o leão é representado pelo nariz, de onde entra o oxigênio que vai para os pulmões e os olhos representam a águia, como o espelho da mente. Exemplo é o rosto, quando expressa sentimentos, que pode ser de encanto, enlevo, tensão, tristeza, desconfiança e atenção. Quando se inclina o corpo para frente, a pessoa indica que quer se comunicar e transmitir sua vontade e intenção, mas quando a pessoa inclina seu corpo para trás, significa resistência ou rejeição. Se a pessoa está interessada em alguém ou algo, seu corpo inclina para frente a fim de demonstrar sua emoção.

Assim, pode-se intuir que o corpo fala o que a mente contém. Outro exemplo é quando uma pessoa encara a outra com firmeza para demonstrar interesse amável e o olhar que evita direto, apesar do sorriso, não firma interesse, demonstra fraqueza. Um homem, geralmente, em gesto inconsciente aproxima sua companheira mais para si, quando deseja protegê-la ou demonstrar que ela é sua, caso apareça ou se aproxima um possível rival.


Fonte: http://bit.ly/2VRZsxh

Em continuidade da teoria, a águia é o raciocínio, o saber, a satisfação da sua curiosidade, ela é realista, foge da ilusão; procura enxergar o mais longe possível, quer usar a lógica. O leão, por sua vez, ama o sentimento, a música, as cores, a poesia e as formas, distingue lágrimas e sorrisos, não raciocina, é impulsivo, admira e deseja a beleza, tem paixão, compaixão, bondade, ódio, raiva, tristeza, angústia, culpa, ansiedade, generosidade e solidariedade. E por fim, o boi se satisfaz com os prazeres simples, pertinentes à sobrevivência, como respirar bem, beber, comer, dormir, transar, esconder-se, reagir a impulsos dos reflexos corporais.

Há outras demonstrações corporais como cruzamento de braços, que demonstra inflexibilidade ou apreensão, mãos frouxas, que demonstra desinteresse, dedos estirados e entreabertos, que demonstra expansão do ego e afirmação de seu território e espaço. Observando outros gestos com seus significados, o cumprimento com a mão num forte aperto, é sinal de que não tem restrições, enquanto a mão de frouxo aperto é sinal de a pessoa ter medo de se envolver com a outra.

Quando uma pessoa se senta com a pasta ou a bolsa no colo, significa que não está à vontade. Quando uma pessoa tem seus pés em direção a outra pessoa, indica interesse por ela. Contudo, se os pés estiverem voltados para a porta, significa que a pessoa quer sair. Braços cruzados no peito demonstra que a pessoa não quer mudar de opinião e nem aceitar outras opiniões. Quando uma pessoa puxa seu próprio cabelo, significa que busca novas ideias e quando está com cotovelos apoiados em algo, a pessoa delimita espaço e se sente invadida e intimidada. Já, a atitude de morder a caneta e mexer no queixo, mostra que a pessoa está considerando uma situação proposta. Quando uma pessoa está com as mãos na frente da boca, geralmente, significa que a pessoa deseja falar algo, mas não teve oportunidade. Já as mãos cruzadas para trás, é sinal que não concorda com algo ou com discussão que está presenciando.

Mãos fechadas demonstram insegurança, mãos abertas significam concordância da situação. Quando se estufa o tórax, a pessoa quer se impor e se afirmar diante dos outros, e quando o tórax está contraído, demonstra o contrário, mostra a pessoa reprimida, tímida ou dominada pela situação naquele momento. Quando aumenta a respiração, a pessoa está com tensão e emoções fortes. Quando a pessoa rói as unhas ou mexe em tudo, é sinal de tensão ou preocupação. Quando a pessoa está com cabeça encolhida entre os ombros, significa que está agressiva e quando com queixo apoiado nas mãos, demonstra paciência.

Em todas tais situações exemplificadas, o importante é observar que a linguagem não verbal esteja em concordância com a linguagem verbal, o que expressa a comunicação num processo completo e coerente. Entretanto, quando não há concordância das palavras comunicadas com o que o corpo expressa, significa mentira ou falsidade, algo que pode comprometer a credibilidade das informações transmitidas.

Observar a linguagem não verbal, ou seja, corporal, é exercitar a sensibilidade, colocar-se no lugar do outro, ter empatia, para perceber os momentos de comunicação nas relações interpessoais. Quando se aprende a prestar atenção na linguagem corporal e interpretar corretamente a dos outros, há maior controle sobre situações, assim como é possível identificar sinais de abertura, tédio, atração ou rivalidade, a fim de agir de forma adequada para a condução em determinado momento. A linguagem corporal para ser observada, aplica-se tanto na vida pessoal quanto no mundo corporativo, e explica aspectos comportamentais humanos.

 

FICHA TÉCNICA

Nome do livro: O Corpo Fala: A linguagem silenciosa da comunicação não-verbal
Editora: Vozes
Gênero: Psicologia
Autor: Pierre Wel e Roland Tompakow
Ano de lançamento: 1986
Idioma: Português
Ano: 2001
Páginas: 288

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CAOS2019: “Corpo e sexualidade no Portal (En)cena” é tema de sessão técnica

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Portal (En)cena vem evoluindo e adicionando ao seu catálogo filmes com temáticas referentes a Corpo e Sexualidade. 

Na tarde desta quinta-feira (23), ocorreu na sala 223 do Ceulp/Ulbra, as sessões técnicas do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – Caos. O trabalho apresentado por Sílvia Carvalho, acadêmica de psicologia, tem como tema “Corpo e Sexualidade no portal (En)cena” e teve como sua orientadora a Professora Doutora Irenides Teixeira.

Segundo Silvia, o site se configura como um espaço virtual que busca a promoção da saúde mental. Hoje, conta com sete categorias, sendo elas: Home; Narrativas; Cinema, Tv e Literatura; Personagens; Séries; Comportamento e Galeria. Para análise, Silvia fez um recorte restringindo o estudo a apenas da sessão “Cinema, TV e Literatura”. De 2011 até o mês de abril deste ano, foram contabilizados um total de 378 filmes, mas apenas 35 se referia a corpo e 17 à sexualidade.

Para concluir, a acadêmica ressaltou que cada vez mais, o Portal (En)cena vem evoluindo e adicionando ao seu catálogo filmes com temáticas referentes a Corpo e Sexualidade. Os gráficos quantificados por Silvia, mostram a quantidade de filmes e os seus subtemas relacionados. Dessa forma, é possível explorar um conjunto de dados de maneira quantitativa e qualitativa.

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