A abertura do Caos 2017 (Congresso Acadêmico dos Saberes em Psicologia) na última segunda-feira, dia 21/08, contou com a participação do reitor da instituição, prof. mestre Adriano Chiarani da Silva, além da comunidade acadêmica como um todo, as coordenadoras do curso de Psicologia – Irenides Teixeira e Cristina Filipakis -, e a palestrante da noite, a professora Cléa Ballão, da Unicentro.
Durante o evento, o reitor falou sobre a importância da temática deste ano, a violência, e destacou que o momento é oportuno para que a comunidade acadêmica saia da zona de conforto e se debruce sobre uma questão que afeta a todos. Já a palestrante/conferencista Cléa Ballão, que é professora e psicóloga de abordagem psicanalista, discorreu sobre as nuances da sociedade contemporânea e quais os impactos que estas configurações podem causar na vida das crianças.
Um dos principais pontos levantados por Cléa foi a perda do direito ao uso do espaço público, por parte da população, e o estabelecimento de uma sociedade de risco, que acabou por naturalizar a violência, já que se tornou tolerante a esta. Especificamente em relação às crianças, Cléa pontuou a crise das instituições mediadoras (família e estado, por exemplo), o que acabou deixando as crianças atuais numa espécie de deriva ou interregno.
Cléa também falou de muitos casos em que os pais não conseguem perceber as necessidades de seus filhos e, o que é ainda pior, os agride para que os mesmos se moldem a um ideal de comportamento que muitas vezes não corresponde às demandas da criança.
Por fim, Cléa alertou para o fato de que as gerações atuais estão declinando da prerrogativa de exercício de autoridade – não no sentido de imposição de verdades, mas de mediação de conflitos –, o que acaba eclodindo na privatização da vida e, como anomalia, faz surgir com força total o fenômeno do individualismo.
O Caos 2017 chega ao fim nesta sexta-feira, dia 25/08, com uma palestra de encerramento proferida pela professora Valeska Zanello (UNB), que irá abordar sobre as microviolências praticadas contra as mulheres. O evento desta sexta é aberto ao público em geral.
Por que Caos?
A subversão de conceitos aparentemente fechados é uma das marcas das mentes mais invejáveis de todos os tempos. E pensar de forma subversiva é também quebrar com a linearidade das considerações pré-concebidas. Assim, resignificar e despir as “verdades” são a tônica de toda a produção científica, de toda a produção de saberes. Caso contrário, não se estaria produzindo ciência, mas, antes, dogmas.
A palavra CAOS, neste contexto, ganha especial sentido, já que remete à possibilidade do princípio da impermanência e da criatividade. A Física diz que é do princípio do CAOS que surge parte dos fenômenos imprevisíveis, cuja beleza se materializa na vida que se desnuda a todo instante.
É neste sentido que, também, para a Psicologia, o CAOS possibilita pensar sobre uma maneira de enxergar o Ser para além de rótulos ou de concepções a priori. Este microcosmo humano que é objeto de escrutínio do profissional de Psicologia guarda uma gama de imprevisibilidade e de originalidade que representam a própria riqueza da existência. Afinal, pelo CAOS podem-se iniciar intensos processos de mudanças, autossuperações e singularidades. É pelo princípio do imprevisível e do radicalmente distinto que se vislumbra a beleza da diferença. Estas são, em súmula, as bandeiras da Psicologia, área da ciência calcada essencialmente no Humanismo, que busca elevar a condição humana em toda a sua excentricidade, sem amarras, sem julgamentos. Esse é o princípio do CAOS, o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia do Ceulp/Ulbra.