Minha terra é verdadeiramente mágica.

Quando comecei a fotografar, tinha em mente registrar a luz de objetos e lugares maravilhosos, espetaculares, lindos. Lugares que não se encontravam em pleno cerrado tocantinense.

Ficava chateado e reclamava por não haver o quê fotografar, nada que inspirasse minha jovem mente.

Era a meleca do tédio que encobria minhas lentes.

Um dia, lendo as cartas de Rainer Maria Rilke a um jovem poeta, encontrei um trecho impecável que me socou os olhos:

“Se o cotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas.”

O fotógrafo é o poeta da luz. O gênio que atende ao desejo do reflexo. O escritor que apenas plagia o que está à sua frente, as vezes edita um pouco, e lança como se fosse sua obra, roubando os personagens que as vezes nem sabem que estão sendo perpetuados em filme ou arquivo digital.

Como ladrão principiante, ainda estudando sobre fotografia, aquilo abriu meus olhares. Não precisava buscar nichos estrangeiros para me inspirar. Eu tinha que ser fotógrafo o bastante para extrair do Tocantins as suas riquezas.