Minha experiência em trabalhos para Inclusão Digital de Idosos

“A inclusão propõe uma ruptura dos paradigmas que já existem, a construção de um novo trabalho, um novo lazer, uma nova escola.” (Cláudia Werneck)

O projeto de extensão “Informática e Sociedade” dos cursos de Sistemas de Informação e Ciência da Computação do CEULP/ULBRA atua no processo de “inclusão digital”, tendo como base a integração do aluno com a comunidade, de forma a criar uma contexto que propicie ações de responsabilidade social. Nele, os futuros profissionais têm a oportunidade de orientar e ensinar, tendo contato direto com uma diversidade de pessoas.

Chamo-me Leandro Andrade e tive esta oportunidade. Junto às minhas práticas de estudos no meu curso de Sistemas de Informação, dediquei parte do meu tempo para uma nova experiência: a inclusão digital para idosos.

Com o início dos trabalhos, comecei a perceber o real sentido de ensinar e aprender e os diferentes impactos que o conhecimento causa na sociedade. Quando você interage com outro ser, visando retirar suas dúvidas sobre um determinado assunto, você se conhece. Neste momento você trabalha e descobre o que sabe e o que domina. Dependendo do caso, conhece mais os seus limites.

Nos trabalhos de ensino para idosos, o coração enche de emoção. Em muitos casos, trata-se de alguém que não teve a oportunidade de aprender determinados conteúdos mais cedo, seja por questões econômicas ou por falta de apoio ou incentivo de amigos e familiares. O instrutor é quem passa a fazer parte da vida daquela pessoa, exponencializando o desejo (já latente) da busca por novos conhecimentos. Fica notável uma boa mudança na autoestima, um sorriso que nasce.

“Sempre tive vontade de aprender, mas nunca tiveram paciência pra me ensinar. Agora eu posso usar um computador só, já sei usar. Já vou poder fazer algum trabalho meu, na minha responsabilidade, agora eu mesma faço. Está abrindo a minha mente. Dá força, dá muita força pra gente, quero aprender muito mais ainda. Estou muito feliz.” Diz Maria Vicentina, de 73 anos.

O ensino da informática contribui para um maior acesso à informação e para uma maior autonomia. Aprendi que há várias formas de compartilhar esse conhecimento e que, muitas vezes, as limitações que observei nesse processo foram minhas.

O comprometimento e a seriedade do trabalho do instrutor com os alunos contribuem para o processo de formação. Isto gera confiança, esperança, interesse e tranquilidade por parte deles. Com o passar das fases, percebe-se que a prática do aluno com o computador, incentiva e gera estímulos que viabilizam o aperfeiçoamento de aspectos cognitivos, como atenção, percepção e coordenação motora.

O instrutor ganha um desafio novo, pois cada aluno forma um universo diferenciado, assim é preciso que as metodologias de ensino também estejam em constante movimento, sejam flexíveis. Se já não há mais lugar para o trabalho executado sempre da mesma forma, assim como mostra a crítica de Charles Chaplin em Tempos Modernos, então precisamos rever inclusive o processo de ensino e aprendizagem.

Hoje consigo entender melhor as barreiras e os desafios para o processo de aprendizagem. Sei que sempre é possível compartilhar o conhecimento, apesar das dificuldades da cada um. Entendo que podemos buscar novas formas de ensinar, há a possibilidade de encontrar métodos mais adequados a determinadas situações, conforme o ritmo de cada aluno.

Traz satisfação ver a alegria daquele que aprendeu algo novo. É muito bom saber que valeu a pena aprender. Não existe uma palavra que define tudo isto. É uma lição de vida, foi uma troca de experiência compensadora. Eles aprenderam comigo e eu também aprendi muito com eles.

“O conhecimento torna a alma jovem.” – Leonardo da Vinci

Agradecimentos:
Extensão do CEULP/ULBRA
Cursos de Sistemas de Informação e Ciência da Computação do CEULP/ULBRA
Programa de Extensão “Informática e Sociedade”
Centro de Convivência dos Idosos