Manejo da Ansiedade a partir da abordagem psicanalítica

A ansiedade é um transtorno mental que afeta pessoas de todas as idades.

Andressa Saraiva Castilho – Psicóloga Clínica

E-mail: andressacastilho72@gmail.com – Instagram: @andressacastilhoo

 

Para falarmos sobre o manejo de ansiedade na clínica psicanalítica, é interessante compreendermos o que de fato é essa tal ansiedade que tanto nos assola. Pois, entende-se que a compreensão dos sintomas por parte do analista e do paciente faz-se necessário para uma boa conduta clínica (ZIMERMAN, 2008).

Dessa forma, para que isso aconteça, a compreensão que há dois tipos de ansiedade, a “patológica” e a “normal” torna-se necessária. O processo de identificação de cada uma delas talvez seja complexo, em vista que ambos podem apresentar os mesmos sintomas ou semelhantes na hora do aperto. Contudo, vale salientar, na intensidade e no período de cada sintoma diante de algum conflito mental.

A ansiedade é traçada pela psicanalise pela tentativa do indivíduo de encontrar meios que solucionem seus conflitos, por meio disso, a construção de um manejo de ansiedade na clínica psicanalítica se faz em conjunto terapeuta-paciente para que se possa chegar, juntos, na mediação dos conflitos da melhor forma. A ansiedade muitas vezes leva o indivíduo a extrema angustia, em casos mais severos pode-se desenvolver transtornos generalizados.

                                                                                                                         Fonte: pixabay

Os transtornos ansiosos são uma reação emocional de uma ameaça do futuro.

 

Nesse viés, para conduzir da melhor forma um caso de ansiedade, embasado no livro de manual de técnicas psicanalítica escrito por Zimerman (2008), cabe ao terapeuta, juntamente com seu paciente, identificar quais os fatores estressantes, seja interno ou externo; e qual fator estimulou o desenvolvimento de uma angústia incontrolada que excede a capacidade que o individuo pode enfrentar naquele momento.

Após esse processo de identificação, o próximo trabalho analítico é acompanhado das ressignificações. Re-siginificar os conteúdos alarmantes e ambientais que a psique da pessoa atribui a um determinado trauma, gerando desconforto em certas situações, sem mesmo que possa perceber ou que pareça banal aos olhos do outro.

O analista tem a função, também, de proporcionar ao paciente a capacidade de ab-reagir, ou seja, trazer a memória os sentimentos, que estão permeando por longas datas, reprimidos inconscientemente, que foram despertados por algum fator estressante atual. Assim, essa forma de “libertar-se” por meio da fala, pode possibilitar ao individuo uma nova forma de significado, ou seja, novas representações daquilo que o deixava ansioso.

Na clínica, quando um paciente se encontra em grande estado de neurose de angustia é comum que haja a tentativa de convencimento da parte dele para com o analista, no sentido de que o ajude a esquecer de todos os sentimentos e traumas já vivenciados. Contudo, trabalhar esses aspectos emocionais que um dia causaram sofrimento pode ser uma forma de manejo que irá ajudá-lo, pois como conclui Zimmermann em seu trabalho “a melhor forma de esquecer seja justamente a de se lembrar”.

Ainda, na conduta psicanalítica, entende-se que o indivíduo tem a capacidade de se desenvolver sem a dependência do analista, dessa forma, cabe ao terapeuta em momento de crises do paciente fortalecer a capacidade de autocontinência, assim podendo dominar a sua própria angustia sem mesmo adentrar no estado total de pânico. Nesse viés, é interessante ressaltar a importância do fortalecimento do “eu”, pois em momentos conflituosos a força de ressignificação vem de dentro pra fora e não o contrário.

Por fim, concluímos que o manejo de ansiedade na clínica psicanalítica é uma construção, inicia-se na relação terapeuta-paciente, percorre o caminho do autoconhecimento, até chegar nas identificações e ressignificações. Essa trajetória o possibilita a liberdade do ser e o do o domínio do seu próprio eu. Vale lembrar, também, que a ansiedade não é algo ruim em si, pois a mesma pode servir como preparo a grandes eventos pessoais, contudo, reforça-se a atenção a intensidade aos sintomas presentes.

 

Referências

BAVIEIRA, Lucas. Angústia e ansiedade: leitura psicanalítica sobre as expressões contemporâneas de sofrimento. Dissertação, São Paulo, 2022.

ZIMERMAN, David Epelbaum. Manual de técnicas psicalítica: uma re-visão. Atmed, Porto Alegre, 2008.