A história é contínua: prevenção e promoção de saúde mental do idoso

Alexia Regina dos Santos (Acadêmica de Psicologia) – alexiaregina@rede.ulbra.br

 

Envelhecer com qualidade de vida recebeu a nomenclatura de envelhecimento ativo, o que implica em oportunidades de saúde, sociabilidade e segurança aos idosos. O termo envelhecimento ativo foi adotado pela Organização Mundial da Saúde para representar um desejo comum de que a velhice seja uma experiência positiva. Mas para isso é necessário o comprometimento de pessoas e de instituições públicas e privadas. Estar ativo é ter a possibilidade de participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis.

Isso traz a solidariedade entre as gerações como essencial para o envelhecimento ativo, já que o adulto é o idoso de amanhã.

O envelhecimento é o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo o câncer. As neoplasias representam mais de 45% dos óbitos em indivíduos acima de 80 anos, com tendência a um aumento gradativo de suas taxas de mortalidade. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP, 2012)

De acordo com dados do Ministério da Saúde de 2018, há alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foi registrada a taxa média de 8,9 mortes a cada 100 mil idosos. Para fins comparativos, a taxa média nacional é de 5,5 por 100 mil. BRASIL. Ministério da Saúde.. Portaria Nº 529, de 01º de abril de 2013.

                                                                                                             Fonte:Freepick.com 

Segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a doença atinge cerca de 13% da população entre os 60 e 64 anos de idade. Ao redor do mundo, o transtorno afeta, em média, 264 milhões de pessoas de todas as idades. O abandono familiar e o sentimento de inutilidade são duas das principais causas de depressão no idoso. (IBGE, 2019)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define os cuidados paliativos como uma abordagem que busca proporcionar a melhor qualidade de vida possível para pacientes e familiares que enfrentam doenças que ameaçam a vida por meio do alívio do sofrimento, tratamento da dor e de outros problemas físicos, psicológicos e espirituais

Para que haja um envelhecimento saudável, os bons hábitos precisam ser cultivados, como alimentação, atividades e sono de qualidade. Outra prática crucial é a interação social para que o idoso se sinta amado, respeitado e como pertencimento de onde está.

                                               Fonte: google/imagens.com

Outra dica é evitar estereótipos e não se referir aos idosos com termos pejorativos como “ranzinza”, “teimoso” e “gagá”. Há uma diversidade muito grande no envelhecimento, com idosos conectados às redes sociais, que namoram, saem com amigos, enquanto outros seguem uma rotina mais tranquila. O importante é que os vínculos familiares se fortaleçam, que cada um respeite suas individualidades e estejam abertos às adaptações do processo de envelhecer.

Na terceira idade acontecem diversas mudanças psicossociais, vida pessoal e profissional das pessoas, além disso, alguns sintomas físicos e psíquicos começam a surgir como a diminuição da visão, a perda ou aumento de peso, maior dificuldade para se locomover, perdas cognitivas e outros. De acordo com Cataldo, por mais que esse processo seja natural, vivenciar essas mudanças no corpo e no âmbito social podem afetar a saúde mental das pessoas idosas

As percepções sobre o processo do envelhecer e adoecer denotam que, para eles, envelhecer constituiu um privilégio e, apesar das dificuldades, são gratos pela vida, por isso experimentaram integridade em vez de desesperança. Não obstante, o adoecimento e o acesso ao tratamento são percebidos como eventos geradores de estresse, constituindo fonte de angústia e sofrimento. Para fazer frente às perdas e adversidades do envelhecer e adoecer utilizam, sobretudo, as estratégias de enfrentamento características de um processo resiliente, destacando-se: o suporte espiritual, a reestruturação cognitiva e a aceitação.

Entende-se que a compreensão, pela equipe de saúde, das estratégias de enfrentamento dos doentes pode agregar qualidade no cuidado prestado a eles. Logo, sugere-se que essa temática seja difundida principalmente entre os profissionais que prestam cuidados aos idosos em cuidados paliativos por meio de discussões em grupo e atividades de educação continuada nas instituições de saúde.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov. br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html. Acesso em: 04 dez. 2023.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida.

Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de cuidados paliativos. 2ª ed. São Paulo: ANCP; 2012.