Pandemia e invisibilidade social: impacto Covid-19 nas populações de rua

A situação da população em situação de rua durante a pandemia de COVID-19 no Brasil foi bastante desafiadora. A falta de moradia adequada e condições sanitárias adequadas tornou essa população mais vulnerável à transmissão do vírus. Muitas organizações e voluntários intensificaram esforços para fornecer abrigos temporários, alimentos e itens de higiene. A população de rua superou as 281 mil pessoas no Brasil em 2022. Isso representa um aumento de 38% desde 2019, após a pandemia de covid-19. Essa é a conclusão de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2019).

Apesar de alguns avanços, como a inclusão dessa população no Cadastro Único e o acesso aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) como o Consultório na Rua, ainda há desafios significativos. A falta de dados precisos impacta diretamente o planejamento de políticas públicas e pode perpetuar a invisibilidade social desse grupo.

Os números estimados da população em situação de rua em 2020 e 2021 são preocupantes, indicando um aumento significativo. A pesquisa destaca a importância de uma abordagem mais efetiva na contagem oficial, conforme previsto na Política Nacional para a População em Situação de Rua. A falta de informações precisas pode afetar a alocação adequada de recursos e serviços, como exemplificado pela dificuldade do Ministério da Saúde em fornecer vacinas contra a Covid-19 para essa população. ( PAULA & LAURA, 2018) Momentos como estes a preocupação com aqueles que só tem a rua como moradia vem como um vento forte no deserto: avassalador. Fazer políticas públicas para pessoas nessas condições sempre foi um assunto comentado e desafiador independente do olhar e do momento (HONORATO & SARAIVA, 2014).

A condição das pessoas em situação de rua é uma preocupação significativa, especialmente devido à sua vulnerabilidade a várias questões, incluindo infecções. Essas pessoas muitas vezes enfrentam condições precárias, falta de acesso a cuidados de saúde adequados e têm maior probabilidade de exposição a diversos riscos. Portanto, é crucial que haja consideração especial para atender às necessidades específicas dessa população, garantindo o acesso a serviços de saúde, abrigo e outros recursos essenciais. A abordagem holística e sensível às questões relacionadas aos direitos humanos é fundamental para lidar com os desafios enfrentados por pessoas em situação de rua.

                                                                                                                   Fonte: Pinterest.com

A presença de famílias inteiras nas ruas destaca a complexidade da situação e a necessidade de abordagens abrangentes que considerem as diferentes dimensões do problema. A coordenação de esforços entre organizações governamentais e não governamentais, além do apoio da sociedade, é fundamental para criar soluções eficazes e promover a inclusão dessas pessoas na sociedade.

Passados mais de 10 anos desde a publicação da Política Nacional para Pessoas em Situação de Rua (Decreto nº 7.053, 2009), a condição de precariedade social dessa população no Brasil tem se agravado, especialmente a partir de 2017, após a crise econômica e política que o país viveu e com o crescente desemprego, que tem forçado famílias a migrar de cidade em busca de trabalho, além de outros fatores que já os atingiam, como dependência química, conflitos familiares, entre outros. O desafio no Brasil continua sendo o momento da implementação das políticas públicas para essa população (Hino et al., 2018). O número fornecido de pessoas em situação de rua pelo último Censo Pop, realizado entre 2007 e 2008, foi de 31.922 adultos (PESQUISA NACIONAL, 2008).

                                                                                                                                    Fonte: Pinterest.com

O Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua é uma importante ocasião para refletir sobre os desafios enfrentados por esse grupo vulnerável e buscar soluções para melhorar suas condições de vida. O Massacre da Sé em 2004 é um triste lembrete da violência que muitas pessoas em situação de rua enfrentam.

A pandemia da Covid-19 agravou ainda mais a situação, trazendo novos desafios e alterando o perfil da população em situação de rua. É preocupante ver que trabalhadores que perderam empregos e casas devido à conjuntura atual agora compõem essa população. A necessidade de empregos e moradias é evidente, e iniciativas que abordem essas questões são cruciais para ajudar essas pessoas a reconstruir suas vidas.

REFERÊNCIAS

Honorato, B. E.; Saraiva, L. A. S., & Silva, E. R. (2017). A construção social da ordem e da subversão nos discursos da (e sobre a) população em situação de rua de Belo Horizonte. Revista Organizações em Contexto, 13(26), 339-383.

Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua (2008). (Sumário Executivo). Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Paula, M. D. S., & Laura, C. M. F. (2018, January). População em situação de rua: seus (des) encontros com a saúde, construção de visibilidades, protagonismo e possibilidades de garantia de direitos sociais. In Proceedings of 2018, Convención Internacional de Salud, Havana, Cuba. Recuperado de :http://www.convencionsalud2018.sld.cu/index.php/connvencionsalud/2018/paper/view/1805 /818»http://www.convencionsalud2018.sld.cu/index.php/connvencionsalud/2018/paper/view/ 1805/818