CAOS: Bullying e Imagem corporal na infância é tema de apresentação

Dos 30 alunos, de 9 a 13 anos, 66,7% relatam estar envolvidos em práticas de bullying

O Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – Caos, trouxe nesta quarta, 23/08, a discussão sobre “Bullying e Imagem Coporal na infância”, tema apresentado no Psicologia em Debate, pela psicóloga Michelle Sales Zukowiski, resultado de seu Trabalho de Conclusão de Curso.

A partir da construção do seu referencial teórico, Zukowiski afirma que o bullying é um fenômeno de longa data, um comportamento agressivo, recorrente e de relações interpessoais de poder. Portanto, sempre possui o agressor e a vítima, e em alguns casos também abarca observadores. Desse modo, pode ser considerado um assédio moral.

O bullying pode ser direto ou indireto. O primeiro é comum entre meninos e caracteriza-se por agressão física; danos materiais; agressão verbal.  Enquanto que o segundo é relacional ou social, isto é, tem como peculiaridade a exclusão social e fofocas ou rumores desagradáveis; sendo comumente exercido pelas meninas. Assim, paralelo ao objetivo do trabalho, Michele apontou como a construção dos papeis sociais também afeta qual de tipo de violência, no caso bullying, que cada gênero tende a fazer.

Fonte: https://goo.gl/vRdHn6

Enquanto isso, a imagem corporal é a representação do corpo na mente de forma figurativa (SHILDER, 1980). E se forma a partir da interação da fisiologia, contendo aspectos neurais, emocionais e fatores sociais (BARROS, 2005). Nessa conjuntura, com base na conceitualização dos temas já se torna explícita a correlação entre eles.

A pesquisa teve como objetivo relacionar bullying e imagem corporal em 30 crianças de 9 a 13 anos, isto é, na fase da pré-adolescência, de uma escola particular da capital tocantinense. No que tange a metodologia, foram utilizados cinco instrumentos: questionário para estudo da violência entre pares; Escala de autoestima de Rosemberg; Image Make Procedure – IMP; Escala de silhuetas; e os dados antropométricos, estes fornecidos pela equipe de educação física.

Na análise dos dados o resultado encontrado foi de que 67% dos alunos da pesquisa estavam envolvidos de alguma forma com bullying. Nisso, elaborou-se uma tabela de teor comparativo contendo os resultados dos instrumentos utilizados pela pesquisadora e o que cada um avalia. Por conseguinte, evidenciou-se que os resultados de 100% a mais e 50% a menos que o esperado no percentual de gordura corporal são condizentes com o referencial teórico levantado, no qual a vítima torna-se vítima por possui uma característica inegável.

Fonte: https://goo.gl/1myufW

Nesse contexto, foi proposta uma intervenção nesse ambiente escolar como a capacitação dos professores para identificar e lidar com o fenômeno, conscientização dessas estudantes e acompanhamento psicológico com os envolvidos em bullying. Devido a troca do orientador pedagógico, do ambiente escolar pesquisado, essa intervenção ainda está em trâmite para ser realizada. Além disso, no momento aberto às perguntas, os congressistas levantaram a importância de proporcionar um feedback aos pais, sugestão concordada pela psicóloga.

Destarte, conclui-se que o bullying é um fenômeno biopsicossocial que está relacionado amplamente relacionado com a imagem corporal, como a autoestima e a aparência. Em vista disso, tal pesquisa pode ser considerada de grande relevância social, pois além de auxiliar na identificação dessa relação entre os dois temas onde há escassez de publicação sobre, também é um incentivo à pesquisa quantitativa para os acadêmicos do curso de psicologia.

Psicologia em Debate:

Psicologia em Debate é um espaço permanente para apresentação de trabalho de pesquisa e extensão, TCC, entre outros, dos acadêmicos ou egressos do Curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, dando oportunidade de divulgação das atividades desenvolvidas no curso. Entre os objetivos do projeto está a instrumentalização dos alunos e o estímulo para que mais acadêmicos se envolvam em atividades científicas.

O evento acontece desde fevereiro de 2016 sempre às quartas-feiras, na sala 203, prédio da Psicologia, bloco 2. A atividade é aberta ao público, gratuita, e vale horas complementares.

Por que Caos?

A subversão de conceitos aparentemente fechados é uma das marcas das mentes mais invejáveis de todos os tempos. E pensar de forma subversiva é também quebrar com a linearidade das considerações pré-concebidas. Assim, resignificar e despir as “verdades” são a tônica de toda a produção científica, de toda a produção de saberes. Caso contrário, não se estaria produzindo ciência, mas, antes, dogmas.

A palavra CAOS, neste contexto, ganha especial sentido, já que remete à possibilidade do princípio da impermanência e da criatividade. A Física diz que é do princípio do CAOS que surge parte dos fenômenos imprevisíveis, cuja beleza se materializa na vida que se desnuda a todo instante.

É neste sentido que, também, para a Psicologia, o CAOS possibilita pensar sobre uma maneira de enxergar o Ser para além de rótulos ou de concepções a priori. Este microcosmo humano que é objeto de escrutínio do profissional de Psicologia guarda uma gama de imprevisibilidade e de originalidade que representam a própria riqueza da existência. Afinal, pelo CAOS podem-se iniciar intensos processos de mudanças, autossuperações e singularidades. É pelo princípio do imprevisível e do radicalmente distinto que se vislumbra a beleza da diferença. Estas são, em súmula, as bandeiras da Psicologia, área da ciência calcada essencialmente no Humanismo, que busca elevar a condição humana em toda a sua excentricidade, sem amarras, sem julgamentos. Esse é o princípio do CAOS, o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia do Ceulp/Ulbra.