“Vamos falar sobre Suicídio?” é tema do 1º Encontro sobre Saúde Mental em Palmas

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Nesta sexta-feira, dia 22 de setembro de 2017, aconteceu o 1º Encontro sobre Saúde Mental na Universidade Federal do Tocantins – Campus Palmas. Promovido pela Secretaria Municipal de Saúde (Semus), faz parte da programação “Setembro Amarelo: Prevenção ao Suicídio”, sendo o segundo evento incluído na programação.

O encontro foi realizado em dois momentos. O início se deu no auditório da Universidade da Maturidade (UMA), que faz parte da UFT, com a Mesa de Abertura composta pelo psiquiatra Flávio Dias Silva e os psicólogos Camila Brusch, Tássio de Oliveira Soares e Johnatan Rospide. Este último abordou o suicídio a partir de um posicionamento ético e político, como um sintoma da sociedade, e defendeu a tese de que o atual processo de subjetivação está produzindo subjetividades que são solo fértil para o suicídio.

A psicóloga Camila Brusch introduziu sua fala detalhando os temas que seriam tratados nas rodas de conversa, como orientação sexual, identidade de gênero, violência sexual, violência doméstica e abuso infantil. Camila também alertou sobre o índice de suicídio ser oito vezes maior na comunidade LGBT.

Mesa de Abertura. Foto: Laryssa Araújo.

Tássio trouxe à mesa a perspectiva do suicídio indígena, que é constantemente vivido por estas comunidades e que possui um significado cultural distinto ao do que os profissionais da saúde estão mais habituados a trabalhar, isto é, o da cultura não indígena. Além disso, indicou que o papel do psicólogo, quando inserido nesses grupos, é de dar voz para esses povos e amenizar a ação do governo sobre os mesmos.

E o psiquiatra Flávio Dias Silva comentou a sua atuação baseada na medicina centrada na pessoa, onde o cuidado é primordial. Explanou que atualmente as áreas provedoras de cuidado estão sendo insuficientes e, ainda, as pessoas estão acumulando raiva, esta se generaliza de tal modo a ponto de voltar-se para si mesma, como o suicídio. Nisso, é essencial que os profissionais da saúde trabalhem desenvolvendo a resiliência nessas pessoas.

O segundo momento foi realizado no Bloco C, da universidade, em três salas que contemplavam as rodas de conversa com temas distintos. Foram eles “Suicídio, automutilação e transtornos mentais”, que teve o psiquiatra Flávio Dias Silva como facilitador; ”Suicídio e sexualidade”, com os mediadores o psiquiatra Luís Prestes e a psicóloga Camila Brusch; e “Suicídio e cultura”, com os mediadores – psicólogos – Johnatan Rospide e Tássio de Oliveira Soares.

Para Isabelle Rabelo, acadêmica de Enfermagem do CEULP, a roda de conversa sobre suicídio e automutilação lhe propiciou, como futura profissional, uma visão mais humanizada no que se refere à saúde mental. Ademais, afirma que se alegrou ao ver a diversidade de profissionais presentes que buscam formação humanista para tratar dessa problemática.

Nesse contexto, o evento contribuiu com o objetivo proposto. Favoreceu diálogos entre a comunidade e profissionais da saúde sobre os saberes acerca do suicídio, sua prevenção, diagnóstico e intervenção. É válido ressaltar que o “Setembro Amarelo: Prevenção ao Suicídio” ainda tem mais duas atividades, no IFTO e no Parque Cesamar, até o dia 10 de outubro de 2017. Clique aqui para acessar a Programação na íntegra.

Setembro Amarelo. Fonte: https://goo.gl/PX4Y6K

Vamos falar sobre Suicídio?

Um problema de saúde pública que vive atualmente a situação do tabu e do aumento de suas vítimas é o suicídio. Pelos números oficiais, são 32 brasileiros mortos por dia, taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. Tem sido um mal silencioso, pois as pessoas fogem do assunto e, por medo ou desconhecimento, não veem os sinais de que uma pessoa próxima está com ideias suicidas. A esperança é o fato de que, segundo a Organização Mundial da Saúde, 9 em cada 10 casos poderiam ser prevenidos. É necessário a pessoa buscar ajuda e atenção de quem está à sua volta.

Saiba mais sobre o Setembro Amarelo

Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Ocorre no mês de setembro desde 2015, por meio da identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações.

CVV – Centro de Valorização da Vida (uma das principais mobilizadoras do Setembro Amarelo) é uma entidade sem fins lucrativos que atua gratuitamente na prevenção do suicídio desde 1962, membro fundador do Befrienders Worldwide e ativo junto ao IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio), da Abeps (Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio) e de outros órgãos internacionais que atuam pela causa.

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Os vestígios humanos pelo olhar de Cristiano Mascaro

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Cristiano Mascaro, Paulista da cidade de Catanduva, nasceu em 1944. Graduou-se em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU-USP em 1968, mesmo ano que iniciou carreira de fotógrafo na revista Veja, onde ficou mais quatro anos até atuar de forma independente. Obteve o título de Mestre com a dissertação O Uso da Fotografia na Interpretação do Espaço Urbano em 1986 e de Doutor, com a tese Fotografia e Arquitetura, em 1995.

Fonte: http://googleshortener.com/BTEXi8D

A obra fotográfica de Mascaro se fundamenta na arquitetura das cidades e na paisagem urbana. Obra essa que traz um cenário que rastreia os vestígios humanos do dia a dia. Preocupa-se em denunciar os espaços ocupados e desocupados pelas pessoas, o cotidiano onde a vida acontece, sua preocupação é iluminar essa realidade, é fazê-la mais bela ao ponto de se tornar arte. Foi sua leitura do cotidiano, por meio do cotidiano, que o proporcionou a conquista de diversos prêmios nacionais e internacionais, dentre eles, o premio internacional de fotografia Eugene Atget (Paris) em 1984 e o Prêmio Abril de Jornalismo em 1991 (VASQUEZ, 2017).

O prêmio Eugene Atget, recebeu o nome do fotógrafo que inaugurou a fotografia urbana, o qual procurava fotografar o real. Considerado um dos mais importantes fotógrafos surrealistas, um artista a frente de seu tempo. Nascido na França em 1857, Atget foi primeiro a retratar o vazio das cidades, objetos comuns, o real, o primeiro fotógrafo tirar o ser humano do centro da fotografia.

Fonte: http://googleshortener.com/LkYW

Nesse contexto, vale dizer que o surrealismo foi o movimento literário que nasceu em Paris na década de 1920 e que teve influência direta da obra freudiana, visto que o papel do inconsciente na atividade artística marca as obras do surrealismo. André Breton foi seu representante quando em 1924 assinou a Manifesto do Surrealismo, propondo mudança na linguagem artística dominada pelo racionalismo. Foi um mergulho no inconsciente, daí a influência de Freud no campo das artes. Mascaro (2016) ao descrever a fotografia, a considera como a arte que toca o invisível das pessoas. Para ele “o olhar do fotógrafo tem que provir da sua sensibilidade”. O olhar como um sentido humano. O fotógrafo ainda complementa, que é como, extrair um prazer físico no ato de olhar.

Fonte: http://googleshortener.com/VjXr3K

O despertar pela fotografia se deu para Mascaro, ao ver uma foto de Henri Cartier – Bresson, a quem considera um gênio por reunir em seu trabalho a essência da fotografia destacando o momento decisivo, que segundo Bresson trata-se do momento exato de tirar a foto em que reúne o alinhamento entre “cabeça – olho – coração”. Outro ponto a destacar da obra bressoniana é a qualidade da luz como um elemento primordial que aparece como um ponto marcante em suas fotografias. Esse desenhar com a luz é percebido na obra de Mascaro.

Fonte: http://googleshortener.com/xub1Lxen

Cristiano Mascaro ao mergulhar na linguagem fotográfica, descobriu um universo fascinante. Percebe-se em seus registros que, para ele, o ato de fotografar é uma forma de fixar a vida, ele não só observada, mas sente os lugares por onde passa, sua intenção é um impulso pessoal sem pretensão de dar forma ou desvendar alguma coisa para as pessoas. Para ele o ato fotográfico é “um ato de liberdade e felicidade” poder “retratar os vestígios humanos” na concepção dele “é aí que a vida se fixa” (MASCARO, 2009).

.REFERÊNCIAS:

MASCARO, Cristiano. Rastreando cidades. Entrevista com Cristiano Mascaro [abril. 2016]. Entrevistador: LEGIERSKA, Anna: Disponível em: <http://culture.pl/pt/article/rastreando-cidades-entrevista-com-cristiano-mascaro.
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MASCARO, Cristiano. Sobre o autor.: Disponível em: http://www.cristianomascaro.com.br/sobre. Acesso em: 08/02/2017.Rastreando cidades. Entrevista com Cristiano Mascaro> Acesso em: 08/02/2017.VASQUEZ, Pedro. Biografia de Cristiano Mascaro.
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Brasil, memória das artes. Disponível em: http://www.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/infoto/biografia-de-cristiano-mascaro/. Acesso em: 08/02/2017.
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MASCARO, Cristiano – Encontros: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=faFGlzhgVdA. Acesso em: 11.05.2017.
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