O que ser num mundo que exige tanto ser?
A busca incansável pelo “mais”…
Mais estudiosa,
Mais calma,
Mais organizada,
Mais esforçada,
Mais, mais, mais…E eu, serei quando?
Se o momento em que mais fui eu,
foi justamente quando pude ser menos.Estranhamente, faz sentido.
Ou talvez… seja só confuso.Assim como tudo
O organizado vira bagunça
só pra caber em algum lugar.
E, então, cobram: seja mais.Mas…
Eu quero ser mais?
Ou só preciso existir de um jeito aceitável?Se eu não precisasse provar nada,
a vida ainda me chamaria pra dentro dela?
Ou eu viraria silêncio,
num canto esquecido de mim?Porque, no fundo,
nunca basta.
E, talvez, o que falte
seja só permissão pra ser.Me disseram que ser mais era o caminho:
Mais produtiva.
Mais madura.
Mais positiva.
Mais forte.Mas ninguém me ensinou
a suportar o cansaço de carregar tantos “mais”.Eu me moldei.
Me estiquei em todas as direções.
Me comparei.
Me cobrei.Cobrei, cobrei, cobrei…
Como se precisasse provar algo
pra alguém além de mim mesma.Mas será que o que me falta
não é esforço,
mas acolhimento?Será que o que me falta
é um lugar onde eu possa simplesmente parar,
sem me sentir errada por isso?Talvez…
ser mais nunca foi o que eu precisava.
Talvez o essencial
seja, enfim,
ser menos.Menos exigida.
Menos moldada.
Menos engolida pelas expectativas.Menos pressa.
Menos culpa.
Menos medo.E mais presença.
Mais silêncio que cura.
Mais pedaços meus, inteiros.Mais eu,
como sou
quando ninguém está olhando.E se isso for pouco pro mundo… talvez o mundo é que esteja demais.