Antz – A motivação de Z

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Formiguinhaz (Antz) é um filme americano, lançado em 1998, que conta a história de Z, uma formiga operária que apresenta comportamentos depressivos.

O filme inicia com Z em um divã, narrando ao seu terapeuta o quanto está desgostoso com sua vida e as atividades que é obrigado a exercer, afinal ele é uma formiga operária e precisa desempenhar a função que lhe foi designada desde que nasceu. Z demonstrava baixa auto-estima, assim como insatisfação pela vida que levava, queixando-se sempre, não apenas com o terapeuta, mas também com seu amigo Weaver e a colega Azteca. Em sua narrativa ele deixava claro que não conseguia enxergar uma maneira para melhorar a situação.

Pérez-Ramos (1990), citando McGregor (1960) informou que o indivíduo “é motivado principalmente por suas necessidades de realização pessoal, de trabalho produtivo, de aceitação de responsabilidades e de adequação de suas metas pessoais com as de organização ou grupo de trabalho, percebendo seu desempenho como real fonte de satisfação.” Z possuía necessidades pessoais, porém não era motivado pelo trabalho e estava insatisfeito pelo fato de ter que ser uma formiga operária. Assim, ele estava desmotivado a quebrar pedras e realizar as demais atividades.

A vida de Z muda quando ele ouve um estranho lhe falar sobre um lugar chamado Insectopia, uma espécie de paraíso utópico de insetos, mas que se revela real ao decorrer do filme. Além disso, na mesma noite, Z conhece e se encanta pela princesa Bala, que estava no bar tentando escapar um pouco da vida no palácio.

Segundo Lopes (2003), a motivação é um estímulo que promove alguma reação nos indivíduos. “A motivação funciona como um dinamizador, um impulsionador do comportamento humano” (LOPES, 2003). Para Z houve duas motivações, para tentar mudar a vida: rever a princesa Bala, e encontrar Insectopia. Para poder reencontrar a princesa, Z pediu a Weaver para trocar de lugar com ele por um dia, já que Weaver era uma formiga soldado e seria inspecionado pela rainha no dia seguinte. Assim, eles trocaram de lugar e Z foi parar numa guerra contra os cupins, sendo o único sobrevivente, o que o levou até o palácio e a presença da princesa.

Segundo Pérez-Ramos, 1990, Maslow criou a teoria da Hierarquia de Necessidades, na qual ele identificou e fez a classificação das principais necessidades dos indivíduos, classificando-as de acordo com uma escala de hierarquização ascendente – 1 necessidades fisiológicas; 2 necessidades de segurança; 3 necessidades sociais; 4 necessidades de estima; e 5 necessidades de auto-realização. Fazendo um paralelo entre a teoria de Maslow e a história de Z, é possível perceber que em uma escala de necessidades a necessidade de auto-realização era a mudança de vida, deixar de ser o que era, e o fato de querer reencontrar a princesa foi o primeiro passo para satisfazer sua necessidade.

Após ser reconhecido por Bala como um “ex-operário”, Z quase foi preso pelos soldados e para se proteger fingiu ameaçar a princesa, mas ambos caíram num ducto de lixo e foram parar fora do formigueiro. Diante dessa situação, ao invés de retornar para proteção do formigueiro, Z foi motivado a satisfazer outra necessidade, encontrar Insectopia.

Com essa nova motivação, Z leva Bala a enfrentar o mundo fora do formigueiro e encontrar Insectopia passa a ser uma motivação para ela também. A princesa Bala também tinha a necessidade de mudar de vida. Ver o mundo fora do palácio e estar em companhia de Z lhe trouxe uma motivação a mais. Dessa forma, ambos estavam em busca de Insectopia estimulados por tudo que esse local misterioso poderia lhes proporcionar.

Depois de uma longa jornada, Z e Bala se deparam com Insectopia e passam a desfrutar do lugar. A motivação para mudar suas vidas os levou de encontro a uma espécie de paraíso e a novas possibilidades, porém Bala foi encontrada e levada de volta ao formigueiro. No intuito de restagatá-la, Z retornou ao lar, onde descobriu que tudo poderia ser destruído pelas águas, que invadiriam o formigueiro através do túnel no qual ele trabalhava.

Para Vroom (1964), citado por Pérez-Ramos (1990), os processos motivacionais se dão através da percepção que o sujeito tem a respeito das atividades que precisa desenvolver para alcançar um objetivo. Ao saber que o formigueiro seria inundado, Z buscou encontrar uma maneira de salvar toda colônia. Nesse caso, a percepção do que precisaria fazer o motivou a realizar ações que não faria antes. Ao agir, juntamente com a princesa Bala, Z conseguiu a colônia e finalmente mudou alguns aspectos de sua vida.

FormiguinhaZ é uma animação que pode nos remeter a diversas análises, mas um dos pontos centrais é a motivação inserida no contexto do formigueiro. Z representa muitos indivíduos que vivem em constante insatisfação, seja com pequenos detalhes, ou com o todo. Ao se deparar com uma possibilidade de mudança, Z encontrou a motivação para buscar a mudança, para tentar, finalmente, encontrar a satisfação que faltava.

REFERÊNCIAS:

LOPES, G. A. V. Motivação no Trabalho. Rio de Janeiro, 2003. Disponível emhttp://www.avm.edu.br/monopdf/23/GABRIELA%20ALVARENGA%20COLMENERO%20LOPES.pdf

PEREZ-RAMOS, J. Motivação no trabalho: abordagens teóricas. Psicol. USP,  São Paulo ,  v. 1, n. 2, dez.  1990 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51771990000200004&lng=pt&nrm=iso>


FICHA TÉCNICA 

ANTZ – FORMIGUINHAZ

País de Origem: Estados Unidos.
Direção: Eric Darnell.
Duração: 83min.
Ano: 2001

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Linguagem e desenvolvimento em “O Enigma de Kaspar Hauser”

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“Vocês não ouvem os assustadores gritos ao nosso redor que habitualmente
chamamos de silêncio?”

(Prólogo do Filme O Enigma de Kaspar Hauser, 1974).


O filme “O Enigma de Kaspar Hauser”, Herzog 1974, narra a história real do misterioso homem encontrado na praça pública de Nuremberg – Alemanha –, em 1828, com apenas uma carta destinada ao oficial da guarda. É nesse cenário, da Alemanha do século XIX, que a trama do filme se desenrola e traz muita reflexão para todos.

Essa é uma história que possibilita diversos focos de discussão, sejam eles no campo filosófico, psicológico, sociológico etc. O roteiro do longa, em si, deixa margem para que tais análises possam ser feitas, destacando importantes pontos da história e trazendo diálogos que demonstram a evolução do personagem central. Apesar das diversas possibilidades de pontos a serem abordados, detenho-me nas consequências do isolamento que Hauser vivenciou.

Kaspar Hauser viveu enclausurado durante grande parte de sua vida, sendo alimentado por um homem misterioso, que lhe dava apenas pão e água – motivo pelo qual, mais tarde, Hauser não consegue comer carne e beber álcool –, cresceu sem ter contato social, privado da linguagem, sendo assim não desenvolveu muitas características sociais.

Segundo Borges e Salomão (2003) a linguagem é uma das primeiras formas pela qual o indivíduo se socializa, além disso, é através dela que é possível a criança ter contato com vários aspectos sociais, antes mesmo de aprender a falar.

E é justamente nesse ponto que Hauser sofreu grande déficit, pois o isolamento ao qual foi submetido o impediu de ter acesso a linguagem e, consequentemente, ele teve que passar, posteriormente, por um processo de aprendizagem intenso, aprendendo em pouco tempo o que poderia ter aprendido ao longo da sua vida.


Além disso, a criança é levada, pela linguagem, a compreender o mundo de forma abstrata, pois os signos lingüísticos levam o sujeito à abstração. De acordo com Saboya (2001), para Hauser, aparentemente não foi satisfatório conhecer o mundo pela linguagem e seus signos e nesse sentido a autora ainda ressaltou que, para Vygotsky o pensamento e a linguagem surgem de forma independente e unem-se posteriormente numa espécie de linguagem interior, que forma a maior parte do pensamento maduro. A autora ainda afirmou que a educação permite a abstração, porém Hauser não foi submetido a isso.

Uma das passagens do filme que retrata esse fato é a incapacidade de Hauser em distinguir o que era sonho e o que era real, quando estava na clausura. Além disso, existe um diálogo no filme que vale ser destacado:

Hauser: Não entendo, só um homem muito grande poderia ter construído isso (ele olha para a torre). Eu gostaria de conhecê-lo.

Tutor: Não é preciso ser tão grande para construí-la, pois existem andaimes. Entenderá quando o levar a uma construção. Você morou nesta torre, atrás daquela janela. Não se lembra?

Hauser: Isso não é possível, pois só tem alguns passos de largura. Quando estou dentro do quarto e olho para a direita, a esquerda, a frente e para trás, só enxergo o quarto. Quando olho para torre e depois me viro a torre desaparece, então o quarto é maior que a torre.

Esse diálogo mostra claramente que Hauser não pensava de forma abstrata e sim de forma literal, sem conseguir compreender o mundo a sua volta. A capacidade de abstração, que surge através da interação social e da linguagem, não foi desenvolvida por Hauser, fazendo com que ele não conseguisse absorver certas explicações que exigiam o pensamento abstrato. Tal dificuldade vai sendo percebida ao longo do filme, mesmo através da maneira como o protagonista olha para tudo a sua volta, com olhar de ingenuidade e curiosidade.

De acordo com Rocha (2005), para Piaget, aprendizagem é a obtenção de determinada resposta, que foi adquirida através de uma experiência particular. Já o desenvolvimento é definido como a aprendizagem em si, que proporciona a formação de conhecimentos. Assim, Hauser não foi apenas privado da aprendizagem, mas também ficou impossibilitado de se desenvolver devidamente, sem conseguir demonstrar emoções, compreensão acerca do que via e ouvia. Suas reações eram mais instintivas e não racionais.

Existe dentro da sociedade uma variação de contextos, que é marcada pelos diversos modelos de utilização da linguagem, que é oferecida pela cultura, através dos modos de vida e das interações distintas do meio social dos sujeitos (BORGES e SALOMÃO, 2003). Essa variação de contexto possibilita aos indivíduos a aquisição de diferentes comportamentos, linguagens, características etc, porém, por não ter tido acesso ao meio social, Hauser não teve contato com os vários contextos existentes na sociedade local, o que o limitou aos comportamentos instintivos e o privou de desenvolver a linguagem.

Apesar de Hauser ter vivido por muito tempo sem contato com outras pessoas, sem contato com a linguagem, sua capacidade de aprender permaneceu. Isso é perceptível, pois ao passar a viver em sociedade ele foi aprendendo a falar e agir de acordo com os parâmetros sociais, do contexto em que estava inserido. Essa aprendizagem trouxe resultados a longo prazo, pois tudo lhe era desconhecido, estranho e de difícil compreensão. Logo, o que uma criança poderia aprender em menos de um dia, Hauser levava mais tempo para aprender. O desenvolvimento tardio lhe trouxe alguns prejuízos, porém ainda assim ele foi capaz de pensar, sentir, aprender.

O Enigma de Kaspar Hauser não é apenas um filme contando a história de um homem que viveu socialmente isolado, é também um filme que retrata a importância da interação social, da convivência com a linguagem, mostrando que apesar da subjetividade humana e das características individuais de cada sujeito, o desenvolvimento é possível através da socialização, da dinâmica entre organismo e ambiente.

FICHA TÉCNICA:

O ENIGMA DE KASPAR HAUSER

Ano: 1974
Direção: Werner Herzog
Duração: 109 minutos
Gênero: Biografia, Drama Policial
Países de Origem: Alemanha

 

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O processo de morte em “Uma prova de amor”

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“Mas por baixo da superfície há rachaduras, ressentimentos, alianças que ameaçam a base de nossas vidas, como se a qualquer momento nosso mundo pudesse desabar.”
Do filme Uma Prova de Amor

Uma prova de amor (2009), é um filme norte americano dirigido por Nick Cassavetes. Trata da dor de uma família em lidar com o câncer de sua filha, e de como eles adaptam suas vidas com o propósito de garantir alguns instante a mais de vida para Kate Fitzgerald (Sofia Vassilieva), que está morrendo.O enredo se dá na conflitiva familiar e no modo como a família enfrenta a doença de Kate, ao passo em que esquecem-se da manutenção de suas próprias vidas.

O núcleo familiar é comporto por cinco pessoas: a mãe, Sara (Cameron Diaz); o pai, Brian (Jason Patric); Jesse (Evan Ellingson), o irmão mais velho, Kate a filha com diagnóstico de leucemia desde a infância; e Ana (Abigail Breslin), a filha caçula.

Ana nasceu de uma fertilização in vitro, após o diagnóstico de Kate, como o propósito de ser, como ela mesma afirma em uma cena do filme,“o seguro de vida da irmã”. Ela é a combinação genética perfeita para prover material genético à Kate no seu tratamento. Mas o que a família não previa, é que ao assumir esse risco, traria ao mundo uma criança que também teria desejos e medos próprios.

A conflitiva se dá quando Kate, já na adolescência, sofre de falência renal e Ana entra com uma petição jurídica requisitando direito de decidir se faz o transplante de seu rim para a irmã ou não. É preciso deixar claro que o prognóstico médico dizia que, mesmo com um rim transplantado, Kate não teria muito tempo de vida.

O filme é recheado de flashbacks que levam o telespectador do presente para o passado em vários momentos, contando a história da família Fitzgerald paralela ao adoecimento de Kate sobre a perspectiva de todos os membros do grupo familiar.

O processo de morte é bem presente no filme e é possível identificar alguns dos estágios definidos por Kubler-Ross (1969), citada por Kovács (2002), negação e isolamento; raiva; barganha; depressão; e aceitação. Inicialmente não é demonstrada uma negação, já que a doença foi diagnosticada quando Kate ainda era muito nova. Contudo, no decorrer do filme, são mostrados flash’s em que Kate aparece apresentando algumas atitudes que se assemelham aos estágios de Kluber-Ross.

De acordo com Kovács (2002), raramente os pacientes são consultados, acerca dos seus desejos, sempre havendo uma preocupação com os sintomas da doença e com a doença em si, deixando-se de lado o indivíduo. Com Kate isso acontecia, ela não era consultada sobre seus desejos, sendo assim, ela decidiu falar com os irmãos sobre a vontade de morrer, que já estava pronta e que não queria o transplante de rim, que seria doado por Ana. Esse processo cirúrgico já estava decidido pelos pais e pelos médicos, mas ninguém procurou saber a vontade de Kate.

Em uma das cenas, Kate encontra-se em seu quarto, quebrando as coisas, ouvindo um som alto e bebendo, ao ser questionada por Ana ela diz que estar fazendo uma festa de despedida, dizendo: “Adeus mãe, adeus droga de hospital, vou ver o Taylor!”, tomando remédios para morrer. Pode-se dizer, que Kate foi tomada por raiva, por todo processo que vinha passando e por perder o namorado, Taylor (Thomas Dekker), que também tinha leucemia.

Além desta cena, também existem outras duas que demonstram um momento em que Kate estava bem depressiva, se achando feia, afirmando que as pessoas iriam rir dela, Sara, para não ver a filha naquele estado, raspa a cabeça. Em outras duas cenas, Kate conversa com Ana e deixa claro que já está pronta para morrer, em uma das cenas ela fala que a mãe voltaria a furá-la e cortá-la novamente e que ela não queria mais isso, assim como é explanado no texto de Kovács (2002), a pessoa não é encarada como sujeito e sim como objeto de atuação do médico, passivo, submisso e silencioso. Na outra cena ela diz a Ana que tudo será tranquilo e demonstra, ainda mais, que já aceitou a sua condição e que só basta esperar a morte.

A autora afirmou que, nem todos os pacientes passam por essas fases, nem as passam na mesma ordem, e com Kate isso fica bem claro, ela passou apenas por algumas fases.

A família também passa pelos mesmos estágios que o paciente, segundo Kovács (2002), e no caso da família Fitzgerald quem passou mais intensamente pelos estágios foi Sara, ela muitas vezes passou pela negação, não aceitando que aquilo estava acontecendo com sua filha e lutou todo instante para que Kate fosse salva.

Sara também passou muitas vezes pela raiva, raiva pela doença, raiva de Ana por negar ajuda a irmã, raiva de Brian por tirar Kate do hospital, raiva do médico, enfim, ela não conseguia aceitar a doença da filha. Sara estava sempre entristecida por ver o sofrimento da filha, tentando fazer de tudo para vê-la bem, alegre. E, por fim, Sara acabou aceitando que Kate queria partir, talvez tenha aceitado apenas após a morte da garota, afinal ela lutou a vida toda para manter a vida de Kate, mas fica claro que ela aceitou o fato de que não poderia fazer mais nada para contornar a situação.

Kovács (2002) afirmou que, em muitos casos, o paciente sabe da gravidade do seu caso, mesmo que não tenha se informado objetivamente, mas tem falar com seus familiares, pois acha que eles não sabem e imagina que sofrerão se souberem. No fundo isso aconteceu com a Kate, ela já tinha certeza de que não iria sobreviver, mesmo recebendo o rim de Ana, mas ela comentou apenas com os irmãos, evitando falar com a mãe, pois ela sabia o quanto Sara lutava para mantê-la viva.

O luto não começa no momento da morte, e sim quando a pessoa percebe que ela é inevitável (KOVÁCS, 2002). Kate se preparou durante muito tempo para morrer, preparando tudo para a morte ocorrer naturalmente. Por isso pediu aos irmãos que a ajudassem e também preparou uma espécie de livro de recordações, onde deixava mensagens para toda família, inclusive pedindo perdão, afinal toda família estava envolvida no seu processo de morte.

A leucemia tem um final lento, portanto, há tempo para elaboração. A negação tem de ser confrontada, os sentimentos precisam encontrar um canal de expressão. Os membros da família também têm de realizar desapego. Podem deixar o paciente seguir seu processo, sem que isso signifique abandon ou isolamento (KOVÁCS, 2002, p. 204).

Nesse caso, Sara não permitiu que o desapego acontecesse, pelo contrário, ocorria o apego a esperança de que Kate sobreviveria e se recuperaria, apesar de se ter ciência das poucas chances de reestabelecimento. A elaboração ocorreu de forma brusca, quando foi revelada a vontade que Kate tinha de partir, de finalmente descansar, sendo que esse foi um processo mais doloroso do que teria sido se ocorresse a longo prazo.

São muitos os aspectos importantes destacados no filme, porém nele não é visto um tratamento psicoterapêutico, o que seria de grande auxílio, tanto para Kate, quanto para sua família, principalmente para Sara. “A família também precisará de ajuda, quando ocorrer a morte efetiva, para realizar o desligamento efetivo” (KOVÁCS, 2002, p. 204). Essa ajuda poderia ser oferecida por um psicólogo, que também teria dado esse auxílio, ajudando que o processo de desapego ocorresse, desde o momento em que a doença foi descoberta.

Kovács (2002) ainda ressaltou que o processo psicoterápico não está focado na cura do paciente, nem em alongar a vida, mas sim em tentar proporcionar uma qualidade de vida e auxiliar na comunicação e expressão de sentimentos.

Em dado momento, no filme, é apresentada a possibilidade de Kate ir para casa, para poder ter uma qualidade de fim de vida, o que é totalmente repudiado por Sara, que não quer aceitar o fato de a filha estar morrendo. Essa oferta é muito semelhante a proposta do “movimento hospice”, apresentado por Kovács em seu texto, onde procura-se dar ao indivíduo um alívio da carga da doença terminal. Esse seria um auxílio muito válido para Kate e sua família, mas Sara ainda não estava pronta para encarar os fatos.

 

FICHA TÉCNICA:


Gênero: Drama
Direção: Nick Cassavetes
Elenco: Abigail Breslin, Alec Baldwin, Andrew Schaff, Andrew Shack, Angel Garcia, Annie Wood
Duração: 1h49
Ano: 2009

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