Zygmunt Bauman; sociólogo, filósofo, escritor e professor foi um grande pensador da sociedade moderna, bem reconhecido por suas diversas obras literárias, que por sua vez apresentam um caráter crítico reflexivo representando de forma significativa contextos vivenciados nos variados âmbitos da sociedade contemporânea. O autor teve como uma de suas conquistas os prêmios Amalfi por sua obra Modernidade e Holocausto e adorno pelo conjunto de sua obra e possui muitas de suas obras famosas e respeitadas pelo público leitor tais como modernidade líquida, tempos líquidos, modernidade e holocausto entre outros.
Na sua obra literária Amor Líquido – sobre as fragilidades dos laços humanos tem como ponto principal demonstrar como as relações humanas estão cada vez mais instáveis e curtas, ocasionando altos índices de incertezas que tende a gerar na mulher e no homem moderno sentimentos de angústia e insegurança.
Além disso nesse livro o autor apresenta as diversas perspectivas porque isso vem ocorrendo, evidenciando através de um olhar crítico reflexivo todos os contextos para essa fluidez das relações entre os indivíduos da sociedade moderna, pois é cada vez mais visto em nossos cotidianos vínculos menos duradouros.
Durante o enredo de seu livro Amor líquido sobre a fragilidade dos laços humanos Zygmunt Baumam faz diversas relações em torno da maneira como as pessoas se portam em suas relações humanas com o excesso de consumo capitalista. Ele faz uma ligação de como em grande parte os objetos de consumo são produzidos para que tenha pouca durabilidade, fazendo com que exista um anseio para ter um novo objeto, com tudo de última geração, com um design diferente e com uma nova utilidade, bem mais aperfeiçoado do que o anterior. E ao adquirir esse produto o sujeito sente que possui um novo status perante a sociedade capitalista.
E de acordo com Bauman, essa dinâmica com o consumismo acaba se transferindo para a esfera dos relacionamentos afetivos, pois os indivíduos contemporâneo tende a descartar tudo aquilo considerado por ele como insignificante, ultrapassado e trocar por algo novo e moderno, e essa forma acaba interferindo na vida amorosa das pessoas, pois com isso há uma tendência de querer trocar de parceiro (a) em todo momento que achar que aquela pessoa não lhe serve mais por não mais estar atingindo suas expectativas, demonstrando os seu aspectos negativos, considerando então como uma pessoa que não tem mais atributos, entrando na esfera de ser ultrapassado, e então é realizado uma troca por uma parceiro(a) novo que cause novos sentimentos, porém essa sensações costumam ser passageiras, pois quando se passa o período de excitação e novidades no relacionamento o indivíduo tendem a efetuar novamente essa troca, gerando então um ciclo vicioso interminável sendo então quase impossível manter relacionamentos duradouros, onde usufruímos aquilo que o próximo tem a nos oferecer, e logo depois descartamos o como lixo sem peso na consciência, essa lógica da descarta bíblica de tem grande destaque nas relações superficiais humanas, pois tudo tende a terminar tão rapidamente quanto começou.
Outro aspecto abordado pelo autor sobre a relação social onde tem como ponto principal a responsabilidade entre ambas as partes que se relacionam, que é substituída por relacionamentos através das redes por meio da tecnologia tais como a internet que propicia o vínculo entre as pessoas através de sites de encontro onde se tem certa facilidade em desconectar ou deletar ou esquecer o outro da sua vida.
Sem uma imposição para se sustentar uma união entre as pessoas, o relacionamento se torna frágil, e a conexão por meio da internet é a nova maneira de se interagir com o outro na modernidade. Então todas as pessoas, sem nenhuma culpa fazem troca de parceiros, por outros que considerem ser a melhor opção. O autor enfatiza bem que quando as relações perdem a qualidade tem se a tendência de fazer uma reposição com uma quantidade cada vez maior de parceiros, um exemplo que demonstra essa tendência, são o número de amigos que as pessoas costumam ter nas redes sociais, número exagerado perpetuam essas redes de interação algo que seria quase impossível de acontecer no dia a dia das pessoas.
Com o intuito de explicar as relações amorosa em amor líquido, faz o uso de termos como afinidade e parentesco. O termo parentesco seria um vínculo que não teria como ser quebrado, é um laço de sangue, que não nos permite escolha, aquilo que é imposto desde quando nascemos, até mesmo se não gostamos dessas pessoas que estão vinculadas a nós pois como parente, vem as questões culturais.
Já a afinidade é algo oposto do parentesco, pois ela é selecionada, em todo um processo que se pode ter como resultado a afirmação nessa afinidade ou então a rejeição, na afinidade vem se tornando algo incomum na sociedade moderna, onde a descartabilidade impera. As pessoas não sentem a necessidade de fixar laços com outras pessoas que sejam semelhantes ao parentesco, não tem objetivos duradouros, as relações são desenvolvidas com base naquilo que o casal já tem, e não com aquilo que está à procura de conseguir, tendo certa tendência a não se arriscar em seus relacionamentos amorosos. O autor em sua obra ainda relata que quando uma pessoa é compreendida, ela acaba tendo por si o amor-próprio, pois quando o outro tem a capacidade de dizer que somos dignos do amor, nossas atitudes refletem nesse sentido.
Quando há uma identificação com o próximo que nos ama, entende-se que nela também há uma necessidade de amor. Há um amor quando nosso íntimo se identifica com o outro, e com isso amamos nós mesmo. E esse vínculo como Zygmunt Bauman diz, amar o próximo a ti mesmo, é um ponto crucial na moralidade, pois as relações humanas não podem ser apenas permeadas de instintos, tem que haver a instância moral. No entanto em uma sociedade que a incerteza impera nas relações o amor nos é negado, deixando perceptível que essa perspectiva foge em nosso cotidiano em que o amor ao próximo se torna quase impossível, visto como algo que vai contra o nosso instinto não sendo natural.
Em síntese, Zygmunt Bauman tem como principal objetivo neste livro nos alertar sobre necessidade inadiável de se buscar uma humanidade igualitária para que seja possível unir planos individuais e ações coletivas, e para que se possa ter a consciência da angústia que gera recomeçar inúmeras vezes relacionamentos do âmbito afetivo e social.
FICHA TÉCNICA
Autor: Zygmunt Bauman
Páginas: 192
Lançamento: 21/06/2004
ISBN: 9788571107953
Selo: Zahar
REFERÊNCIA
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zorge Zahar Editor, 2004.