Dirigido por Denis Villeneuve, o filme se passa milhares de anos à frente, quando a humanidade se espalhou em outros mundos da galáxia, em que diferentes casas nobres lutam pelo controle de planetas e recursos estratégicos. O foco da narrativa é Arrakis, um planeta desértico e inóspito, mas rico na especiaria melange, substância que prolonga a vida, amplia a consciência e permite previsões do futuro. Essa especiaria é buscada por outros planetas que possuem civilizações com maior poder bélico e político. Quando a Casa Atreides é enviada para governar Arrakis, Paul Atreides, herdeiro da família, precisa lidar com intrigas políticas, a resistência do povo Fremen, os nativos de Arrakis e a ameaça de seus inimigos, especialmente a Casa Harkkonnen. Ao longo da história, Paul se revela como a figura messiânica esperada pelo povo Fremen, assumindo um papel que vai muito além de herança familiar ou dever político.
Paul Atreides encarna o arquétipo do messias esperado pelos Fremen, um símbolo profundo que emerge do inconsciente coletivo em momentos de crise e opressão para ser o grande salvador. Mas essa imagem não surge de forma natural: ela é cultivada por tradições e expectativas preexistentes, tanto pelas Bene Gesserit, quanto pelos Fremen, que cultivam sua religião local orando pelo messias que virá salvá-los. O messias se torna, assim, figura central que pode inspirar e guiar, mas também atuar como instrumento de controle coletivo. Essa ideia mostra uma tensão essencial entre a função simbólica do messias, guia, mediador entre o humano e o transcendente. Paul ilustra como a fé, em uma figura arquetípica, pode unir uma comunidade e, ao mesmo tempo, gerar obediência e fanatismo.
A especiaria é o elemento que conecta Paul ao inconsciente coletivo e potencializa seu papel. Ela não é apenas recurso econômico, mas símbolo psíquico, expansão da consciência e ampliação da percepção. Assim, Paul se torna capaz de perceber seu destino e compreender o caminho de todo um povo, ao mesmo tempo em que reforça sua autoridade simbólica. Nesse sentido, ela representa a ponte entre a consciência individual e o inconsciente coletivo. Porém, a forma que Paul usa esse instrumento poderoso mostra os perigos de uma autoridade que usa o poder que possui nas mãos para o controle de uma nação.
O filme não apresenta apenas uma narrativa de aventura e ficção científica, mas também propõe uma reflexão crítica sobre o uso e os riscos do arquétipo do messias e sinaliza como arquétipos arcaicos ainda possuem força suficiente para mobilizar multidões. Paul Atreides e a especiaria nos mostra que símbolos coletivos podem ser usados para exercer dominação psicológica. Duna evidencia que a força dos arquétipos no inconsciente coletivo é capaz de inspirar, mas exige consciência crítica para que seu poder não se converta em instrumento de manipulação.
Ficha Técnica

Título: Duna
Título original: Dune
Ano: 2021
País: Estados Unidos
Gênero: Ficção científica, Aventura, Drama
Duração: 155 min
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Denis Villeneuve, Jon Spaihts, Eric Roth (baseado no livro de Frank Herbert)
Produção: Mary Parent, Cale Boyter, Denis Villeneuve, Joe Caracciolo Jr.
Produtora: Legendary Pictures, Warner Bros. Pictures, Villeneuve Films
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Música: Hans Zimmer
Fotografia: Greig Fraser
Montagem: Joe Walker
Elenco principal
Timothée Chalamet — Paul Atreides
Rebecca Ferguson — Lady Jessica
Oscar Isaac — Duque Leto Atreides
Josh Brolin — Gurney Halleck
Stellan Skarsgård — Barão Vladimir Harkonnen
Zendaya — Chani
Jason Momoa — Duncan Idaho
Javier Bardem — Stilgar
