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O filme, apresentado pela Casa Fluminense, traz imagens históricas e depoimentos de intelectuais como Haroldo Costa, Luiz Antonio Simas, Mãe Meninazinha de Oxum, Tainá de Paula e Leandro Vieira
Entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX, o Rio de Janeiro foi o epicentro da chegada de mais de 2 milhões de pessoas negras escravizadas no Brasil. O documentário “Rio, Negro”, da Quiprocó Filmes, distribuído pela Pipa Pictures, aborda e demarca – por meio de entrevistas com grandes personalidades e intelectuais cariocas, além de imagens históricas – os processos sociais, políticos e as profundas transformações ocorridas naquele período no Rio devido à presença e à influência de pessoas negras de origem africana.
Trazendo uma perspectiva afrocentrada sobre a formação da cidade, o documentário revela o protagonismo individual e coletivo da população negra, bem como a perseguição institucional que culmina na transferência da capital para Brasília também como uma estratégia de apagamento desta população. “Rio, Negro” apresenta argumentos históricos inéditos que articulam o ideário racista que molda nossas relações sociais, a mudança da capitalidade nacional e os efeitos políticos decorrentes desse processo sobre o Rio de Janeiro.
Com roteiro e direção de Fernando Sousa e Gabriel Barbosa, o longa conta com depoimentos de importantes ativistas do movimento negro, artistas, arquitetos e outros pensadores da cidade, tais como o ator Haroldo Costa, o escritor Luiz Antonio Simas, a vereadora Tainá de Paula, o carnavalesco Leandro Vieira, o ritmista Eryck Quirino, a atriz Juliana França, a ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum, a historiadora Ynaê Lopes, os pesquisadores Christian Lynch, Nielson Bezerra e Eduardo Possidonio, entre outros.
Financiado pela Casa Fluminense, organização carioca que constrói coletivamente políticas e ações para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e que, pela primeira vez, decidiu investir num filme, entendendo a relevância de contar essa história sob o olhar da população negra, “Rio, Negro” vem evidenciar os capoeiristas, sambistas, tias baianas, malandros, barqueiros e diversos outros personagens que forjaram o Rio e seus movimentos culturais, sociais, religiosos e de saberes.
“Em Rio, Negro, o período de transição entre a monarquia e a república é tratado como um momento crucial para a vida social e política da cidade. Foi também quando a população urbana pobre e preta se consolidou, se organizou e foi amplamente acossada pelo Estado. O filme vem pensar a cidade a partir da presença e contribuição dessa população, responsável pelo nosso modo de ser, nossa linguagem falada e corporal, nossas crenças, entre tantas outras características marcantes presentes no nosso cotidiano”, diz o diretor e roteirista Fernando Sousa.
Oprimida pelas instituições, a população negra oriunda de diferentes países da África era maioria naquele período. Assim, o Rio de Janeiro reunia negros alforriados, negros que ainda chegavam, seus descendentes, e por consequência, todas as práticas culturais, especialmente as práticas africanas herdadas, desenvolvidas e consolidadas ao longo do tempo, como o samba e o carnaval, fundamentais para o restabelecimento dos laços comunitários e para a construção de novas tecnologias e conhecimentos.
Ao mesmo tempo em que reconstitui essa contribuição, o doc mostra o movimento institucional de “embranquecer” e “civilizar” a cidade por meio da assimilação de modelos urbanísticos e arquitetônicos das metrópoles europeias, sobretudo os de Paris, em detrimento das influências africana e lusitana. Veremos, por exemplo, que a eliminação de cortiços, da região portuária da Pequena África e do morro do Castelo dos espaços urbanos fazem parte desta estratégia.
Apesar de recontar essa história, marcada por muita dor, o diretor e roteirista Gabriel Barbosa enfatiza que “Rio, Negro” traz uma perspectiva diferente:
“É fundamental criar novas narrativas e inverter esse olhar do suplício e do açoite que é constantemente associado à história da população negra. Em ‘Rio, Negro’ invertemos essa lógica, abordando outros olhares como a sofisticação estética e a contribuição destas pessoas em campos como a arte, a ciência, a gastronomia, a linguagem”, diz.
Filme mostra que transferência da capital para Brasília também foi estratégia racista e de apagamento da população negra
O marco narrativo de “Rio, Negro” culmina com a transferência da capital do país para o Centro-Oeste, na década de 1960, com a construção de Brasília. A transferência da capital já era prevista na Constituição de 1891 para trazer modernização e uma suposta segurança e estabilidade política na sede do poder.
A mudança, de fato, só veio a ocorrer em 1960, deixando o Rio de Janeiro sem qualquer projeto ou política pública direcionada às pessoas que dependiam do movimento da capital, especialmente as pessoas negras, constantemente excluídas dos processos de tomada de decisão. O documentário também expõe os argumentos racistas que deram base à transferência.
“No processo de pesquisa, nos debruçamos sobre este ponto e chegamos a uma série de registros e documentos que expõem argumentos racistas. Há documentos, sobretudo da Missão Cruls, que foi a primeira expedição à região central do Brasil realizada no final do século XIX com o objetivo de preparar a transferência, além de registros do livro “Quando Mudam as Capitais”, escrito por José Osvaldo de Meira Penna, um dos principais ideólogos de Juscelino Kubitschek, que citam justificativas racistas para embasar e legitimar a transferência da capital”, afirma Fernando Sousa.
Casa Fluminense: em iniciativa inédita, organização apresenta “Rio, Negro” por acreditar na importância e na urgência de se contar esta história
Trazendo uma perspectiva afrocentrada sobre a formação da cidade, “Rio, Negro” é a primeira produção cinematográfica de longa-metragem apresentada pela Casa Fluminense, organização da sociedade civil criada em 2013 para fomentar e criar ações efetivas voltadas à promoção de igualdade, ao aprofundamento democrático e ao desenvolvimento sustentável do Rio de Janeiro.
Para Henrique Silveira, co-fundador da Casa Fluminense, o filme, sendo um produto cultural, possui essa capacidade de sensibilizar e dialogar com as pessoas, ampliando o alcance e o impacto da mensagem:
“O racismo estrutural organiza a memória oficial a partir de uma perspectiva branca, ocultando as lutas da população negra por justiça, a sua história e seus protagonistas. Por isso a Lei 10.639, que determina o ensino da história da África e dos negros no Brasil, é tão importante. Com o filme queremos apresentar a história do Rio de Janeiro a partir da perspectiva negra, revelando que o projeto da República para essa população sempre foi a exclusão, criminalização, violência e embranquecimento. Por outro lado, foi nas brechas dessa sociedade racista que a população negra marcou profundamente a sociedade brasileira com sua arte, cultura e humanidade”, explica.
Prestes a completar 10 anos de intenso trabalho, a Casa Fluminense vê o projeto também como uma forma de despertar o pensamento crítico para novas reflexões sobre o passado para, consequentemente, entendermos o presente e o futuro da cidade, bem como a influência da população negra nesses cenários.
“Ao longo dos seus 10 anos, a Casa Fluminense enegreceu a sua equipe executiva, seu Conselho de Governança e o seu programa. Esta foi uma mudança estratégica, pois só é possível construir uma agenda de justiça social se compreendermos o peso do racismo estrutural na reprodução das desigualdades em nossa sociedade. Com essa premissa, o filme joga luz sobre a contribuição dos negros para a formação social do Rio de Janeiro no início do século XX e a mudança da capital federal para Brasília em 1960. São dois fatos históricos fundamentais para compreender os desafios contemporâneos do Rio de Janeiro, como violência urbana e desenvolvimento socioeconômico. Entendemos os movimentos e coletivos negros conquistaram espaço no debate público para a questão racial esperamos que o filme possa contribuir nas pautas de justiça, memória e reparação”, afirma Larissa Amorim, coordenadora executiva da Casa.
Sinopse: Rio, Negro é um documentário que apresenta um olhar possível para a história do Rio de Janeiro, assentado na presença e contribuição da população negra de origem africana na formação da cidade. A partir de entrevistas e amplo material de arquivo, a narrativa busca desvelar como a população negra forjou trajetórias individuais e laços comunitários em uma cidade-diáspora marcada pelas disputas em torno do projeto “civilizatório” das elites brancas. Rio, Negro confere centralidade a esse debate, articulando o ideário racista, a transferência da capital para Brasília e suas consequências político-institucionais para o Rio de Janeiro.
FICHA TÉCNICA:
Direção e Roteiro | Fernando Sousa & Gabriel Barbosa
Assistentes de Direção | Daila Ferreira & Laura Aguiar
Produção Executiva | Fernando Sousa
Produtores Associados | Henrique Silveira & Wania Sant’Anna
Pesquisa de conteúdo | Alessandra Schimite, Fernando Sousa & Gabriel Barbosa
Pesquisa e licenciamento de arquivo | Alessandra Schimite
Direção de Fotografia | Laís Dantas
1º Assistente de Câmera | Renan Herison
2º Assistente de Câmera/Logger | Júlia Camargo
Operadores de Câmera | Laís Dantas e Renan Herison
Vídeo Assist | Albert Ribeiro
Operador de movimento | Edvaldo Neto
Gaffers | Tainã Miranda & Jon Thomaz
Direção de áudio | Vilson Almeida
Técnico de som direto | Antonio Carlos V. Da Silva (DMC)
Direção de Produção | Luana Fraga
Assistente de Produção | Felipe Dutra
Fotografia Still | Elisângela Leite
Direção de arte | Caroline Meirelles
Assistente de Direção de Arte | Patrícia Fuentes
Contra-regra | David Cabelinho
Figurino | Greice Simpatia e Espaço Afro Obìnrin Odara
Costureira bandeira Okê Arô | Aurora Galonete Rodrigues
Produtora de Transporte | Ana Acioli
Produtora de Transporte Assistente | Ana Clara da Silva
Seguranças | Alcyr Lauduger e Marco Porto
Motoristas | Eliacibes Torezani Alcântara de Oliveira, Rodrigo Busquet Valentino da Costa e Rosinaldo Nascimento dos Santos
Coordenação de Pós-Produção | Felipe Bretas – Multiphocus
Produção de Pós-Produção | Dora Motta
Montagem e edição | Eduardo Braz, Gabriel Barbosa, edt. e Thomaz Tarre, edt.
Videografismo | Bragga
Colorista | Renan Castelo Branco
Edição e mixagem de som | Thiago Santos
Trilha sonora original | Muato
Música de abertura | A Voz do Morro, Zé Ketti
Catering | Boteco do Seu França
Assessoria de imprensa | Mario Camelo
Cartaz | Antônio Gonzaga
Controller | Zélia Balbina
Assessoria Jurídica | Daniel Law
Elenco | em ordem de aparição
Juliana França
Átila Bee
Álvaro Pereira Nascimento
Ynaê Lopes dos Santos
Eduardo Possidonio
Carlos Eugênio
Nielson Bezerra
Christian Lynch
Mãe Meninazinha de Oxum
Antonio Edmilson
Luiz Antonio Simas
Tainá de Paula
Eryck Quirino
Haroldo Costa
Vinícius Natal
Leandro Vieira
Helena Theodoro
Mauro Osório
Henrique Silveira
Sobre a Quiprocó Filmes:
A Quiprocó Filmes é uma produtora audiovisual independente, sediada no Rio de Janeiro, que busca provocar mudanças através de um olhar inquieto. Criamos imagens atentas às histórias, emoções e afetos, a partir de diferentes vozes, transformando a maneira que as pessoas vêem suas próprias vidas e os diferentes elementos da nossa cultura. Criamos conteúdo para Cinema, TV e streaming. Produzimos conteúdo publicitário e institucional para organizações e empresas. Realizamos oficinas audiovisuais em parceria com instituições da sociedade civil.
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Assessoria de Imprensa:
Mario Camelo
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