Profissional veio a Brasília coordenando uma “trupe” de palhaços para mostrar um pouco do trabalho que desenvolvem na capital paraibana.
O médico Aldenildo Costeira “encarna” o palhaço Dr. Aderbal Canibal – Foto: Paulo André Borges
Nascido em João Pessoa 47 anos atrás, o médico Aldenildo Costeira é um dos militantes da chamada medicina preventiva, onde o foco está na capacitação dos agentes envolvidos em saúde, para que estes possam encarar a lida como “cuidadores”, e não como meros funcionários. Adenildo percebeu, quando ainda trabalhava em Sobral, no interior do Ceará, e depois de observar o trabalho dos “Doutores da Alegria”, que este poderia montar personagens cômicos para levar alegria e informação aos pacientes. Foi daí que surgiu o Dr. Aderbal Canibal, desde 2010 atuando em João Pessoa, e que veio a Brasília coordenando uma “trupe” de palhaços para mostrar um pouco do trabalho que desenvolvem na capital paraibana.
(En)Cena – O que é, afinal, o PalhaSus?
Aldenildo – É um projeto com foco na humanização da saúde, que tem como preocupação formar cuidadores em saúde, para que estes saibam a importância de se ter interações humanas qualitativas. O objetivo é oferecer um serviço de saúde de qualidade, começando pelo atendimento, já que muitas vezes as relações (entre os profissionais e os pacientes) são prejudicadas em decorrência ou de questões técnico/administrativas, ou pela própria condição que o paciente se encontra, devido a doença.
(En)Cena – Como surgiu a ideia de capacitar “palhaços cuidadores”?
Aldenildo – Nós temos a grande referência dos Doutores da Alegria, e também fomos influenciados pelo médico americano Patch Adams. Houve uma formação para os primeiros interessados na prática, em 2004, através da Oficina do Riso da UFPB – Universidade Federal da Paraíba. Foi uma forma de aperfeiçoar uma prática que eu já vinha desenvolvendo em Sobral (CE).
“Trupe” de palhaças que vieram a Brasília animar a tenda Paulo Freire e os corredores do evento
Foto: Paulo André Borges
(En)Cena – Como sua família encarou a empreitada?
Aldenildo – Só para você ter uma ideia, minha esposa e minha filha também tornaram-se palhaças (risos). Lá em casa ninguém faz cara feia. Descobrimos o deslumbramento provocado pelo riso, e a partir de então nunca mais o abandonamos de nossas vidas.
(En)Cena – Quais as linhas de atuação do projeto? Vocês são muito requisitados?
Aldenildo – Olha, lá em João Pessoa eles nos disputam a tapas (risos). Há uma agenda enorme, para que possamos atender e levar alegria para os pacientes e motivação para os colaboradores. O projeto também é uma forma de integrar os estudantes (da UFPB) no trato e no cotidiano da saúde pública. Inclusive os estudantes “fazem fila” para participar. Já são mais de 80 Palhaços formados no projeto, e as expectativas são as melhores. Quanto às linhas, há o foco no autocuidado no papel do cuidador, o desenvolvimento da sensibilidade no cuidado com o paciente, o cuidado e incentivo aos trabalhadores da saúde, dentre outros. Dentre os hospitais que visitamos com mais frequência, há o Hospital Universitário Lauro Wanderley, o Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira e o Hospital Padre Zé, além do Programa de Educação Popular em Saúde – PROGEPS.
(En)Cena – Como você define seu papel no projeto?
Aldenildo – Eu me considero uma pessoa feliz, realizada, porque além de fazer o que amo, faço com alegria, e levo a alegria para os meus colegas e pacientes. É uma prática que, confesso, não causa o menor cansaço, pois a transformação que percebemos nas pessoas, através de suas expressões faciais, é como um combustível para nós. É extremamente gratificante. Administrativamente falando, eu sou o coordenador do grupo.