Ana Paula de Lima Silva – ana.paulalms@rede.ulbra.br
Sabe-se que a dificuldade de aprendizagem é algo muito comum em sala de aula, é importante mencionar que quando se fala de dificuldade de aprendizagem, considera-se qualquer fator que pode influenciar no aprendizado de uma criança ou adolescente, as vezes questões sensoriais, auditivas ou até mesmo alteração no comportamental, isso engloba o todo incluindo problemas emocionais que esse indivíduo possa estar sentindo.
Pensando nesse assunto o (En)cena entrevista a Flávia Bezerra, psicopedagoga e supervisora Pedagógica de uma Escola Municipal em Palmas.
(En)cena – Você poderia compartilhar conosco um pouco da sua jornada profissional?
Flávia Bezerra: Chamo-me Flávia, sou formada em pedagogia, pós-graduada em psicopedagogia. Sou professora concursada pela Prefeitura de Palmas desde 2014 e desde então atuei na Educação Infantil e perpassei por turmas de 2° ao 5° ano. Atualmente estou como Supervisora Pedagógica de turmas de Educação Infantil e de turmas de 1° e 2° ano do Ensino Fundamental. Estou cursando o 5° período de Psicologia no Ceulp/Ulbra e cada dia estou mais apaixonada pelo curso.
(En)cena – Sabe-se que a dificuldade de aprendizagem é algo muito comum em sala de aula, como esse desafio é encarado na prática profissional de hoje?
Flávia Bezerra: A dificuldade de aprendizagem é um desafio comum enfrentado pelos professores em sala de aula. Para encarar esse desafio, muitos educadores utilizam diferentes estratégias de ensino, técnicas de aprendizagens e tecnologias educacionais para ajudar os alunos a superar suas dificuldades. Porém é uma luta árdua e muitas são as variáveis que levam a esses desafios e quase sempre o professor se percebe sozinho nessa caminhada.
(En)cena – Como é a participação das famílias dos alunos com dificuldade de aprendizagem no ambiente escolar?
Flávia Bezerra: A participação das famílias dos alunos com dificuldade de aprendizagem no ambiente escolar pode variar bastante, algumas famílias estão muito envolvidas e atuam como parceiras ativas na educação de seus filhos, enquanto outras são menos engajadas ou até mesmo ausentes, deixando a cargo da escola toda a responsabilidade do aluno sobre a escola. Além disso existem os pais que não aceitam que o filho tem alguma dificuldade, resistindo procurar por ajuda de profissionais qualificados, o que acaba interferindo diretamente no processo de ensino aprendizagem.
(En)cena – Na sua visão, as dificuldades de aprendizagem vivenciadas pelos alunos interferem no emocional? Como isso ocorre?
Flávia Bezerra: Sim, as dificuldades de aprendizagem vivenciadas pelos alunos podem interferir em seu bem-estar emocional. Isso ocorre porque o sucesso acadêmico é frequentemente associado a sentimentos de autoestima, confiança e realização, enquanto o fracasso acadêmico pode levar a sentimentos de baixa autoestima, frustação e desesperança.
Os alunos com dificuldades de aprendizagem podem sentir-se desmotivados e inseguros em relação à sua capacidade de aprender e realizar as tarefas escolares. Eles também podem enfrentar o estigma e a discriminação associados a suas dificuldades, o que pode afetar negativamente sua autoimagem e autoestima. Ainda vale ressaltar nesse contexto a falta de professores qualificados para atender esses alunos em sua especificidade, é ai que se percebe a diferença entre igualdade e equidade, o que prejudica o processo de ensino aprendizagem.
(En)cena – Ainda há muito preconceito com pessoas com déficit de aprendizagem e/ou atípicas, em sua opinião?
Flávia Bezerra: Infelizmente, ainda há muito preconceito e discriminação em relação as pessoas com déficit de aprendizagem e/ou atípicas. Isso ocorre em grande parte porque muitas pessoas ainda têm visões estereotipadas e limitadas sobre o que significa ter uma deficiência ou uma diferença de aprendizagem. No entanto existem, movimentos e iniciativas que estão trabalhando para combater esse preconceito e promover a inclusão de pessoas com deficiências e diferenças de aprendizagem. É importante que as escolas adotem práticas inclusivas que permitam a participação de todos os alunos, independentemente de suas habilidades. Também é importante promover uma cultura escolar que valorize a diversidade e a inclusão, que celebre as diferenças individuais e que desafie os estereótipos e preconceitos que podem levar à discriminação. O Brasil ainda tem muito o que avançar nesse quesito, e devem estreitar os laços em relação a igualdade e equidade.
(En)cena -E como é a procura por profissionais especializados que atuam nestes casos? Tem observado um crescimento?
Flávia Bezerra: Profissionais especializados como psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e pedagogos, são importantes para ajudar a identificar e tratar as dificuldades de aprendizagem dos alunos. Esses profissionais podem trabalhar em conjunto com os educadores e a família para desenvolver planos individualizados de ensino que atendem às necessidades específicas de cada aluno.
No entanto muitas famílias não tem acesso a esses profissionais, já que esses profissionais apresenta um alto custo financeiro que acaba sendo inviável para essas famílias. O acesso pelo SUS a esses profissionais acaba sendo mais burocrático, e muitas famílias não tem orientação e conhecimento para ir procurar os seus direitos. Portanto, é importante que os governos, as instituições de ensino e as organizações da sociedade civil trabalhem juntos para garantir que os alunos com dificuldades de aprendizagem tenham acesso aos serviços especializados de que precisam.
(En)cena – Quando se deparam com alunos com dificuldades no ambiente escolar, para quais profissionais costumam encaminhar? E Porquê?
Flávia Bezerra: Quando os professores se deparam com alunos com dificuldade de aprendizagem, a equipe pedagógica da escola chama os pais para uma conversa e explica que o aluno apresenta dificuldade incomum para a sua idade. Os pais são orientados a procurar um profissional para que possa ter um diagnóstico especifico que possa nortear o trabalho dos professores em sala de aula. Mas como já citado anteriormente, muitos pais são resistentes em aceitar e acabam procrastinando a busca por profissionais qualificados, e tem aqueles que esbarram na burocracia do atendimento pelo SUS. Resumindo, a maioria acaba demorando muito para apresentar um parecer ou diagnóstico do filho.