A dificuldade de aprendizagem e de relacionamento interpessoal em crianças e adolescentes pode advir de diversas causas e fatores, e podem deixar o indivíduo e sua família em uma situação de desorientação diante da complexidade do problema descoberto. Quando tal desafio é derivado de disfunções neurais devido a uma lesão neurológica de origem genética, congênita ou adquirida, entra em cena o profissional da neuropsicopedagogia, ou neuropsicopedagogo.
Com base nos processos de participação e de construção da autonomia, este campo de estudo visa aperfeiçoar, atualizar e qualificar a prática pedagógica inclusiva e interdisciplinar da educação especial.
Durante os dias 28 de fevereiro e 1º de março, no anfiteatro do Centro Educacional São Francisco de Assis, na Quadra 108 Norte, será realizado o 1º Seminário Neuropsicopedagogia e Educação. O evento tem por objetivo apresentar o campo de estudo e abrir as portas para os cursos de Neuropsicopedagogia Inclusiva e Clínica, que serão implantados na capital tocantinense pelo Centro Sul-brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-graduação (Censupeg).
Para iniciarmos a discussão sobre o tema e fomentar o interesse dos profissionais e estudantes realizamos uma entrevista com a coordenadora Educacional Regional do Censupeg no estado do Tocantins e Maranhão, Mayra Minohara.
Mayra Minohara. Foto: Acervo Pessoal
(En)Cena – Explique que curso(s) serão oferecidos pelo Instituto Censupeg em Palmas, e quando começam as atividades.
Mayra Minohara – Os cursos que oferecemos nas unidades descentralizadas são os de pós-graduação presencial, os primeiros cursos serão: Neuropsicopedagogia Inclusiva e Neuropsicopedagogia Clínica, os demais cursos vão ser ofertados de acordo com a demanda da cidade. Início das aulas de Neuropsicopedagogia Inclusiva serão dias 21 e 22 de março, no colégio Marista.
(En)Cena – Agora vamos entrar no campo teórico. O que é a Neuropsicopedagogia?
Mayra Minohara – Bem, a Neuropsicopedagogia é uma área de conhecimento e pesquisa que tem atuação interdisciplinar, voltada para os processos de ensino-aprendizagem. Ela ainda é considerada uma práxis, que é uma prática fundamentada em referenciais teóricos, e não uma ciência. Por isso entende-se como uma área de estudo das neurociências que objetiva a análise dos processos cognitivos, nas potencialidades pessoais e no perfil sócio-econômico, esse campo de estudo busca construir indicadores formais para intervenção clínica em educandos com padrões de baixo desempenho que apresentam disfunções neurais.
(En)Cena – O que se esperar deste curso de especialização? Qual o objetivo?
Mayra Minohara – Bem, a especialização visa formar profissionais capacitados para o exercício das funções docentes na educação básica no âmbito da perspectiva da neuropsicopedagogia clínica, com base nos processos de participação e de construção da autonomia. O objetivo maior é aperfeiçoar, atualizar e qualificar a prática pedagógica inclusiva e interdisciplinar dos profissionais que atuam ou têm interesse em abrir sua própria clínica, especialmente da educação especial.
(En)Cena – De forma prática, o que os profissionais e estudantes vão aprender neste curso de especialização?
Mayra Minohara – O curso visa capacitar os profissionais frente à compreensão do papel do cérebro do ser humano em relação aos processos neurocognitivos na aplicação de estratégias pedagógicas nos diferentes espaços da escola, que potencializarão o processo de aprendizagem. Deste modo, o profissional poderá intervir no desenvolvimento da linguagem, neuropsicomotor, psíquico e cognitivo do indivíduo. Portanto, a especialização proporciona a clareza política e pedagógica sobre questões educacionais e a capacidade de interferir no sentido de estabelecer novas alternativas no processo educativo para fomentar a inclusão de forma sistêmica, abrangendo educandos com dificuldades de aprendizagem, sujeitos a risco social.
(En)Cena – Em relação ao papel do neuropsicopedagogo, sua função seria então um acompanhamento pedagógico com foco em novas estratégias de ensino?
Mayra Minohara – O profissional com a especialização neuropsicopedagogia tem que estar em busca constante de conhecimentos sobre as anomalias neurológicas, psiquiátricas e distúrbios existentes, para desenvolver um trabalho de acompanhamento não apenas pedagógico, mas também cognitivo e emocional das pessoas que apresentem essas sintomatologias. Deste modo, portanto, o neuropsicopedagogo é um dos elementos mais importantes para desenvolver e estimular novas “sinapses”, para um verdadeiro processo ensino-aprendizagem.
(En)Cena – Qual o público-alvo do curso de especialização em Neuropsicopedagogia?
Mayra Minohara – Nosso público-alvo são os professores da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; gestores (diretores e coordenadores); supervisores e orientadores escolares, e profissionais graduados em Pedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, entre outros cursos de áreas afins.
(En)Cena – Para finalizarmos, em que locais os profissionais que adquirirem essa formação poderão atuar?
Mayra Minohara – A especialização em Neuropsicopedagogia Inclusiva ou Clínica permite ao formando o assessoramento técnico para instituições voltadas ao trabalho de Educação Especial Inclusiva, atendimento clínico ou, em mais recente proposta, no apoio ao trabalho com a Saúde Mental em escolas, clínicas e hospitais, entre outros.