Patrícia Sousa compartilha sua experiência no Programa “Melhor em Casa” e sua atuação na promoção do bem-estar do paciente em ambiente domiciliar

(En)Cena entrevista Patrícia Sousa, enfermeira, graduada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com Mestrado em Ciências e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Atualmente exerce a função de Diretora do Departamento de Planejamento e Gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Redenção-PA. Patrícia é especializada em Saúde Pública; Qualificação de Gestores do SUS; e Facilitadores em Educação Permanente em Saúde, além de ser uma referência importante quando se trata de programas governamentais especialmente o “Melhor em Casa”. 

Sua experiência em planejamento estratégico e gestão pública na área da saúde, a torna uma voz relevante na implementação e monitoramento de políticas de assistência domiciliar. Ao longo de sua carreira, Patrícia tem coordenado com excelência a execução de projetos voltados à melhoria da qualidade de vida da população, garantindo que os recursos sejam utilizados de maneira eficiente e que os pacientes recebam atendimento humanizado e adequado em seus lares.

Em sua entrevista para o Portal (En)Cena, oportuniza o conhecimento sobre como os programas de saúde do governo, como o “Melhor em Casa”, impactam diretamente a vida das pessoas. Com sua vasta experiência em gestão pública e dedicação à saúde, Patrícia oferece informações valiosas sobre os desafios e conquistas no cuidado domiciliar, revelando o que está por trás do sucesso dessas iniciativas e como elas podem transformar o atendimento à saúde na comunidade.

 

(En)Cena: Patrícia, é um prazer entrevistá-la. Vamos conversar um pouco sobre o programa “Melhor em Casa”, uma proposta de acompanhamento domiciliar. Para começarmos, gostaria de saber: Como funciona o processo de inclusão de pacientes no programa “Melhor em Casa”? Quais são os critérios para participar?

Patrícia: O programa “Melhor em casa” recebe todos os pacientes que tenham necessidade de acompanhamento no domicílio, porém existem alguns casos prioritários, pessoas que tiveram AVC por exemplo, que estão sequelados e precisam de um acompanhamento mais constante; pessoas com deficiência motora e problemas de locomoção; pacientes que passaram por cirurgias, que também precisam de acompanhamento ou algum procedimento como oxigenoterapia, passagem de sonda; pacientes com lesões na pele de qualquer tipo que precisam de curativos diários e acompanhamento, acabam por ser os pacientes prioritários pois precisam receber a visita da equipe multidisciplinar até em 2 ou 3 vezes na semana, a depender do caso. Mas o programa atende qualquer pessoa que necessite de acompanhamento em casa, isso enquadra muito os idosos e pessoas com doenças crônicas. O processo de inclusão de pacientes começa com uma avaliação médica, geralmente realizada em hospitais ou unidades de saúde, que identifica aqueles que podem receber cuidados no domicílio. Os principais critérios envolvem pacientes que precisam de acompanhamento contínuo, mas que não necessitam de internação hospitalar, como pessoas com doenças crônicas, em recuperação de cirurgias, ou em reabilitação. Além disso, é importante que o paciente tenha uma condição de saúde estável e um cuidador familiar que possa colaborar no dia a dia. 

(En)Cena: ⁠⁠Quais tipos de serviços de saúde o programa oferece e quais são os profissionais envolvidos nas visitas domiciliares?

Patrícia: A equipe multi oferece serviços de saúde no ambiente domiciliar, garantindo atendimento especializado e contínuo a pacientes com condições que exigem cuidados frequentes, mas que podem ser tratados fora do hospital. Os serviços prestados são vários e dependem da composição da equipe, mas estão entre acompanhamento médico, cuidados de enfermagem, fisioterapia, suporte psicológico e outros. Os profissionais envolvidos nas visitas incluem médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem e, dependendo das necessidades do paciente, assistentes sociais e nutricionistas. 

(En)Cena: Patrícia, um dos objetivos desta entrevista é entender ⁠⁠como o programa pode atender a comunidade e quem se encaixa como perfil de usuário. Assim sendo, como é realizada a avaliação inicial do paciente e o acompanhamento ao longo do tratamento?

Patrícia: A avaliação inicial do paciente é feita por uma equipe multiprofissional, que visita o paciente e faz um apanhado geral das condições de saúde, necessidades de cuidados e do ambiente familiar. Esse momento é muito importante para criar um plano de atendimento personalizado, que é o que vai definir a frequência das visitas e os profissionais envolvidos no caso de cada paciente. Ao longo do tratamento, o usuário do programa é acompanhado de perto pela equipe, que ajusta o plano conforme a evolução do quadro, e garante que ele receba os cuidados adequados e que a família também esteja orientada para participar do processo. 

(En)Cena: Como o programa contribui para a redução de internações hospitalares e para o bem-estar do paciente e da família?

Patrícia: O intuito do programa é justamente acompanhar o paciente no domicílio para que ele tenha uma certa qualidade de vida e consiga de certa forma no seu lar, ter o atendimento adequado, pensando inclusive numa ideia de humanização. Esse programa também vem como estratégia na diminuição de internações e ocupação de leitos em hospitais, pois muitas das vezes o paciente pode ser acompanhado em casa e está no hospital ocupando um leito que poderia servir para outro paciente em uma situação mais grave ou de maior vulnerabilidade, ao qual tem maior necessidade daquele leito. Buscar qualidade de vida, trazer conforto e bem-estar no domicílio, no ambiente de casa, da família, a fim de favorecer a reabilitação do paciente.

(En)Cena: Como o “Melhor em Casa” lida com emergências e mudanças no quadro clínico dos pacientes atendidos?

Patrícia: Quanto às emergências que o programa lida, depende muito do caso. A equipe do “Melhor em Casa” transporta alguns equipamentos que a depender da emergência, eles mesmos vão prestar os primeiros socorros. Quando não, a equipe encaminha o paciente entrando em contato com a ambulância ou SAMU. Esse atendimento vai ocorrer com certa prioridade por ter sido caracterizado como urgência pela equipe. Quanto às mudanças no quadro clínico, é de acordo com a necessidade do paciente, todo tipo de procedimento é administrado pela equipe, desde medicamentos via oral aos intravenosos – toda necessidade que o paciente demonstrar na hora da visita será atendida pelo Melhor em Casa que estará capacitada pra fazer, até porque é uma equipe de multiprofissionais com médico, enfermeiro, fisioterapeuta, entre outros. Quando o caso passa da assistência que o programa pode oferecer de imediato, a equipe conta com uma certa prioridade no encaminhamento do paciente a um segundo serviço da Rede Municipal de Saúde.

(En)Cena: Quais são as principais parcerias ou colaborações que o programa estabelece com outras unidades de saúde?

Patrícia: O programa Melhor em Casa faz parte da rede municipal de saúde, então tudo o que ele necessitar para dar prosseguimento ao atendimento do paciente dentro da rede, ele pode encaminhar. Exemplo: O CER, (Centro Especializado em Reabilitação), o CEO (Centro de Especialidades Odontológicas), o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), Hospital Municipal, que também pode ser a necessidade do paciente, entre outros. Quaisquer serviços da Rede Municipal de Saúde podem ser acessados pela equipe do Melhor em Casa para promover o bem-estar e saúde dos pacientes.

(En)Cena: Como os resultados do programa são avaliados em termos de impacto na saúde pública e na qualidade de vida dos pacientes?

Patrícia: Os resultados são acompanhados como todos os outros programas, a depender da gestão municipal de saúde. Tem gestão que faz a avaliação e manutenção dos programas de maneira quadrimestral, outras trimestralmente e assim por diante. Geralmente é feita a classificação de risco na ficha dos pacientes, que ao final do prazo determinado pela gestão, é reavaliada e registrada. Para o acompanhamento do paciente em casa, é feito um prontuário que fica sob os cuidados do mesmo (ou da família), onde a cada visita da equipe é feito um registro e todos os profissionais presentes assinam e escrevem os procedimentos executados naquele dia de visita, então é bem interessante pois na hora de fazer o acompanhamento e avaliação desse paciente, esse prontuário serve de instrumento para que se possa visualizar a evolução do mesmo a cada mês. Todavia volto a dizer, cada gestor vai especificar de acordo com seu município e demanda, qual a melhor forma de recolher e analisar e avaliar os resultados advindos da prática da equipe. Aqui onde resido (Redenção/PA) é feito de maneira quadrimestral através de um Relatório detalhado do Quadrimestre anterior (RDQA), no qual se avaliam todos os serviços de saúde do município, então se avalia tudo, inclusive o Melhor em Casa. Em termos de impacto na saúde pública, é muito positivo. É comprovado que o ambiente domiciliar do paciente pode contribuir em muito à sua recuperação, então a proposta do programa obtém em muito uma recuperação mais favorável do paciente, e em termos de números, o programa desafoga muito o Hospital.

(En)Cena: Como funciona a atuação dos psicólogos/profissionais da saúde mental no programa?

Patrícia: A atuação do psicólogo é de suma importância. Ter um paciente debilitado e acamado em casa, mexe muito com a estrutura psicológica dos familiares. Sem falar na parte física, a considerar que os esforços que envolvem o cuidado de uma pessoa acamada são muitos e diversos, causando muito cansaço, estresse e ansiedade nos cuidadores formais ou informais, então o acompanhamento com psicólogo a cada semana com escuta, orientação, acolhimento e trazendo para a família estratégias para promover a saúde mental da família e do paciente, é um diferencial na equipe. O psicólogo é tão importante quanto qualquer outro profissional no quadro da equipe e muitas vezes se torna a base para o bom desenvolvimento dos outros profissionais engajados no tratamento do paciente. Através das conversas e do acolhimento feito ali na hora da visita, a família se acalma enquanto os demais profissionais fazem seu trabalho com o paciente. O trabalho multi vai contribuir na evolução do quadro clínico como um todo.

(En)Cena: Expressamos nossa gratidão pela sua disponibilidade e contribuição neste momento. Gostaríamos de lhe conceder a oportunidade de deixar uma mensagem final para o nosso público do portal.

Patrícia: O Programa “Melhor em Casa” representa um avanço no cuidado humanizado, trazendo a possibilidade de tratar e cuidar de pacientes no aconchego do próprio lar, ao lado de seus familiares. Com uma equipe dedicada de profissionais da saúde, o programa oferece suporte contínuo e especializado, que garante ao paciente o tratamento necessário sem perder o conforto e a proximidade de seu ambiente familiar. Ao promover o bem-estar e fortalecer os vínculos afetivos durante o tratamento, o “Melhor em Casa” transforma a forma como cuidamos da saúde, levando acolhimento e dignidade a quem mais precisa.