Que a vida é feita de inúmeros desafios isso todo mundo já sabe, agora o que muitas pessoas podem não fazer ideia é de que, grande parte destes desafios começa bem antes do que imaginamos. É inserido nesse universo que o psicólogo Rafael Alvarenga lança seu livro “Meu Primeiro dia de Aula” que, retrata os desafios enfrentados pelas crianças na difícil missão de ir à escola pela primeira vez.
De forma lúdica, porém sem perder o viés do aprendizado, o autor narra os mistérios, alegrias e dissabores que envolvem o tema, auxiliando não só as crianças, mas principalmente aos pais sobre como conduzir a situação da melhor forma possível. Em entrevista ao Portal (En)Cena, Alvarenga nos conta um pouco mais sobre os desafios do primeiro dia de aula.
(En)Cena – Quais foram os aspectos vivenciados pelo autor, em seu cotidiano profissional que, influenciaram para a abordagem do tema de seu livro?
Rafael Alvarenga – Ver o sorriso de uma criança no momento da descoberta é um tesouro incomensurável. Desejar ver mais crianças com este brilho e vontade de aprender foi o que mais me motivou para instigar as crianças a gostarem da escola.
(En)Cena – Quais os principais desafios enfrentados pelas crianças em seu primeiro dia de aula?
Rafael Alvarenga – Crianças vibram ao aprender, mas sentem-se inseguras frente ao desconhecido. O primeiro dia de aula significa o encontro com muitos mistérios e novidades, além de um maior tempo longe dos pais e cuidadores. Os pais devem transmitir essa confiança aos filhos, para que os desafios sejam superados e o ambiente de aprendizado seja explorado em toda sua magnitude.
(En)Cena – Quais os principais receios dos pais ao deixarem seus filhos na porta da escola no primeiro dia de aula?
Rafael Alvarenga – Os pais receiam que os filhos sofram. Relacionado às dificuldades que a criança enfrentará em de se adaptar rapidamente as mudanças apresentadas pela rotina escolar. Por isso, algumas dessas mudanças na rotina precisam ser inseridas antes do primeiro dia na escola. Como horários para as atividades, contato com outras crianças e um tempo distante da supervisão direta dos pais.
Foto: Divulgação
(En)Cena – Que consequências podem resultar de uma experiência desconfortável, para a criança, nos primeiros dias de aula?
Rafael Alvarenga – Experiências iniciais ruins podem criar aversão ao ambiente escolar. E esta avaliação negativa pode ser de curta, média ou longa duração.
Temos exemplos, entre outros, de crianças extrovertidas que passaram a agir de forma mais tímida, não querendo contato com as outras crianças e professores. Crianças que ficaram agressivas, e ficavam mais agitadas e nervosas na hora que antecedia a ida à Escola. Crianças que choraram meses quando os pais se despediam, e as entregavam aos cuidados da professora.
Todos estes quadros podem ser revertidos com melhores e frutíferas experiências no dia-a-dia escolar, mas os pais devem estar atentos para que uma impressão ruim não se cristalize.
(En)Cena – O que o autor sugere como orientação para os pais de como agir em casos negativos no primeiro dia de aula dos filhos?
Rafael Alvarenga – As crianças tem grande capacidade de adaptação e transformação. Um dia ruim pode ser resignificado com brincadeiras e a presença dos pais ao chegar em casa. Uma boa orientação, indicando para a criança que existem dias ruins – mas os próximos serão ótimos, corrige o rumo da caminhada.
Os pais não devem fazer da experiência negativa algum muito grande, em vez de marca o fato de ser o primeiro, transforme apenas em uma “segunda-feira”. Respeitando, claro, a reclamação e sofrimento apresentado pelo filho. Mas trabalhando para que ele seja superado por uma semana de boas conquistas
(En)Cena – Existe por parte das escolas alguma preparação dos professores (orientações com psicólogos) a respeito de como lidar com uma criança em seu primeiro dia de aula?
Rafael Alvarenga – As melhores escolas realizam oficinas regulares. Com a finalidade de que seus profissionais estejam sempre capacitados e atualizados em como acolher, educar e ensinar as crianças. Infelizmente isto não é realidade em todas as escolas – cabendo ao próprio profissional a busca por técnicas mais adequadas. Os pais devem acompanhar e perguntar sobre estas práticas junto à escola que pretendem matricular seus filhos.
Sobre o autor
Rafael Alvarenga é graduado e mestre em Psicologia pela Universidade de Brasília. É empresário e voluntário nas áreas educacionais e de saúde infantil. Acredita que é possível mudar o mundo cuidando de crianças. Por isso escreve para elas. Nascido e criado em Brasília, participa ativamente de projetos culturais, principalmente atividades literárias, promovendo e valorizando o livro e a leitura. Escolheu a palavra para se comunicar com as crianças.