Com uma sólida trajetória acadêmica e esportiva, o profissional é Graduado em Educação Física , com especialização em Fisiologia do Exercício Físico e Educação Física Escolar , além de ser Mestrando em Políticas Públicas e Sociais na Educação . No campo esportivo, destaca-se como Treinador de Tênis de Mesa Nível 2 pela Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF) e Nível 3 (Iniciação, Formação e Alto Rendimento) pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) . Atua também como Formador Técnico Nacional e Mentor Júnior pela UNITM/CBTM. Sua atuação profissional é diversificada, abrangendo desde o setor público, como funcionário da Secretaria Municipal de Educação , até o empreendedorismo esportivo, sendo técnico head coach e proprietário da Chokito Tênis de Mesa . Além disso, exerce o papel de Professor Técnico da equipe de Tênis de Mesa do Instituto Reviver e do Centro de Referência Paralímpico do Tocantins e é Professor Universitário no curso de Educação Física do CEULP/ULBRA .
O que te motivou a entrar no esporte e seguir uma carreira em educação física?
A paixão pelo tênis de mesa e as competições me motivou a entrar no esporte e com isso foi natural o meu interesse em seguir uma carreira em educação física. Vi ali uma oportunidade de continuar no esporte sendo treinador da modalidade e pode continuar contribuindo com o esporte passando toda minha vivência e experiência como atleta na formação de novos atletas.
Ao longo de sua carreira como atleta, de que forma você viu o esporte contribuindo para o seu próprio autoconhecimento? Há algo que aprendeu sobre si mesmo ao enfrentar desafios físicos e mentais?
Em uma carreira de atleta seja da iniciação até o alto rendimento (principalmente), sem dúvidas tem muita contribuição positivas: aprender a ganhar e perder, saber dar o seu melhor sempre independente do resultado, ter resiliência em treinar duro todos os dias (isso não é fácil e é muito doloroso e sacrificante), ter sempre um objetivo para buscar e abrir mão de muitas coisas em prol desse objetivo, saber lidar com a pressão e com as adversidades.
Pra mim o que mais aprendi sobre mim mesmo ao longo desses muitos anos de carreira foi que a cabeça tem que está 100% bem, que meu psicológico pode me levar a ultrapassar todos meus limites, medos e pressão. E que sempre jogando me divertindo consigo chegar longe.
O esporte competitivo exige muito, tanto fisicamente quanto mentalmente. Quais foram as principais estratégias para lidar?
Isso é uma coisa que você vai construindo ao longo da carreira. Vai aprendendo a lidar com a mente, vai conhecendo seus medos e incertezas, é isso só se conquista participando de competições (aproveitando todo o processo de experiências) ou seja quanto mais competições jogar mais vai melhorar essa parte mental.
Quais técnicas você desenvolveu para enfrentar com a pressão e a ansiedade em competições?
Eu sempre procurei entender o que acontecia e procurava achar uma estratégia para melhorar na próxima competição. Antes dos jogos me concentrava num canto e mentalizava o que preciso fazer. Durante os jogos Conversar comigo mesmo sempre motivando e tentando me deixar confiante e firme. Tendo uma postura visual positiva mesmo quando estou perdendo (para que o adversário não veja que eu estou nervoso ou desmotivado) E no pós jogos tento refletir o que foi de positivo e de negativo no jogo.
Como você acredita que essas estratégias influenciaram e ainda influenciam sua resiliência fora do esporte?
Me tornaram uma pessoa mais forte e mais resiliente em tudo que faço. Todas minhas conquistas de vida fora do esporte(ambiente de jogo) eu sem dúvida sei que foi o esporte que me proporcionou, que me preparou para elas. Desde o ambiente escolar, concurso público e ambiente de trabalho.
Diante de sua carreira como atleta e profissional de educação física, quais foram os momentos ou experiências que mais moldaram sua visão sobre o papel do esporte na vida das pessoas?
Nossa, aí são muitos momentos até difícil escolher um só, o esporte é mágico, é incrivelmente transformador e proporciona momentos que ficam como um aprendizado de vida.
Como atleta destacou a final de equipes de um torneio internacional, onde o último jogo da equipe ficou na minha mão em decidir e era contra o time da casa (torcida em peso), só uma mesa em jogo e o adversário já tinha ganhado do nosso número 1 da equipe. Entrei nervoso pois era uma decisão importante e muita pressão da torcida adversária, só estava acontecendo esse jogo. Eu estava perdendo e consegui virar o jogo com muita garra e torcida dos meus companheiros foram estímulos para a vitória. Fomos campeões e o jogador adversário e sua equipe foram me dar os parabéns pelo jogo. Isso me marcou como um momento de superação e resiliência.
Como profissional de educação física destaco um que foi um aluno e sua mãe chegarem em mim e falarem assim: professor obrigado por tudo que tem feito em minha vida e consequentemente da minha família, se não fosse o senhor eu não estaria treinando, competindo e muito menos estudando para ser alguém na vida como o senhor. Hoje eu já estaria perdido na vida e nas ruas aí igual vários amigos meus. Isso sem dúvida é melhor do que qualquer título em competição.
Houve algum episódio específico que despertou seu interesse pela interseção entre saúde mental e atividade física?
Na minha época não se falava tanto em saúde mental igual se fala hoje. Esse assunto despertou interesse nas últimas capacitações nacionais que fiz e hoje venho estudando e trabalhando bastante com meus atletas, com alguns deles até indicando um trabalho por fora com um especialista (psicólogo ou Coach mental) para melhorar nosso trabalho.
Muitas vezes o público vê o sucesso e as conquistas dos atletas, mas não enxerga os desafios emocionais e psicológicos por trás disso. Pode compartilhar algum momento marcante em que sua saúde mental foi desafiada, e como você encontrou formas de superá-lo?
Teve alguns momentos que pensei em desistir do esporte, abandonar a carreira de atleta. Pois não estava conseguindo mais treinar com prazer, os resultados não vinham mais como o esperado e as responsabilidades de fazer uma faculdade e trabalhar estavam cada vez maiores. Dei uma pausa de 6 meses para poder entender e saber se era isso que eu queria, fui conversar com pessoas ao meu redor (família e amigos) e procurei um psicólogo para me ajudar nesse processo. E vi que o esporte era parte da minha vida e não conseguia me afastar e comecei a enxergar ele com outros olhos, com os olhos de atleta menos exigente e com o olhar futuro de treinador (onde decidi fazer educação física).
Em sua experiência, quais aspectos específicos do treinamento físico são mais eficazes para o bem-estar mental dos praticantes? Você acredita que há elementos do treinamento que são subestimados na promoção da saúde emocional?
Os aspectos cognitivos. Com certeza já elementos que são subestimados ou muitas vezes menosprezados ou com pouca importância.Os aspectos cognitivos sem dúvidas aliados com os elementos específicos da modalidade irão promover uma saúde mental e um bem estar no atleta.
O esporte pode exercer grande influência sobre a percepção corporal e a autoestima dos praticantes. Como você observou esses critérios e padrões ao longo de sua carreira, e o que considera saudável ou nocivo no impacto que o esporte exerce sobre a imagem corporal dos atletas?
Eu observei quando fui avançando meu nível técnico e enfrentando jogadores cada vez mais fortes e de seleção, via que precisava me cuidar mais para conseguir resultados. Vi que a preparação física e corporal era importante para que a técnica fizesse a diferença. Então comecei a cuidar do meu corpo e saúde fazendo atividade física e aeróbica fora do treino de mesa, Comecei a me alimentar melhor para manter o corpo em dia e ter força pra treinar. Comecei a me preparar melhor para não ter lesões, com isso comecei a fazer academia para fortalecer. Essas medidas são saudáveis e nocivas que o esporte exerce sobre nós.
Quais práticas de autocuidado você recomenda para atletas que desejam manter um equilíbrio entre a pressão dos treinos e competições e seu bem-estar mental? Alguma delas foi mostrada especialmente útil para você?
Ter uma boa relação com o treinador, para poder ter abertura para falar como está se sentindo no treino, no jogo ou até mesmo com algum problema fora ambiente de jogo que esteja te atrapalhando mentalmente a se dedicar ao esporte, isso é primordial nessa relação de confiança entre atleta e treinador. Segundo você entender que o treino é a parte mais árdua e que o jogo é a parte de divertir, fazer o que você treinou. Mas sempre comparando você com você mesmo, a cobrança tem que ser pela sua melhor versão sempre, pela sua melhor entrega em jogo sempre. Que os resultados são consequências dessas ações e que uma hora eles vêm. Não desistir. Seja seu melhor sempre
Com base em tudo o que viveu e aprendeu, que conselhos daria para atletas que estão no início de suas carreiras, especialmente sobre como preservar sua saúde mental ao longo do caminho? Como acredita que os profissionais de educação física podem contribuir para essa conscientização?
Conselho: viva todo o processo que o esporte lhe oferece, sem pressa, sem pular etapas, aproveite as derrotas sempre elas nos ensinam e nos fortalece, vibrar e comemorar cada vitória pois batalhou pra isso. E siga sempre sendo sua melhor versão o seu melhor a cada dia. A cobrança sempre deve ser essa. Eu acredito que os profissionais de educação física podem contribuir para esse processo, não cobrando do atleta seja campeão, não cobrando que ele aprenda sem você entender o porque ele não aprendeu ou sua dificuldade, não comparando seu desenvolvimento com os demais, pois cada um tem seu processo maturacional e cada um responde aos treinos de uma forma. E principalmente sendo próximo do seu atleta, conhecendo ele e construindo uma relação de confiança, de valores e princípios com ele.