O (En)Cena entrevista a acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra, Sônia Cecília Rocha, 66 anos, mineirinha, casada, mãe e avó. Sônia é uma mulher extrovertida, amorosa, comprometida com a excelência em tudo que se propõe a executar. Em uma breve apresentação pessoal a entrevistada pontua que já viveu uma fase onde se via guerreira de levantar bandeiras, gritar, brigar, chorar; era destemida e acreditava que poderia mudar o mundo.
O tempo passou, ela então se casou, vieram os filhos, eles cresceram e se foram, e nessa fase quando se viu sozinha e com a coragem se esvaindo entendeu que precisava reagir e iniciou o processo de graduação em psicologia. “Entreguei-me a este projeto, foi um imenso desafio, saí de um supletivo de um ano e meio, fiquei quarenta anos sem estudar, sem preparo fiz o Enem, e ingressei na faculdade. Teve momentos de extrema dificuldade, mas uma mulher forte ainda residia em mim. Como disse, dei a minha alma e aqui estou, vencendo esta etapa, que entre mortos e feridos, salvaram-se alguns, inclusive eu (risos)”, disse Sônia.
Confira este e outros detalhes na entrevista a seguir:
(En)Cena – O que te motiva a fazer psicologia já em uma fase mais amadurecida da vida?
Sônia Rocha – A síndrome do ninho vazio e a teimosia em não querer parar. O desafio de ir além. E Psicologia porque acreditava que faria sentido pra mim.
(En)Cena – Qual a área de atuação você pretende focar depois da formação?
Sônia Rocha- Pretendo explorar a área da psicologia forense, ainda não me decidi, mas a tendência é que seja como Psicólogo Perito Oficial Criminal.
(En)Cena – Qual dica você deixa para quem pretende cursar psicologia?
Sônia Rocha – Sonhe menos e estude mais. Só mudamos algo em nós mesmos e no mundo através de conhecimento.
(En)Cena – Que aspectos internos foram mobilizados em sua vida a partir do curso?
Sônia Rocha – A busca por conhecimento transforma nosso olhar em relação a tudo que nos cerca, nos faz ver não só as partes, mas o todo das questões que nos envolve. Hoje tenho mais segurança em quem eu sou, do que quero e de quando eu quero. O outro continua sendo importante para mim, respeito-os a todos, desde que respeitem a mim. Diria que aprendi a me bastar, a me gostar.
(En)Cena – Como é a experiência de conviver no curso com pessoas de diferentes idades e perspectivas?
Sônia Rocha – Esta troca foi bastante positiva em minha vida, diversidades me encantam, pensamentos diferentes, atitudes, posturas, culturas. É uma roda viva que nos motiva de várias formas. Quanto à idade, o tempo todo ela só foi um número, tanto a minha quanto a dos colegas.
(En)Cena – Quais os maiores desafios enfrentados na pandemia relacionado à formação acadêmica?
Sônia Rocha – Não senti grandes percalços, de verdade. Sempre gostei muito de casa, sou igual gato, amo meu canto, minhas escritas, minha privacidade. Que eu me lembre a tecnológica, a conexão sempre caindo foram sim, desafiadores. Quanto ao ensino, achei super de boa, nunca pesquisei tanto e consequentemente aprendi muito com isso.
(En)Cena – Qual mensagem você deixa para os nossos leitores?
Sônia Rocha – Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás para atravessar o rio da vida, ninguém, exceto tu, só tu. Em referência a Friedrich Nietzsche: “construa, de qualquer forma no início, vá aprimorando com o tempo, mas comece, não pare no tempo, senão ele te consome. Te engole. Apenas não pare”.