O presente relato de caso refere-se a um estágio desenvolvido no Serviço Escola de Psicologia- SEPSI, tendo início em setembro de 2017. De dezembro a janeiro de 2018 a clínica escola entrou em recesso acadêmico e os atendimentos foram suspensos. O atendimento retornou e finalizou em fevereiro de 2018. Foram realizadas 10 sessões de psicoterapia individual com durabilidade de 50 minutos cada uma, tendo por base a abordagem fenomenológica existencial; os atendimentos feitos pela estagiária foram supervisionados toda semana por uma profissional (psicóloga) da área responsável.
Num mundo carente de relações humanizantes, o trabalho do psicoterapêuta é fundamental (CARDELLA, 2006); cria-se através da relação terapêutica, a possibilidade da pessoa resgatar a conexão primordial religando a si mesma e aos demais, constituindo ou restaurando sua própria humanidade. Cardella (2006) coloca algumas atitudes fundamentais para que a relação psicoterapêutica (cliente/psicoterapeuta) seja verdadeira, são elas: abertura a alteridade, empatia, aceitação da vulnerabilidade humana e a amorosidade, esses atributos foram base para o atendimento do caso que será descrito a seguir.
Apresentação do caso
Um jovem, R.M (nome fictício), 23 anos de idade, acadêmico do último período de engenharia civil, mora com a mãe e com o pai. O cliente procurou o serviço de psicologia juntamente com o pai trazendo um encaminhamento do médico que declarou que o cliente necessitava de acompanhamento por estar apresentando anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) após o término de um relacionamento.
Acolhimento
Primeiro contato com o cliente, nesse encontro a estagiária procurou escutar e acolher as angústias do cliente para assim, entender e compreender qual o melhor encaminhamento a fazer de acordo com a demanda. No acolhimento foi onde o cliente apresentou-se bem comunicativo, relatou que tem uma relação bem harmoniosa com os pais e estes o apoiam em todos os aspectos. Naquele momento não trabalhava, sendo dependente financeiramente dos pais. R.M relatou que, o que lhe trouxe até a psicologia foi o sofrimento emocional por causa do término de um relacionamento que durou cinco anos. Depois de seis meses do término R.M se vê ainda sem aceitar a forma como tudo ocorreu, relatou que tudo andava bem, quando de repente “levei uma facada” (sic); para ele, foi uma traição da namorada com um amigo que era bem próximo, e que acompanhou o seu relacionamento desde o início.
Depois desse ocorrido ele se fechou completamente para novos relacionamentos, não quis mais sair com os amigos, abandonou as redes sociais e não conseguiu confiar nas pessoas, se isolou. O cliente percebeu então que isso o afetou e que não estava conseguindo focar nos estudos, seu rendimento abaixou, reprovou em algumas disciplinas por falta de prazer em se empenhar. R.M relatou que fazia de tudo para a satisfação da namorada e sempre deixava os seus desejos em último lugar, “tudo por ela” (sic).
O seu objetivo e expectativa é saber lidar com esses sentimentos, se desprender da raiva, da ansiedade e da tristeza que sente e principalmente voltar a ter prazer pelas coisas. O cliente foi encaminhado para psicoterapia individual para trabalhar questões relacionadas ao luto pelo fim do relacionamento, doação e dependência. Por já ter feito o acolhimento, deu-se continuidade com o mesmo na psicoterapia individual.
De acordo com Santos (2013) o indivíduo vai passar por experiências neste mundo real que necessitam serem “assumidas” por ele. Sobre isso, Rogers (2001) ressalta que para que haja um crescimento genuíno na pessoa é necessário inicialmente “assumir” o que deve ser “assumido”. “Muitas vezes, quando o cliente se apercebe de uma nova faceta sua, inicialmente a rejeita e apenas quando vivência um aspecto de si mesmo, negado até então, num clima de aceitação que pode tentar assumi-lo como parte de si mesmo” (ROGERS, 2001, p.196), para o autor esta posição de assumir seja qual for à ocasião, é de caráter prático e benéfico, pois, induzirá a pessoa a enfrentar realidades difíceis mediante aceitação, seria uma forma de atitude inicial em vista do desenvolvimento da personalidade.
Primeiro encontro
Foi feito o contrato psicoterapêutico, explicado que a psicoterapia é um processo de autoconhecimento e desenvolvimento, os resultados dependeriam do seu engajamento e comprometimento no processo, e como psicoterapeuta seria a facilitadora deste caminho.
Para que o processo seja efetivo, a postura facilitadora do psicoterapêuta deve ter base em alguns elementos colocados por Rogers (1983), primeiro: sendo congruente ou autêntico- respondendo de acordo com a pessoa real que é, sendo ele mesmo na relação; Aceitação incondicional- tratar o cliente sem julgamentos e preconceito seja qual for seus sentimentos e comportamentos, com atitude positiva e aceitadora e, ter empatia- se colocando no lugar do outro, percebendo o sentimento e significado das vivências individuais e comunicando isso ao cliente.
O cliente relata que a iniciativa pelo término do namoro foi da sua ex-namorada, que se fosse por ele continuariam juntos, R.M diz que não tem amor próprio e que fazia de tudo pela namorada esquecendo-se dele mesmo. Percebe-se neste primeiro encontro que o cliente esperava que a estagiária respondesse as perguntas sobre ele mesmo e quando as perguntas se voltavam para ele, ficava em silêncio.
Diante das falas do cliente foi possível perceber que se esvaziou de si mesmo e que nada importava nele, não procurou meios de fazer coisas que lhe agradassem, preza por agradar aos outros. Não consegue tomar decisões da sua vida sem consultar o pai o que demonstra certa dependência e falta de iniciativa, além de uma dependência amorosa. Diante do não posicionamento do cliente é possível perceber que tem atitude inautêntica, uma vez que vive em grande parte em função dos outros, deixando de existir e se omitindo.
A clínica revela que sofremos uma crise de valores e que muitas pessoas experimentam um enorme vazio afetivo e carecem de referências e sentidos para sua existência. Tempos de crise de acordo com Cardella (2006) oferecem oportunidades e desafios para o crescimento, a transformação, a ampliação da consciência humana, na direção da plenitude e da auto realização. Se soubermos utilizar a tensão criativa da crise poderemos dar um salto qualitativo na ampliação da consciência individual e coletiva e transformar o estado atual no mundo em que se vive.
Segundo encontro
Nesse R.M relata que passou a semana muito mal pelo fato de estar pensando em chamar ou não a ex-namorada para sua formatura. Relatou que tem medo de estragar o momento dele e da família, pois se a chamasse concerteza ela levaria o atual namorado e ele não saberia como reagir e acabaria desabafando o que estava sentindo (raiva) causando constrangimento. Neste momento foi aberta a possibilidade do cliente dizer como estava se sentindo em relação a isso, ele diz que “com muita raiva” (sic).
Com intuito de o cliente expressar seus sentimentos de raiva verbalizou com os olhos fechados tudo o que sentia em relação à ex-namorada e ao “amigo”, depois foi pedido que se colocasse no lugar de cada um dando a resposta as suas angústias e, toda vez que trocasse de papel também teria de trocar de posição para que a experiência ficasse mais clara. O cliente sentiu se a vontade para falar, se expressou de maneira intensa e com voz exaltada.
Foi possível perceber a raiva que o cliente sente em relação a tudo que aconteceu, a raiva é uma fase do luto, Kubber Ross (1996) estudou o fenômeno da perda e ela pontua as cinco fases do luto que se encaixa para qualquer forma de perda pessoal. A raiva de acordo com a autora é a segunda fase que “surge da necessidade da pessoa sair da fase de isolamento e negação”, junto com a raiva surgem sentimentos de hostilidade e inveja quanto aos ambientes e as pessoas, revolta e ressentimento percebido em R.M.
A forma de o cliente colocar a situação foi uma técnica expressiva utilizada para alcançar awareness (conscientização tornar-se presente). A técnica expressiva estimula o cliente a ser aquilo que ele é promovendo a integração de partes alienadas do psiquismo e favorecendo a diretividade da expressão removendo seus obstáculos. Quando é pedido para que o cliente feche os olhos e verbalize a raiva que sente, isso possibilita que ele expresse naquele momento o que queria falar para a ex, ou seja, um diálogo imaginário entre ele e a ex-namorada, mas com muito sentido.
O monodrama é uma técnica da Gestalt em que o cliente realiza de maneira alternada os diferentes papéis da situação por ele vivenciada (ele mesmo, a namorada, o amigo). Essa técnica facilita a encenação do próprio sentimento, para Perls (1998, p. 190) “a riqueza dessa técnica consiste justamente nas representações do significado de cada evento ou pessoa, por parte da própria pessoa, “contracenar” com outra pessoa significaria ter que lidar com a subjetividade desta e não com a própria, o que não ajudaria a promover a awareness”.
Terceiro encontro
O cliente relatou que devido à correria da faculdade em semana de provas, TCC e trabalhos acumulados se sente bem pressionado, mas, por um lado é bom, pois não a tempo de pensar em coisas ruins relacionados à ex-namorada. Foi pedido que desenhasse algo que faz bem para ele, o mesmo o desenhou em várias atividades diárias como dormir, comer, e em uma parte do desenho ele rodeado de pessoas. Sobre o desenho ele comenta que não está à procura de novas relações, mas que se vier até ele irá tentar uma interação, mas sente se inseguro para isso. A estagiária questiona ao cliente o que seria melhor para ele: se concentrar nas atividades e nas relações que o valorizam, ou nas relações que o fazem mal? O cliente responde como se as pessoas estivessem se fechando para ele, com isso voltamos na sua fala de sentir insegurança quanto a novas relações.
Quarto encontro
O cliente relatou sobre sua viajem na casa da vó, diz que viagem o faz muito bem e que nessa aproveitou bastante para tirar um tempo para si. O cliente retornou bem animado, relatou que está tentando esquecer a ex-namorada, “não é fácil” (sic). Neste encontro percebe-se que o cliente veio com um discurso mais diferente dos anteriores, se mostrou mais interessado e começou a perceber sua situação dizendo que precisa se valorizar e para isso precisa estar mais aberto às novas experiências.
O Acordo interno é colocado por Rogers e Kinet (1977), a pessoa evidencia um interesse e começa a buscar no processo de revisão, a modificação da sua autoimagem tentando a conexão entre a imagem de si e sua vivência. No decorrer do processo foi possível identificar que o cliente passou a assumir posturas e ideias cada vez mais compatíveis com sua forma de ser, “com o processo terapêutico, estas imagens passam a ser integradas no seu modo de sentir, agir e pensar” (GOBBI et al , 2005, p.18).
Quinto encontro
A sessão iniciou com algumas perguntas voltadas ao cliente, como se via no processo psicoterapêutico, como dar-se conta do seu momento presente? O cliente relatou que esta conseguindo focar nos estudos e levar a vida sem os sofrimentos que antes trouxera, disse ser difícil, mas voltou a usar as redes sociais depois de muito tempo parado por medo de ver registros da ex com o atual e sentir- se impotente. Na sessão o cliente parou de falar muito sobre a ex-namorada. Foi Voltado ao cliente se ele percebe um progresso, pois estava conseguindo se ajustar e manter o foco nas coisas importantes da sua vida, estava priorizando cada momento de uma vez e assim os resultados seriam notórios. O cliente relata que a única coisa que o mantem focado é a faculdade, e que, não pensa no que fazer depois de formar, não tem projetos de vida.
Foi possível ter um diálogo através dessa fala, mostrando a importância dele traçar esse projeto de vida, o cliente refletiu sobre o assunto. Houve um diálogo que suscitou em reflexões no cliente, Rogers (1983) e Miller (1997) enfatizam que a primeira condição para um diálogo genuíno é a autenticidade dos participantes, ou seja, a possibilidade da pessoa se guiar pelo que é sem querer parecer algo ou fingir algo que não é. A atitude do cliente em focar nos estudos pode ser vista como busca de equilíbrio ou simplesmente auto-regulação (homeostase), para Rogers o termo homeostase esta ligada a ideia de tendência atualizante, ou seja, crescimento, necessidade de realização.
A dinâmica das transações organismo-meio é descrita como um processo contínuo de surgimento de “figuras” motivacionais que mobilizam o organismo como um todo na sua percepção, orientação e ação. O que surge como figura é aquilo que o organismo necessita em do momento para satisfazer a necessidade mais premente e, assim, restabelecer seu estado de equilíbrio (TELLEGEN, 1984, p.48, apud GOBBY et al, 2005, p.46).
Sexto encontro
Foi utilizado o baralho das emoções com intuito de propiciar a tomada de consciência. O cliente separou as emoções que ele mais tem vivenciado nos últimos dias, foram: decepção, desespero, orgulho, raiva, cansaço, ansiedade, saudades, confusão, preocupação e desconfiança. Ambos os sentimentos estão relacionados ao término do relacionamento e a reta final da faculdade. O cliente achou difícil falar das emoções dele, a estagiária procurou um diálogo sobre as emoções que havia separado e as emoções ignoradas como: amor, alegria e esperança. O cliente começou a fazer uma carta sobre como ele se vê neste processo e não terminou, mas daria continuidade no próximo encontro.
Percebi que o cliente separou cartas mais negativas o que mostrou que estava em um momento difícil, de altos e baixos. Foi um momento em que me utilizei para ser autêntica com o cliente, então, voltei a ele se de fato ele não vivenciava o amor, alegria e se não tinha esperança com a sua família, com os amigos ao seu redor e consigo mesmo. Nesse momento houve um silêncio que foi respeitado pela psicoterapêuta.
Quanto ao silêncio “todos sabem, contudo, que o silêncio, a reticencia, é tão expressivo quanto às palavras” (AUGRAS, 2002.p.83), o silencio é útil, pois irá proporcionar que o cliente se perceba e olhe para si. Esse encontro proporcionou reflexões ao cliente, o mesmo disse ter sido difícil aquele momento de falar de suas emoções existentes. Erthal (1995) coloca que qualquer compreensão do homem surge, tendo por base, a compreensão de si mesmo, em face de conflitos existenciais.
De acordo com Rogers (1983) a autenticidade é muitas vezes definida como “transparência” do psicoterapeuta em relação ao cliente no instante da relação na direção de que não haja ocultamento de sentimentos ou vivências que digam respeito ao momento da relação, este ponto é importante de ser frisado, visto que, não se trata de total abertura à sua vivência imediata com o seu cliente.
Sétimo encontro
Nesse encontro o cliente leu a carta que escreveu na sexta sessão e foi falando sobre tudo que significava pra ele, não quis dar continuidade na carta, pois se fosse acrescentar algo a mais seria seus planos para o futuro e isso ele diz não ter. Esse foi o aqui agora do cliente. Neste encontro era perceptível sua dificuldade em traçar planos para a vida, foi onde o instiguei a pensar mais sobre isso, R.M começou a pensar sobre seus projetos e foi resgatando os planos que já tinha, mas que estavam enterrados relatou que sempre quis ir para fora do Brasil e que um dia iria colocar em prática seu projeto.
Oitavo encontro
O cliente se mostrou bem entusiasmado, relatou que se sentia mais leve e aliviado, pois havia naquela semana apresentado o TCC II e sido aprovado. Mostrou se bem alegre, quis explicar como aqueles momentos foram árduos tendo que passar ao mesmo tempo por uma decepção amorosa e as dificuldades acadêmicas, relata que reprovou em algumas disciplinas, mas que conseguiu recuperar e depois de tudo esta vendo que as coisas têm o seu lado bom, teve esperança nele mesmo.
Aqui se percebe o cliente tentando se ajustar criativamente, Yountef (1987, p.14, apud Cardella, 2006) define ajustamento criativo como “o relacionamento entre o indivíduo e seu meio no qual há responsabilidade da pessoa em reconhecer e conduzir de modo bem sucedido sua própria vida, além disso, é capaz de criar condições vantajosas para o seu bem estar”.
Percebi neste encontro a necessidade de escuta do cliente, de acolher as suas conquistas, de mostrar que estava interessada no seu crescimento pessoal. O cliente relata que está vivendo a melhor fase no âmbito acadêmico e percebe que isso o influencia nas outras áreas.
Os organismos estão sempre em busca de algo, sempre iniciando algo, sempre “prontos para alguma coisa”. Há uma fonte central de energia no organismo humano, essa fonte é uma função do sistema como um todo, e não de uma parte dele. A maneira mais simples de conceitua-la é como uma tendência a plenitude, à auto realização, que abrange não só a manutenção, mas também o crescimento do organismo. (ROGERS, 1983, p.44).
R.M é um cliente que expressa bastante os seus sentimentos, Rogers (2001) assinala que, “numa situação de terapia o cliente sente se cada vez mais capaz de expressar seus sentimentos (verbal ou não verbalmente)”. Essa expressão de sentimentos esta diretamente relacionada às suas percepções, é a verbalização ou expressão corporal da vivência de um sentimento o que permite transformações organísmicas e a potencialização das capacidades inerentes da pessoa (ROGERS, 2001).
Conforme Wood et al (1994) quando o psicoterapêuta favorece o desenvolvimento da personalidade e serve de catalisador para a tendência atualizante a alguns atributos e características que como facilitador o psicoterapeuta deve utilizar-se que são base, como: valorizar a capacidade e a potencialidade de cada indivíduo; estabelecer uma atmosfera favorável composta pela compreensão, empatia e tolerância; criar um clima no qual se evita julgamentos ou críticas ao cliente procurando aceita-lo incondicionalmente a partir de seu referencial; perceber o indivíduo na sua unicidade e particularidade respeitando sua individualidade e seu movimento interno (seu ritmo); confiar na capacidade do cliente para solucionar problemas; ser autêntico e estar presente na relação.
Nono encontro
Retorno dos atendimentos após recesso acadêmico, o cliente voltou formado em engenharia civil e queria compartilhar a sua conquista e felicidade. Primeiro, disse que estava muito bem e que as férias o fizeram muito bem, “possibilitou pensar e respirar” (sic). Relata com todo entusiasmo que conseguiu passar pela pior fase da faculdade e que se formou. O cliente quis mostrar um vídeo do momento da colação de grau e se emocionou ao rever. R.M diz que acha não ter mais motivos para vir à psicoterapia, pois se sente resolvido consigo mesmo e decidiu viver de uma forma mais autêntica e determinada, quer ir atrás dos seus projetos, sonhar e realizar. Ressalta ainda que não é mais afetado pelo sentimento de antes e que, já consegue falar do acontecido sem que se desestruture.
Percebi e senti que R.M estava preparado para seguir sem a psicoterapia, o cliente teve um desenvolvimento pessoal e emocional muito grande, isso se percebe quando fala dos seus sentimentos abertamente, coisa que antes não acontecia. Este foi um momento de várias reflexões de ambas as partes psicoterapeuta e cliente. A alta proposta pelo cliente é vista como atitude de autonomia, ou seja, um funcionamento do indivíduo que ocorre de forma independente, auto governável e auto determinável de acordo com a capacidade de reger-se a partir dos valores por ele estabelecido, consiste em uma independência pessoal (ROGERS, 1983).
Décimo encontro
O último encontro com o cliente foi feito uma retrospectiva de como ele havia chegado, do seu desenvolver e de como estava saindo naquele momento, o cliente concordou com os pontos colocados e agradeceu por ter o guiado a este caminho e ter ampliado a sua visão. Por fim coloquei o cliente frente a um espelho para verbalizar ao antigo R.M tudo o que passou e todo o significado para ele e depois, verbalizar ao R.M do aqui e agora como este se vê e como se tornou para que não se esqueça de que atravessou o sofrimento e dele cresceu, tornou-se algo para ele mesmo, uma pessoa que se importa consigo mesmo e sente prazer nas coisas mais simples como sair com os amigos, acessar e interagir nas redes sociais, seguir a vida com autonomia e tomada de decisão.
A estagiária deixou alguns lembretes em forma de carta que diziam frases para tomada de consciência como: “Não diminua você mesmo”; “Você não tem controle de tudo”; “Saiba se perdoar errar faz parte”; “Ninguém te ama melhor que você”; “Não se desespere, perder-se também é caminho”. O cliente teve alta e esta decisão ocorreu em comum acordo entre cliente e psicoterapeuta, mas a iniciativa partiu do cliente R.M.
Referencias:
AUGRAS, Monique. O ser da compreensão: fenomenologia da situação de psicodiagnóstico. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
CARDELLA, Beatriz Helena Pacanhos. A construção do psicoterapeuta na atualidade. Revista da abordagem gestáltica. Vol. XII, num. 2. dez. 2006. P.109-117. Online.
CASTANHO, Elisabeth Rodrigues. Psicoterapia como um processo: imagem de si na abordagem centrada na pessoa. Monografia. 2007.
ERTHAL, Tereza Cristina Saldanha. Treinamento em psicoterapia vivencial. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
GOBBI, Sergio Leonardo et al. Vocabulário e noções básicas da abordagem centrada na pessoa. 2. ed. São Paulo: Vetor, 2005.
KUBLER ROSS, Elisabeth. (1996). A morte: um amanhecer. São Paulo: Pensamento.
MILLER, A. (1997). O drama da criança bem dotada. São Paulo: Summus.
PERLS, Frederick; HEFFERLINE, Ralph; GOODMAN, Paul. (1998). Gestalt terapia. São Paulo: Summus.
SANTOS, Elismar Alves dos. Psicopatologia a existência à luz da fenomenologia. 2013. Disponível em: https://anaiscongressofenomenologia.fe.ufg.br/up/306/o/ElismarAlves.pdf
ROGERS, C. R. Tornar-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
ROGERS, C. (1980). Duas tendências divergentes. Em: May, R. (Org.). Psicologia existencial. Porto Alegre: Ed. Globo.
ROGERS, C. R. (1983). Um jeito de ser. São Paulo: EPU.
ROGERS, C.R; KINGET, G.M. (1977). Psicoterapia e relações humanas. Belo horizonte: Interlivros.
WOOD, J.K et al. (1994). Abordagem centrada na pessoa. Vitória: Editora fundação Ceciliano Abel de Almeida/ universidade federal do Espirito Santo.