Estou acostumado a viver em uma rotina fechada, uma vida de estudos e trabalhos. Mas é por meio dos desafios que a gente cresce, e aprende a viver com alegria e educação.
Recebi um desafio esse semestre na faculdade: desenvolver um projeto para mudar a vida de um público, às vezes esquecido pela indústria. Foram semanas refletindo, até que então pensamos no Deficiente Visual (DV), e assim começou a nossa aventura no mundo dos DVs.
Queria entender como é viver de olhos fechados, queria aprender a viver assim. Comecei a perceber que o mundo parou para os deficientes visuais. Existem tantas tecnologias sendo lançadas: celulares a prova d’água; robôs que fazem faxina… Há pouco tempo vivenciamos uma Copa do Mundo cheia de tecnologia, bilhões sendo gastos, e nada de avanço na vida desses guerreiros: os deficientes visuais.
Com objetivo de desenvolver o projeto da faculdade, eu e os demais integrantes do meu grupo começamos a prestar atenção em tudo que envolvia o universo dos deficientes visuais. Realizamos entrevistas com alguns DV pedindo ajuda para tentarmos chegar cada vez mais perto da sua realidade.
Estamos tão acostumados a enxergar, que de vez em quando não enxergamos nada! Estamos sempre correndo, sempre atrasados e não notamos a quantidade de pessoas pedindo ajuda no centro da cidade. Ah! Quando muda a roupa do manequim daquela loja, todo mundo para pra ver, ver… Ver coisas irrelevantes, que não vão agregar em nada, ajudar em nada, apenas a si mesmo.
Foi pensando na independência do deficiente visual, que começamos a elaborar nosso plano de ação. Notamos que até existe um mercado para o D.V., mas não é acessível. Então veio a ideia de juntar a tecnologia com a acessibilidade.
Escolhemos a empresa Google para representar e ajudar a produção, ela que já criou um par de óculos com uma espécie de computador embutido: o Google Glass, por que não criaria algo igual para ajudar outro público, que não é do seu seguimento.
Que tal um par de óculos com realidade aumentada? Um tipo de óculos que através de satélite, localizaria o D.V. e indicaria através de notificações aonde ele deve seguir com seu trajeto, avisando sobre buracos, postes, paredes, ruas, etc. Serviria como um GPS, levaria o usuário ao seu destino, sem precisar ficar pedindo informações na rua. Está sendo um grande desafio, mas acreditamos que podemos fazer a diferença!
Durante o desenvolvendo deste projeto fiquei cada vez mais interessado em ajudar o próximo. Em um país em que o governo é cego, surdo e mudo, acho que deveria existir mais atenção para esses deficientes, aliás, deficientes? Deficientes são aqueles que têm problemas? Segundo o dicionário brasileiro, deficiente é a “insuficiência orgânica ou mental”. Uma palavra tão forte, que ao dizer machuca o coração.
Deficiente é aquele que não olha para o próximo, deficiente é aquela pessoa egoísta que não se preocupa com o próximo e só pensa na roupa nova do manequim! Hoje estou muito feliz, e agradecido pela oportunidade de poder estudar melhor a vida do meu irmão, e poder ajudar de alguma forma.
Agradeço de coração a Carla Fernanda Silvestre, que tanto me ajudou, e está ajudando. Agradeço a minha equipe, Leandro Clemente, Rodrigo Mattos, Maicon Biondo, Laís Acquaviva e Jocimara Souza, que sem eles nada disso teria acontecido.
O mundo precisa abrir os olhos, e enxergar todos com igualdade e educação. O meu projeto de integração dos deficientes visuais na sociedade vai ser apresentado na ESAMC Sorocaba, e espero transmitir esse sentimento a todos que irão assistir. Obrigado pela atenção, e espero poder voltar no final do ano e dizer: A mudança começou!