Autonomia: a busca pelo êxito

Muitas pessoas desejam ter autonomia financeira, emocional, em tomar as próprias decisões. No entanto, qual é o conceito de autonomia, que está em diversos contextos na vida de cada um? Conforme Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001), autonomia significa independência administrativa em relação a um poder central, liberdade moral ou intelectual, faculdade de um país administrar suas próprias leis; ou seja, a autonomia pode ser entendida como independência sobre algo, em determinado contexto, como a autonomia financeira, em não precisar a recorrer a empréstimos para pagamento de dívidas.

De acordo com Paiva (2006) definir autonomia não é uma tarefa fácil, principalmente, porque existem variados contextos para sua aplicabilidade. Segundo Paiva, na perspectiva de Dickinson (1987), a autonomia nunca está sozinha, mas sempre associada a algo, como exemplo, estudar sozinho, já está inserido nos próprios livros de estudos, que servem como guias.  Sendo assim, estudar sozinho “não é necessariamente sinônimo de autonomia, pois muitas das decisões sobre a aprendizagem e seu gerenciamento já se encontram inseridos nos materiais.

Em um sentindo mais simplificado, Holec (1981) define autonomia como a habilidade de responsabilizar-se pelo próprio aprendizado.  Enquanto Little (1991) aponta que autonomia é a “capacidade de planejar, monitorar e avaliar as atividades de aprendizagem, e, necessariamente, abrange tanto o conteúdo quanto o processo de aprendizagem”. Em uma analogia com as tarefas do cotidiano, a autonomia se traduz como o desejo de ter uma independência sobre determinado assunto, e por meio de um aprendizado direcionado o indivíduo passa a ser livre para tomar suas próprias decisões.

Bronfenbrenner (1996) aponta que os ambientes mais próximos da pessoa, “como a escola, os amigos, os vizinhos e os avós, exercem um papel importante no desenvolvimento do indivíduo, bem como a aquisição da autonomia”. O pesquisador infere o conceito desta, no que tange a fase da adolescência, momento oportuno para desenvolver a autonomia como um processo de vida, como, ser autônomo em suas escolhas profissionais, amizades e independente em suas emoções, por exemplo.

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Para Reichert e Wagner (2007) a autonomia pode ser entendida “como a capacidade do sujeito decidir e agir por si mesmo”. Segundo os autores, o desenvolvimento da autonomia, bem como sua aquisição de habilidade exercem influência “do contexto em que o jovem se desenvolve”. Assim como eles, Bronfenbrenner (1996) também trabalha o assunto na fase da adolescência, em que o indivíduo é bombardeado por diversas informações pelas redes sociais, e por isso a necessidade de desenvolver essa prática.

Morin (1996) entende que a autonomia é “construída pelo próprio indivíduo, na medida em que existe uma relação de seu mundo interno, de sua própria auto-organização, com as condições externas em que ele se desenvolve”. Isto é, para ter essa capacidade, a pessoa precisa construir em si mesma suas próprias conclusões acerca de determinados assuntos a qual está inserida socialmente, o que seria o sentido externo proposto por ele.

Em uma perspectiva familiar Ríos González (2005) explica que os pais exercem um papel fundamental na construção da autonomia dos filhos, no sentindo de criar indivíduos livres para enfrentar os desafios cotidiano oriundos da vida, bem como ter sua própria opinião.  E para isso, o autor afirma que é imprescindível que os pais saibam ouvir os próprios filhos, bem como respeitar a individualidade de cada um cultivar sua liberdade e o poder de expressar a afetividade.

A autonomia realmente tem uma definição muito ampla, por isso torna-se um assunto tão complexo para ser analisado de forma superficial, por isso faz importante trazer várias observações diferentes para ter um olhar mais apurado sobre o assunto. Diante disso, é preciso atentar que esse conceito precisa ser levado em consideração desde a infância no sentindo de os pais criarem filhos autônomos em suas opiniões, forma de pensar, para que estes não sejam influenciados pelas redes sociais, e em determinados grupos os quais estão inseridos; pois essa autonomia leva a independência e a liberdade de tomar suas próprias decisões.

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Referências

BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001).

DICKINSON, L. Self-instruction in language learning. Cambridge: Cambridge University Press (1987).

HOLEC, H. Autonomy and foreign language learning. Oxford: Pergamon (1981).

LITTLE, D. Learner autonomy: definitions, issues and problems 1. Dublin: Authentic(1991)

MORIN, E.; PRIGOGINE, I. et al. A sociedade em busca de valores. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.

PAIVA, Vera. Autonomia e complexidade. Disponível em <https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/rle/article/viewFile/15628/9815>. Acesso: 19, de nov de 2021.

Reichert, C e Wagner,A. Considerações sobre a autonomia na contemporaneidade(2007). Disponível em: <https://www.redalyc.org/pdf/4518/451844615004.pdf> Acesso: 19, de nov de 2021.

RIOS GONZÁLES, J. A. Los ciclos vitales de la família y la pareja: ?crisis u oportunidades?. Madrid: Editorial CCS, 2005.