Desafios éticos na ludoterapia

A infância é um processo dialético, isto é, passível de transformações e mudanças, e para que ocorram essas modificações a criança passa por várias fases e em cada uma delas a mesma ocupa diferentes lugares nas relações humanas. (VYGOTSKI, apud ARCE, 2004). ALudoterapia é um procedimento psicoterápico para tratamento infantil, através da ação de brincar, usando brincadeiras, jogos, brinquedos, os quais a criança brincando projeta seu modo de ser.

O terapeuta observa e interpreta suas projeções para compreender seu mundo interno e a dinâmica da sua personalidade. O objetivo da ludoterapia é proporcionar um espaço de construção de novos significados das experiências vividas pelas crianças dentro de um processo de intervenção psicológica. O brincar da criança, de acordo com Vygotsky, possibilita a construção dos signos psicológicos, a apropriação do mundo externo e a construção da representação interna do meio externo.

O CEULP/ULBRA oportuniza o acadêmico de Psicologia entrar em contato com as práticas profissionais do psicólogo,para desenvolver a capacidade de observar, descrever, analisar, interpretar e orientar os problemas de origem psicológica, tais como: cognitivos, emocionais, comportamentais e ecológicos, visando abranger aspectos sócio-político-econômicos, dentro de uma formação generalista.

Fonte: https://bit.ly/2ynweQq

Ao início do processo terapêutico é esclarecido aos pais e responsáveis como se dará o acompanhamento da ludoterapia e como se trata a assistência dos estagiários com as crianças. É colocado que a sala tem um vidro onde todo o atendimento será observado por estagiário do CEULP/ULBRA e é firmado um combinado entre os pais e a professora orientadora quanto a presença das crianças e a procedência diante de faltas.

Também colocado à disposição dos pais a possibilidade de procurar professora orientadora para eventuais conversas sobre os filhos, bem comoencaminhamentos para grupo de orientação de pais, encaminhamento médico, tudo que vá promover a saúde e bem-estar destas crianças, como é previsto no código de ética do profissional psicólogo (2005, p. 8).

“Art. 1º – f) fornecer, a quem de direito, na prestação de serviçospsicológicos,informações concernentes ao trabalho a serrealizado e ao seu objetivo profissional; g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação e serviços psicológicos, transmitindo somente o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o usuário ou beneficiário; h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a partir da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado, os documentos pertinentes ao bom termo do trabalho; ”

Diante de identificação de casos violência, abuso ou quaisquer outros atos que comprometam a saúde física e mental das crianças, os alunos juntamente com a professora, não devem ficar alheios, fazendo a tomada de decisão de intervenção para o cuidado desta criança. É assegurado ao profissional psicólogo que faça uso de intervenções maiores, como intervenções judiciais e civis para denunciar os atos citados no artigo 2º do código de ética: “Art. 2º – a) praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizemnegligência, discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão; ”.

Fonte: https://bit.ly/2JXzNBe

No final do semestre letivo é dever do acadêmico produzir um relatório para a instituição com base no que foi aprendido na prática pré-profissional. Este relatório deve respeitar o código de ética (2005, p.13) no que diz respeito ao sigilo profissional: “Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissionala fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidadedas pessoas, grupos ou organizações, a que tenhaacesso no exercício profissional. ”

Esta primeira experiência coloca o acadêmico a par da necessidade de respeito que cabe dentro da atuação clínica, mesmo que de início sua atuação tenha sido de observação, o acadêmico aprende a ter um olhar mais seguro de como deve agir dentro de uma psicoterapia em grupo e individual, pois a professora mostra em todos os méritos a melhor forma de agir diante dos casos. A mesma se preocupa com toda a organização do atendimento, desde a roupa que os acadêmicos estarão usando até o contato que eles terão com estas crianças. É uma oportunidade de experiência riquíssima que aproxima os acadêmicos da pratica profissional somado ao aprendizado da conduta ética que o profissional psicólogo deve ter.

REFERÊNCIAS:

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA.LEI NO 5.766: Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília, 2005. 18 p. Disponível em: <http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf>. Acesso em: 06 set. 2016.

VIGOTSKY, L.S. A formação social na mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos. São Paulo: Martins Fontes, 1984

Ludoterapia como um Vygotskiano faz. Disponível em: <http://www.ipaf.com.br/arquivos/artigos/ludoterapia.pdf>. Acesso em: 7 set. 2016.