Uma rotina intensa de treinos, assim explica-se o cotidiano de um atleta de alto rendimento para alcançar seu objetivo, que é a vitória na modalidade a qual atua. Uma preparação cronometrada de exercícios físicos, dieta balanceada e muita dor física. Mas quando a dor é emocional, o que fazer? Esse ano, o mundo acompanhou de perto o drama da ginasta mais famosa dos últimos tempos, a norte-americana Simone Biles, que por decisão abandonou a participação nas fases de alguns aparelhos, em prol de sua saúde mental, nas Olimpíadas de Tóquio.
Conforme entrevista aos veículos de comunicação, a ginasta disse não estar bem para competir nas finais de aparelho. Segundo a jovem, sua cabeça estava fora do lugar, enquanto estava saltando, e poderia sofrer um acidente, durante a execução do salto. Sua atitude levou o mundo inteiro, a refletir sobre a necessidade de cuidar da saúde mental, e mesmo, atletas profissionais, acostumados a rotinas exaustivas de treinos precisam parar, no intuito de equilibrar as emoções. Simone deixou o recado, cuide de sua mental, pois o não cuidado interfere no desempenho profissional, independe de qual seja o trabalho.
Ribeiro (2020) alerta que muitos atletas não cuidam da sua saúde mental motivadas pelo estigma, falta de conhecimento sobre o assunto e a sua influência no rendimento desportivo, bem como pela percepção da doença mental como uma fragilidade. “A maioria das organizações desportivas continua a descurar a importância do investimento na prevenção, identificação e intervenção precoce na psicopatologia dos atletas de alta competição” (Ribeiro, 2020). Nesse sentido, a postura de Biles, veio para questionar esse descaso das delegações com seus atletas, e mostrar para o mundo que, eles, também, têm suas fragilidades, seus questionamentos e dores.
Perturbação do sono, depressão, suicídio, ansiedade, compulsão alimentar, déficit de atenção, hiperatividade, bem como transtorno bipolar são os transtornos mentais mais decorrentes em atletas profissionais, informou a Declaração de Consenso do Comitê Olímpico Internacional (2019). Um alerta assustador, segundo o comitê, os sintomas depressivos em atletas variam entre 4 a 68%.
O que seria um atleta de alto nível? (Bäckmand, Kaprio, Kujala, Sarna, 2009) explicam que o alto nível é como uma atividade física extenuante e prolongada, para a qual os atletas precisam estar preparados para enfrentar uma série de fatores estressantes, no intuito de aprimorar, e alcançar os resultados esperados. E para dar conta de todas essas atribuições, o profissional precisa estar em dia com a saúde mental, caso contrário irá desenvolver algum transtorno mental, como relatou o Consenso 2019.
A atividade física é um excelente aliado para auxiliar no equilíbrio da saúde mental, já o desafio dos atletas profissionais é conciliar, de forma saudável, a rotina puxada dos treinos com sua saúde mental, no sentido de equilibrar os níveis de estresse, até porque eles são cobrados pela comissão técnica e pela torcida de seus países. No mais, todos querem é ver o atleta de seu país, brilhar no pódio, ao som do hino nacional de sua respectiva bandeira.
Referências
Bäckmand H, Kaprio J, Kujala U, Sarna S. Physical activity, mood and the functioning of daily living. A longitudinal study among former elite athletes and referents in middle and old age. Arch Gerontol Geriatr Suppl.(2009)
Portal G1 Notícias . O desafio da saúde mental dos atletas. Disponível em < https://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/blog/psicoblog/post/2021/07/29/o-desafio-da-saude-mental-dos-atletas.ghtml>. Acesso: 21, de out, de 2021.
Revista Eletrônica, Abril. O caso Simone Biles nas Olimpíadas e a saúde mental no esporte. Disponível em < https://saude.abril.com.br/blog/saude-e-pop/a-saida-de-simone-biles-das-olimpiadas-e-a-saude-mental-no-esporte/> Acesso 21, de out de 2021.
Ribeiro, Flávia. Doença Mental em Atletas: a utilização de instrumentos de rastreio e a importância da detecção de fatores de riscos(2020). Disponível, em https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/128399/2/411774.pdf; Acesso 21, de out, de 2021.
Reardon CL, Hainline B, Aron CM, et al. Mental health in elite athletes: International Olympic Committee Consensus Statement (2019).